Eu participei do campeonato de dança e conquistei a medalha de prata. A professora me olhou com um certo pesar. — Se você não tivesse engravidado e tivesse treinado durante aquele período, com certeza teria levado o ouro. Apesar disso, eu estava satisfeita. Ganhar a medalha de prata já era uma prova do meu talento. Quando desci do avião, Perseu estava me esperando com um buquê de flores:— Parabéns, pobrezinha! Quem diria que você realmente ganharia um prêmio. Agradeci sinceramente a ele. Se não fosse por Perseu, que expôs o caso de suborno de Yona, eu jamais teria conseguido participar da competição.— É a mim que cabe agradecer. Sem você, eu não teria nenhuma chance de competir. Um sorriso apareceu nos olhos de Perseu:— Só agradecer com palavras não vale. Que tal me convidar para jantar? — Claro, sem problema. Não só um, posso pagar dez jantares. Você me ajudou tantas vezes quando eu era criança, é o mínimo que posso fazer para retribuir. Achei que fosse só uma brincad
Depois da cirurgia, eu descansei por duas semanas. Assim que tive alta, a primeira coisa que fiz foi entrar em contato com minha antiga professora de dança e pedir para participar do campeonato de dança.— Mas os participantes já foram definidos. Sua vaga foi dada à sua irmã na época. — Disse a professora, com uma expressão de pena.Suspirei profundamente e perguntei:— Professor, não tem mesmo nenhuma outra maneira?— Tem, mas só existe uma última opção: você terá que desafiar alguém que já tenha vaga no campeonato. Se você vencer, a vaga será sua.Quando cheguei ao estúdio de dança, a professora estava conduzindo um treino. Ele me olhou e disse: — Siga meus movimentos. Quero ver se você perdeu os fundamentos nesses meses de gravidez. Eu segui os exercícios de recuperação e, ao final, perguntei sobre o desafio. — Já enviei sua inscrição. O desafio está marcado para daqui a uma semana. Treine bastante e não me envergonhe. No dia do desafio, descobri que a pessoa que eu enfrenta
Como esperado, assim que meus pais chegaram ao corredor do hospital, Yona correu e se jogou nos braços de minha mãe, chorando como uma vítima indefesa.Meus pais, que haviam parado por um momento ao me verem internada, logo lançaram olhares frios em minha direção.— Yarin, foi só doar um pouco de sangue e agora está aí fingindo estar doente? Saia já desse quarto, cancele essa internação e volte para casa para fazer sopa e cozinhar para sua irmã! — Disse minha mãe, me inundando de insultos como se ainda não estivesse satisfeita.Yona então sussurrou algo no ouvido dela, e o rosto de minha mãe escureceu imediatamente:— Eu exijo que você peça desculpas para Yona agora! Como você teve coragem de dizer aquelas coisas para ela?Ao ouvir isso, não consegui me segurar. Soltei uma risada irônica. Naquele momento, percebi que não sobrava mais nada dentro de mim por eles.— Por que eu deveria pedir desculpas? Eu disse alguma mentira? Se ela, Yona, tem coragem de fazer o que faz, por que eu não p
Ruben balançava a cabeça como um louco. Ele ergueu os olhos, perdidos e confusos, em minha direção, como se procurasse algo para rebater. Mas uma única frase minha foi suficiente para deixá-lo sem palavras:— Se esse filho fosse realmente único para você, Ruben, você não teria ignorado ele desde o início. Não teria me forçado a doar sangue, nem preferido fazer uma canja para a Yona em vez de olhar para nós.Assim que terminei de falar, a porta do quarto foi empurrada. Yona entrou aos prantos, com aquele ar de vítima que ela sempre fazia questão de exibir.— Eu sabia que a irmã me odiava. Se ela me odeia tanto, por que doou sangue para mim? Era melhor me deixar morrer de uma vez, do que viver sendo desprezada desse jeito.Enquanto falava, os olhos de Yona nunca deixaram Ruben. Sempre que ela fazia esse tipo de cena, Ruben imediatamente corria para defendê-la. Mas agora, ele próprio parecia perdido, sentado no chão, com a mente em frangalhos.Eu não escondi meu desprezo. Olhei para Yona
— Desculpe, senhor, mas o tipo de cirurgia é uma informação confidencial da paciente. Temos o dever de proteger sua privacidade.A resposta da enfermeira não satisfez Ruben.Ele continuou insistindo, enquanto gotas de suor começavam a brotar em sua testa:— Eu sou familiar da paciente! Tenho o direito de saber que tipo de cirurgia ela está fazendo!— Se o senhor é mesmo familiar, deveria saber qual é o procedimento. Não temos obrigação de informar.Sem conseguir uma resposta, o pânico dentro de Ruben só aumentava.Ele correu até a porta fechada da sala de cirurgia e começou a socá-la com toda a força.— Abram a porta! Abram agora!Os olhos de Ruben estavam vermelhos, e imagens daquele breve momento em que viu meu rosto antes de eu ser levada para a sala de cirurgia invadiam sua mente.Mas a cirurgia já havia começado, e era impossível interrompê-la. Dois seguranças chegaram e o retiraram à força do corredor.Deitada na cama, com meu corpo entorpecido pela anestesia, eu ainda conseguia
Eu segurei o nó na garganta, ergui a cabeça e não deixei as lágrimas caírem enquanto perguntava a Ruben:— Você sabe que eu estou grávida e que acabei de doar 400 mililitros de sangue, certo? E agora você quer que eu vá para a cozinha fazer comida para a Yona?A expressão de Ruben, que antes parecia conciliadora, logo escureceu. Ele respondeu com impaciência:— Que enrolação! É só cozinhar uma refeição, precisa de tanto drama? E daí que você doou 400 mililitros de sangue? Se o médico tivesse permitido, eu teria pedido para ele tirar mais! Eu o encarei, incrédula. As lágrimas que eu tentava segurar finalmente escorreram pelo meu rosto.— Então é isso que eu sou para você? Apenas uma ferramenta? Por que você se casou comigo, Ruben?Ele hesitou por um momento, seus olhos demonstrando um leve traço de culpa. Parecia que estava prestes a me consolar, mas o toque do celular interrompeu qualquer tentativa.A voz frágil e chorosa de Yona veio do outro lado da linha:— Eu estou tão mal, cunha
Eu ainda ouvi o que Ruben disse. Deitada na cama, respirei com dificuldade. Sem perceber, meus olhos ficaram vermelhos. Conheci Ruben durante um espetáculo de música e dança. Eu era dançarina no palco, e ele, o músico da apresentação. Foi o professor quem nos apresentou. No momento em que o vi pela primeira vez, fiquei encantada com a forma como ele se dedicava à música. Durante um ensaio, quase caí do palco por descuido. Foi Ruben quem se jogou para me amparar, evitando que eu me machucasse. Ele acabou quebrando o pé direito. Naquela época, eu tremia de medo, mas ele me abraçou e me tranquilizou: — Por que está assustada? Não vou pedir para você me compensar. Além disso, mesmo que eu perca o movimento da perna, isso não vai mudar minha vida. Mas você é diferente. Se quebrar a perna, isso pode afetar sua carreira para sempre. Foi por causa dessas palavras que eu me apaixonei perdidamente pela gentileza dele. Mas agora percebi que sua dedicação à música não significava lealdad
Ruben havia ido embora e não tinha dado nenhuma notícia. Eu o esperei do dia até a noite, mas ele não voltou.A fome tornou-se insuportável, e, mesmo me sentindo fraca, fui até a cozinha para preparar algo para comer.No fogão havia uma panela, que abri instintivamente para dar uma olhada. Claro, era apenas canja. Restavam alguns pedaços de carne de segunda, como pescoço e pés de galinha. As melhores partes do frango haviam sido levadas por Ruben, nem um pedaço tinha sobrado.Parei por dois segundos, depois ri sozinha, sem saber exatamente o que ainda estava esperando.Com um pouco de água, cozinhei um pouco de macarrão e adicionei molho de tomate.Foi nesse momento que Ruben voltou. Ele me viu saindo da cozinha, cambaleando, com uma tigela de macarrão nas mãos, e franziu levemente as sobrancelhas.— Você está grávida e come só isso? Como isso pode ser nutritivo? — Disse ele, aproximando-se e me ajudando a sentar na mesa de jantar, puxando gentilmente a cadeira para mim.Olhei para ele
— Sra. Yarin, tem certeza de que quer abortar? O Sr. Ruben, como você sabe, tem problemas de fertilidade. Se você tirar essa criança, ele poderá nunca mais ter outro filho. Uma vez feito o aborto, não há como voltar atrás! — Disse o médico, olhando para mim com incredulidade, enquanto mostrava o relatório médico de Ruben.— Sra. Yarin, o fato de você ter conseguido engravidar do Sr. Ruben já é considerado um milagre médico. Eu realmente recomendo que você pense melhor sobre isso... — Continuou ele, tentando me convencer.— Não precisa. Pode prosseguir com o aborto. — Interrompi com calma, sem alterar minha expressão.Se ninguém se importava com essa criança, por que eu deveria arriscar minha vida para trazê-la ao mundo, apenas para vê-la sofrer?Depois de marcar a cirurgia, voltei para a mansão de Ruben. Ele estava saindo da cozinha, carregando uma marmita. Quando me viu voltar, claramente debilitada, ele não parou nem por um instante. Apenas disse, em tom indiferente:— Deixei uma can