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Capítulo 8

Author: Perara
Dante sentou-se ao meu lado.

Em poucos minutos, os pratos à frente dele já estavam completamente cheios, arrumados por minha mãe, que pegava comida sem parar enquanto comentava preocupada:

— O trabalho no hospital deve estar muito puxado, não é? Olhe só, você está ainda mais magro.

As palavras de elogio ao genro continuavam sempre as mesmas. Ela, no entanto, parecia ter esquecido que Dante não comia tomate. Notei a leve contração em sua sobrancelha e, sem pensar duas vezes, peguei os talheres e tirei os tomates do prato dele.

Laura, percebendo, esboçou um sorriso forçado enquanto dizia, constrangida:

— Veja só, eu não sou nem um pouco tão atenciosa quanto a Zia.

Com um leve suspiro, Dante foi direto:

— A senhora nos chamou aqui hoje para tratar de algum assunto específico?

Laura lançou um olhar rápido na minha direção antes de sorrir com ar despreocupado:

— Que assunto poderia ser? Só fazia muito tempo que a gente não se via. Queria reunir vocês dois para um jantar.

Depois de dizer isso, ela me olhou novamente, sugerindo com o olhar que eu brindasse com Dante.

Normalmente, eu teria ajudado Dante a sair dessa situação. Afinal, ele era cirurgião e sempre evitava álcool. Porém, ao lembrar da cena no aniversário de Liz, algo dentro de mim mudou de ideia.

Passei os dedos pelo cálice de vinho e, ao entregá-lo a Dante, arrastei as palavras de propósito:

— Marido, vamos tomar uma taça de vinho?

Vi a leve contração na pálpebra de Dante. Quando nossos olhares se cruzaram, curvei meus lábios em um sorriso desafiador, sem a menor intenção de recuar.

— Meu turno começa cedo amanhã. — Ele recusou, com uma justificativa impecável. — Fica para outro dia.

Era exatamente a resposta que eu esperava, mas isso não impediu que ela me magoasse. Na noite do aniversário de Liz, Dante também tinha "ido ao hospital". No fim das contas, era só mais um lembrete de que eu, como esposa apenas no papel, valia muito menos do que os outros para ele.

Senti um aperto no peito. Peguei o cálice e virei o vinho de uma só vez.

Laura, surpresa com minha atitude, tentou amenizar:

— Beber um pouco é bom, mas cuidado para não exagerar.

Sim, porque se eu exagerasse, atrapalharia os planos de ter um filho.

Dei um sorriso amargo antes de encher a taça novamente:

— É raro o Dr. Dante tirar um tempo da agenda para jantar comigo. Claro que preciso aproveitar.

Depois de falar, levei o cálice novamente aos lábios, mas, antes que pudesse beber, Dante segurou minha mão, interrompendo o movimento.

— Beber demais vai te fazer mal. — Ele disse, com a voz grave, enquanto apoiava o braço nas costas da minha cadeira de forma protetora. — Que tal se eu ficar com você esta noite?

Ele olhou diretamente nos meus olhos enquanto falava, e a sinceridade aparente no olhar quase me fez acreditar que ele realmente se importava.

Era uma atuação impecável.

Laura, ao testemunhar a cena, sorriu de orelha a orelha e disse, satisfeita:

— Então aproveitem para comer mais. Quanto antes terminarem, mais cedo podem ir para casa.

O jantar terminou de forma apressada. Antes de sairmos, minha mãe me entregou a caixa com a lingerie, insistindo:

— Durante a intimidade, tente ficar por cima. É mais fácil para engravidar assim.

Senti tamanha vergonha que só queria desaparecer no chão.

Seguimos em silêncio até chegarmos ao nosso prédio. Para minha surpresa, Dante me acompanhou até o apartamento.

Com o efeito do álcool começando a subir, eu lutei para manter o equilíbrio enquanto digitava o código da porta. Errei duas vezes, e o sistema indicou "senha incorreta".

Dante se aproximou e, com alguns movimentos rápidos, abriu a porta. Soltei um suspiro de alívio e entrei junto com ele. Porém, assim que dei alguns passos, Dante parou repentinamente. Sem conseguir frear a tempo, acabei esbarrando nele.

Dei um passo para trás, mas senti sua mão firme segurando minha cintura. Olhei para baixo e vi os dedos dele, fortes e definidos, enquanto uma leve sensação de calor subia pela minha orelha.

Engoli em seco, nervosa, e levantei os olhos para encará-lo. A respiração dele era pesada, e o movimento do pomo de adão indicava que ele também estava lutando para manter o controle. Quando meus olhos encontraram os dele, vi neles uma chama intensa, quase impossível de ignorar.

A caixa que eu segurava escorregou das minhas mãos. A lingerie preta e as meias-calças provocantes escaparam parcialmente da embalagem, ficando à vista de nós dois.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Dante me empurrou para longe. Sem equilíbrio, tropecei e caí perto do armário de sapatos na entrada.

A dor foi imediata.

Confusa, olhei para ele, mas seu olhar estava escurecido, carregado de raiva.

— Então essa é a peça que você e sua mãe decidiram montar? — Ele perguntou, a voz fria e repleta de desprezo.
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