No fim de semana, Rafael levou Isadora ao cemitério para visitar o túmulo de Aline.— Aline, mamãe veio te ver...Isadora se agachou diante da lápide e passou a mão com delicadeza pela foto, enquanto as lágrimas escorriam livres.Rafael ficou ao lado, em silêncio, observando a cena com o coração apertado. Pôs o braço em volta dos ombros dela, oferecendo um carinho silencioso.Eles permaneceram ali por um bom tempo, até o pôr do sol, quando decidiram ir embora.No caminho de volta, ao passarem pela frente do hospital, acabaram avistando Olavo e Tereza caminhando devagar pelo corredor.Apesar de ainda estar um pouco pálido, Olavo já parecia melhor. Tereza andava colada a ele, os dois num clima de intimidade evidente.Ao ver essa cena, Isadora foi tomada por uma mistura de sentimentos. Ela mesma não sabia ao certo se era tristeza... ou alívio.Rafael percebeu a mudança no semblante dela e apertou sua mão com firmeza.Olavo também os viu. Por um instante, ficou paralisado, tomado por um se
Olavo franziu a testa, irritado:— Que boatos são esses?O acionista respondeu, hesitante:— Estão dizendo que o senhor... que talvez não tenha muito tempo de vida.Olavo explodiu:— Que absurdo! Eu estou ótimo, oras!O acionista tentou aliviar:— Que bom, que bom. Mas, para garantir a estabilidade da empresa, o ideal é que o senhor volte logo para retomar o controle.Olavo disse, seco:— Já entendi. Vou voltar o quanto antes.Desligou a chamada e jogou o celular com força para o lado, fechando a cara.Quem era o infeliz que estava espalhando esse tipo de fofoca na empresa?Deitado na cama, encarava o teto sem ânimo. Tudo na empresa parecia fora de controle, e ele já não sabia mais por onde começar.Tereza estava sentada ao lado da cama, descascando uma maçã com calma, enquanto puxava conversa com desinteresse aparente:— Olavo, você já está internado há dias... quando vai poder sair daqui?A voz dela era doce, quase infantil, o que só aumentava a irritação de Olavo, que só queria silê
Tereza perguntou, magoada:— Olavo, o que está acontecendo com você? Antes você não era assim comigo... por que agora me trata desse jeito?Ele respondeu, seco:— Vai descansar. E para de me encher.As lágrimas escorreram dos olhos dela antes que conseguisse segurá-las. Não esperava que Olavo pudesse ser tão cruel.Chorando, Tereza saiu correndo do quarto.Marcos viu quando ela passou pela porta e só conseguiu suspirar.Se aproximou da cama, tentando apaziguar a situação:— Sr. Olavo, tente se acalmar... a Srta. Tereza só estava preocupada com o senhor.Mas Olavo estava irritado, com o estômago roncando e o humor ainda pior:— Some da minha frente também! Não quero ver ninguém!Marcos revirou os olhos sem conseguir disfarçar.Depois de tantos anos ao lado de Olavo, não esperava ser tratado assim. Aquilo esfriou seu coração.— Tudo bem, estou indo. Descanse bem.Saiu do quarto com calma, fechando a porta com cuidado.Olavo ficou deitado, encarando o teto. O silêncio ao redor parecia ain
Olavo disse, fechando os olhos e dispensando qualquer conversa:— Estou cansado, quero descansar um pouco.Tereza viu a cena e, sem ter o que fazer, enxugou as lágrimas e saiu do quarto lançando olhares para trás a cada passo.Quando Marcos voltou para o quarto, Tereza já tinha ido embora.Ele olhou para Olavo deitado na cama e, por dentro, não parava de resmungar.Como se já não bastasse o trabalho na empresa, ainda tinha que cuidar desse “patrãozinho”. Que azar!Olavo abriu os olhos e encarou Marcos:— Onde você estava? Demorou demais.Marcos colocou a sopa em cima do criado-mudo:— Fui comprar algo para o senhor comer. O médico disse que o senhor só pode ingerir alimentos leves, então comprei a sopa.Olavo olhou a sopa com cara de nojo e torceu o nariz:— Isso tem gosto só de tempero artificial... horrível, não vou comer isso.Marcos perguntou, já se preparando para mais trabalho:— Então o que o senhor gostaria de comer? Posso ir buscar.Olavo pensou por um instante. Então, se lemb
Isadora olhou para Rafael com um sorriso doce, sentindo uma onda de calor no peito.Ela pensava que, se tivesse conhecido Rafael antes, tudo teria sido diferente.Mas, naquele mundo, não havia “se”, só resultados e consequências.Agora, só podia valorizar o que tinha e aproveitar cada momento ao lado dele.Depois de fazerem as compras, voltaram para casa, e Rafael foi direto para a cozinha preparar o jantar.Isadora se sentou no sofá da sala, observando Rafael se mexer entre panelas e temperos, se sentindo feliz.Pensou que talvez fosse suficiente viver assim, simples, ao lado dele, apreciando os momentos tranquilos da vida.Do outro lado, Olavo chegou em casa e sentiu um incômodo ao ver o ambiente vazio e silencioso.Ele se lembrava da época em que Isadora ainda estava ali: tudo sempre limpo, organizado, cheio de vida. Agora, o silêncio e a desordem dominavam o lugar, como se a energia tivesse sumido com ela.Ele se sentou no sofá e, pela primeira vez, começou a duvidar das escolhas q
Ele não conseguia parar de pensar em Isadora: na sua doçura, no cuidado, em tudo que ela fez por aquela casa.Olavo se sentou de repente na cama. Não podia continuar assim.Mas, ao olhar para o lado e ver a cama vazia, percebeu com um aperto no peito: Isadora já não estava mais ali.Caiu de costas no colchão, vencido por um vazio. Uma lágrima escapou do canto dos olhos.Era ridículo. Foi ele quem a afastou... que direito tinha de querê-la de volta?Enquanto isso, Isadora estava na cozinha, testando uma receita nova.Queria preparar algo especial para Rafael.Do batente da porta, Rafael observava a movimentação dela com um sorriso leve no rosto.Perguntou, em voz suave:— Isinha, o que você está aprontando aí?Ela respondeu sem se virar:— Estou testando uma receita nova, quero fazer algo diferente para você.— Não precisa se preocupar tanto assim. Eu como qualquer coisa.Ele se aproximou, quase estendendo os braços para abraçá-la, mas desistiu no último segundo.Ela retrucou:— Que con