Mag-log inÍris ficou entre emocionada e divertida: — Nina, desde quando é a visita que acompanha a dona da casa até a porta?— Não tem problema, Dona Íris, a senhora fica quietinha aí. — Luiza sorriu, sem se importar nem um pouco. — Daqui a pouco eu subo de novo pra tirar as agulhas.O carro preto já estava parado no jardim, pronto para sair, e os empregados já tinham colocado a bagagem no porta-malas.Quando Luiza acompanhou Nina até a porta, ela sentiu, sem entender muito bem por quê, a mesma sensação de estar se despedindo de alguém da própria família para uma viagem longa: — Então… Quando é que você volta de novo?— Voltar? — Nina pensou por um instante. — Esse ano, dificilmente. Mas você tá mais do que convidada pra ir pra Cidade B quando quiser.Por causa da posição que ela ocupava, cada deslocamento de Nina precisava passar por aprovação “de cima”. Aquele período mais longo de férias tinha sido, na verdade, fruto de muita negociação da parte dela.Um traço de decepção passou pelo olha
Ethan não sabia nem direito como ele tinha saído da Mansão dos Soares.Ele, naquele momento, já não conseguia nem se importar com o bebê na barriga da Gabriela. A cabeça dele estava tomada por uma única pessoa: Luiza.O jeito como Luiza tinha passado mal, no dia em que ela comeu a comida preparada pela Maia, era praticamente o mesmo tipo de enjoo que Gabriela tinha sentido hoje.E a desculpa que Lilian tinha inventado pra ajudar Luiza era exatamente igual à que Gabriela tinha usado agora: problema no estômago.Guiado mais pelo instinto do que por qualquer lógica, Ethan acabou indo direto para o consultório onde Luiza trabalhava.Mas ele não encontrou Luiza. Ele encontrou Raul.Raul franziu a testa: — Você tá procurando a Luiza?Ethan confirmou com um aceno: — Tô. Você sabe onde é que ela tá?— Ela já foi embora. — Raul nunca tinha nutrido simpatia por ele, então o tom saiu bem frio. — E ela não tem obrigação nenhuma de me dizer pra onde vai. Como é que eu ia saber onde ela tá agora
Ethan, afinal de contas, era filho de sangue. Como ele tinha um intervalo livre na hora do almoço, ele aproveitou para passar em casa.Naquele momento, era exatamente a hora da refeição da família Soares.Dona Paula estava sentada na cabeceira. Rebeca e Gabriela ocupavam os lugares à esquerda e à direita, e, à primeira vista, a cena até parecia harmoniosa.Mas assim que Ethan apareceu, a harmonia acabou.O rosto de Rebeca fechou na hora: — Você não disse que queria cortar relações comigo? Veio fazer o quê aqui em casa?— Para de falar besteira. — Dona Paula, que raramente perdia a calma, bateu o garfo com força na mesa. — Mesmo que alguém fosse romper com alguém aqui, essa casa ainda seria do Ethan. Ele é que é o verdadeiro herdeiro dos Soares.Rebeca e Gabriela tomaram um susto.No fundo, Rebeca só estava engolindo em seco o fato de o filho que ela mesma tinha criado ficar defendendo uma estranha com tanta veemência.Mas, do jeito que Dona Paula falou, ela não poupou a nora em nada.
Manuela guardou para si aquela estranheza que ela tinha sentido e subiu direto. Ela foi até a sala de Luiza, achou a porta meio aberta, bateu de leve e perguntou, num tom bem doce: — Luiza, você já tá saindo?Luiza tinha acabado de tirar o jaleco para ir embora. Ela sorriu: — Tô, eu ia sair agora. O que a senhora tá fazendo aqui? A senhora não veio pegar receita faz dois dias?Depois de duas fórmulas, o corpo de Manuela já tinha melhorado visivelmente.Como ela já tinha terminado o que Luiza tinha passado, Luiza também não pretendia receitar mais nada. Remédio em excesso nunca era boa ideia.— Eu vim te trazer comida. — Manuela fechou a porta, andou até a mesa e abriu a marmita. — Eu pensei que, sempre que você termina o turno, você acaba comendo qualquer coisa no horário do almoço. Então hoje eu fiz questão de preparar uma sopinha e dois pratos que você gosta. Agora que você tá grávida, você não pode continuar se tratando de qualquer jeito.Manuela tinha desistido de brincar de cu
Miguel, na verdade, tinha apresentado os dois com uma frase que Raul jamais esqueceu: — Luiza, esse é o Raul de quem eu te falei. Depois você dá uma força pra ele. Ele não nasceu com grande talento, mas tem um bom coração.Ser “apadrinhado” por uma caloura deixara Raul completamente sem reação na época. Luiza, por sua vez, tinha enfiado uma agulha nele, num ponto qualquer, com a maior tranquilidade, e ele se rendeu na hora.Acupuntura parecia simples para quem via de fora, mas quem entendia do assunto precisava de uma única agulha para medir o nível de quem estava aplicando.A técnica de Luiza era do tipo que ninguém enxergava o fundo. Aquela qualidade de toque com a agulha, Raul só tinha visto nas mãos de Miguel.— É mesmo? — Osvaldo sorriu de leve e emendou. — Ah, lembrei de outra coisa. Eu ouvi seus pais comentando que você e a doutora Luiza estão trabalhando juntos num remédio contra o câncer. Como é que tá esse projeto?— Tá indo… — Raul começou.Por ser amigo antigo dos pais, R
Manuela lançou um olhar de lado para ele: — Você já não tá com namorada? Vai se preocupar com a vida dos outros pra quê?Não adiantava o que ele oferecesse, ela não ia contar a verdade.Os três primeiros meses de gravidez eram os mais delicados. Se acontecesse qualquer imprevisto e a criança não viesse ao mundo, todo mundo ainda assim ia saber que Luiza tinha engravidado.Manuela, por mais moderna que fosse em muita coisa, naquele ponto ainda tinha a cabeça um pouco antiga. No fim das contas, aquilo dizia respeito à reputação de Luiza.Gustavo, ao ver a seriedade dela, acabou rindo baixo: — É um segredo tão grande assim? Vale mesmo a pena esconder desse jeito?— Também não é nada demais, só quero que você pare de alimentar ideias com relação a isso. — Manuela bocejou, escancarada. — Tá, eu tô com sono. Se você quiser ficar mais um pouco, fica. Se não, pode ir indo.Ela não deu o menor sinal de que queria segurar Gustavo ali.Quanto a empurrar ele pra cima de Luiza de novo, Manuela,







