Acordei ao pé da escada da porta da minha casa, meio zonzo, me levantei atordoado olhando para todos os lados e fazendo barulho ao encostar nas tábuas da minha parede. Olhei pra floresta e para os arbustos, para o caminho abarrotado de neve e para o lago congelado na parte do lado da minha casa.
- O que houve? - Minha mãe escancarou a porta, provavelmente por causa do barulho.
- Eu acho que estou ficando louco - Disse-lhe. Ela me mandou entrar, não antes sem perguntar onde minha capa estava e só então eu me toquei de que estava sem ela.
- Eu não sei...Eu - Respondi entrando em casa, buscando o conforto e o calor da minha cama. Tremendo. Por sorte, minha mãe não notou as marcas de garras em meus braços.
Por que ele não me devorou? Como eu cheguei aqui?
Estava tão flutuante, pensando nos últimos acontecimentos dos dias que se passaram que no jantar, não consegui ouvir nada, embora me lembre da expressão de minha mãe e do meu pai me perguntando se tava tudo bem. Eu apenas balancei a cabeça. Minha mãe trabalhava como empregada pra família Drivon, a família de Matt, quando era pequeno, minha mãe me levava para fazer companhia a ele já que eu não podia ficar sozinho aqui, nunca nos demos bem.
Meu pai era caçador e passava a maior parte do tempo caçando, assim como seu pai e o pai dele. Eu era o único na família que estudava.
- Do que você está falando? - Melídia me disse fazendo pouco caso. Acabara de contar do ocorrido dos últimos 3 dias e ela me vinha com isso. Estávamos em sua casa, eu a convenci de vir me buscar.
- John, não existe isso de Lobos. São só lendas, fábulas, contos - Terminou de falar encarando o teto do seu quarto. Eu estava deitado ao lado fazendo o mesmo.
- Melídia, você tem que acreditar em mim.
- Tá bom, vamos fazer o seguinte. Amanhã eu e Mike vamos te levar pra casa, veremos se vai aparecer "algo" - Disse entre aspas.
- Agora vamos dormir - Mumurei um "tá" reconhecendo minha derrota.
No dia seguinte, eu e ela íamos pra aula juntos. A casa dela, por ser bem no centro da aldeia, dava visão de todas as outras casas, algumas maiores, outras nem tanto. Das maiores, avistei Matt deixando a sua casa assim como a maioria dos outros jovens, mas não avistei Alec.
- Droga...
- O que foi? - Melídia disse após se despedir de seus pais.
- Não vi o Alec - Melídia deu de ombros.
- Vai chamá-lo pro Baile de Neve?
- Você não entendeu. Estávamos juntos ontem na escola, quando todos já tinham saído - Melídia sorriu e soltou um "hum".
- E o que aconteceu lá? - Perguntou com uma expressão divertida e curiosa.
- Saímos ao pôr do sol, quando eu vi o lobo e desmaiei, e agora ele sumiu - Melídia pareceu confusa mais assustada, parece que enfim começava a entender a gravidade das coisas.
Começamos a caminhar rumo a escola que ficava afastada do bosque. Observava os outros jovens indo em nossa direção e Matt sorrindo pra uma garota qualquer, mas nada de Alec.
- Talvez ele tenha ido mais cedo, por que não pergunta pro Matt?
- Eu não vou perguntar nada pra aquele ignorante.
- Então vai ficar sem saber até chegar lá.
Melídia me ajudava a procurar no meio da multidão, mas nada dele. Eu estava com medo de de repente descobrir que ele sumira desde ontem, porque se for, então ele pode ter sido devorado e eu me sentiria culpado pra sempre, mesmo não tendo feito nada.
Mike e Melídia ficaram pra trás enquanto eu seguia firme em minha busca, nada dele. Quando entrei na sala, nem sequer ouvi Matt chamar seu nome, eu não olhava pra trás pra não ganhar uma encarada do jovem alto de cabelos negros.
Quando seguimos para outra sala, pensei tê-lo visto junto a Mike e gritei um "Hey" atraindo atenção de ambos. Mike acenou apenas e o garoto ao lado dele continuava olhando sem entender. Droga!
- O Baile de Neve, será o maior evento da nossa aldeia, como em todos os anos, acontece na época em que o inverno está mais intenso. Ele serve para apresentar os novos lordes que comandarão a partir de agora - A professora de Costumes Locais explicava. Melídia amava o Baile, já participamos de muitas edições e esta, de acordo com o Lorde da Aldeia, seria o maior e melhor dos últimos 100 anos.
- O lorde apresentará seu filho, jamais visto por alguém antes. É de costume e agora uma lei, que todo jovem tenha um par para a apresentação da dança local, em homenagem ao antigo lorde - Terminou de falar olhando os jovens em volta.
Melídia estava toda sorridente, provavelmente pensando em sua dança com Mike, mas eu ainda estava aflito.
Como prometido, ela e Mike me levaram pra casa antes do pôr do sol e eu enfim pude perguntar a Mike se ele tinha notícias de Alec, ele coçou a cabeça tentando se lembrar de algo, disse que não tinha notícias dele desde ontem antes da saída da escola.
Quando cheguei em casa, meu pai estava caçando e minha mãe trabalhando. Quando ela voltou, me disse algo peculiar, contou ela que Matt perguntou porque ela não me levava mais. Eu ri e ela também, minha mãe sabia dos nossos desentendimentos.
- Com quem você vai ao Baile de Neve - Me pegou de surpresa.
- Eu ainda não sei... Alec talvez - Disse pigarreando.
- Ele é um bom rapaz, conheço os pais dele há muitos anos, mas não sabia que vocês eram amigos - Era comum todo mundo da aldeia se conhecer, mais especificamente os adultos.
Concordei com a cabeça. Na ida pra escola tudo ocorreu normalmente. Mas eu ainda não tinha visto Alec e nem ninguém e isso me preocupava assim como seu grupo de amigos.
- Aí, John?! - Ouvi Mike me chamar durante a saída da escola.
- Vamos fazer uma visita na casa do Alec hoje, vamos ver o que aconteceu com ele, tá afim de ir? - Ele disse e Matt fez cara feia, do seu lado, David, um de seus outros amigos, e o outro que ontem tinha confundido com Alec.
- Tudo bem, eu vou - Indaguei.
Esse é o livro mais longo que já escrevi, mas mesmo assim também é o mais rápido que concluo. São só 8 meses, o que pra mim é pouco K.Sinceramente, eu não sei como agradecer você que está aqui desde o início das postanges, sempre comentando e sempre me dando apoio, entendo que você deve estar chateado depois de tudo pra ter um final como esse kkk, mas decisões importantes devem ser tomadas e como todo bom livro, esse aqui também tem bônus bonitinhos pra deixar vocês felizes♡Ah, sabe aquele errinho chato que vive incomodando você em alguns capítulos? Ou aquele furinho no roteiro? Ele vai ser removido com a revisão que o livro vai sofrer durante algum período. E como de costume, eu não retiro meus livros da plataforma durante a revisão, então não se preocupem, mas fiquem atentos porque vai pintar novidades, além do conteúdo ser melhor explorado na nova revisão, como por exemplo as Criaturas Sombrias.É isso, gente, muito obrig
Sem RevisãoAntes de acordar completamente. Meu subconsciente já estava ativo, me levando a conexão não proposital com os mais próximos a mim. Eles não sentiram que eu estava lá, mas eu reconhecia as vozes. Me desliguei da conexão, por medo do que poderia encontrar em imagens das lembranças ainda recentes de uma guerra que mesmo depois de ter acabado, eu estava tentando evitar, por hora.- John? - O som grave da voz rouca de quem tinha acabado de acordar fez com que eu me arrepiasse por inteiro. Alec estava aqui, segurando uma de minhas mãos no que parecia ser uma cabana... minha cabana afastada do resto da aldeia. Uma série de lembranças sobre aquele lugar inundaram meus pensamentos. Eu estava de volta.- Alec? - Ele sorriu antes de inclinar a cabeça sobre meu peito em um abraço desajeitado decido as nossas posições, Melídia também estava lá, sorrindo pra mim segurando algo em suas mãos.- Você apagou por 3 d
Sem RevisãoDos dois lados das batalhas, eu assumia o controle. Era incrível a capacidade que eu tinha para manter o fôlego preso, e que durante isso, eu era incontrolável. Eu podia enxergar por qualquer ângulo em uma velocidade impressionante, mas me limitava a fazer somente o necessário pra não machucar Matt. Já era perceptível o som do exército a frente, o barulho do cavalgar dos cavalos, dos gritos de guerra. Tudo era em nível máximo, e isso me irritava mais ainda. A richa existente entre os humanos e as Criaturas Sombrias que vinha se alastrando por tanto tempo, teria um fim hoje. Eu daria um fim nisso. O mundo conheceria e aceitaria o meu reinado, ou então a guerra nunca acabaria. E isso não era negociável.Como as ondas do mar destruindo tudo em uma velocidade surpreendente, assim eram os lobos do Sul. Eu sabia exatamente o que estava fazendo quando fiz com que eles derrubassem os cavaleiros montados, quando os fiz destruírem suas car
- As matilhas do leste? - Perguntei, quando um dos lobos da vigília dizia que os exércitos reais haviam se dividido pouco antes do ataque surpresa. O que eu mais temia acabara de acontecer. Iriam dizimar a aldeia e combater à nós ao mesmo tempo.- Resistiram, mas o alfa deles ordenou que recuassem, irão reagrupar aqui, senhor - Disse com a voz trêmula. Havia nervosismo em todos ali presente.- Isso foi apenas uma distração, enquanto eles passavam por nós, sem que percebêssemos - Etheus concluíra. Haviam marcas por seus ombros, junto a sangue.- O que faremos agora? Estamos em menor número, perdemos muitos, não podemos proteger o Bosque, não podemos nos defender...- Essa luta estava perdida antes mesmo de deixarmos a sua aldeia, garoto - Disse-me um dos líderes de matilha. O som de passos pesados por entr
Sem Revisão- Me disseram que eu não podia contar muita coisa, mas eu achei melhor que você soubesse - Dizia Matt, mais uma vez sentado dentro de minha tenda, ele novamente é quem me vigiava por essa noite. Fiquei em silêncio esperando que ele prosseguisse.- O pacto mencionava você, Rei de Alfas. Que seria entregue aos humanos assim que chegasse e seus poderes desaflorassem, o pacto incluía uma trégua entre ambos os lados, sem morte para os humanos, sem morte para os lobos. Por isso não se ouviu nada sobre isso por séculos...- Por que exatamente eu fui entregue?- Para honrar o pacto.- Se eu sou mais forte que todos, por que não me usaram a seu favor?- Não fora Etheus que firmou o pacto, nem chegava a estar vivo, eu acho. Ele só o respeitava.- Os lobos tinham tanto
Sem RevisãoAlec deixara o castelo acenando para Matt e abraçando David, com quem tinha mais afinidade. Antes de partir, deixou um beijo doce no meu rosto me dizendo que já tinha uma pequena noção dos meus sentimentos por ele, meses atrás. Eu sorri, ele sorriu e nos despedimos enfim. Foi como um momento de alívio perante ao que vinha como um grande turbilhão devastando tudo. Mesmo que tivesse irritado Matt e seu lobo interior, ele também entendeu do que se tratava. Ficamos até o anoitecer daquele dia. Marcus manteve tudo em ordem, como prometera, o povo ouvia a ele, deviam muito a sua família, mas outros ainda se revogaram a obedecer.Não tive muito mais tempo para me despedir de nada além de Alec, o resto do dia foi para o preparamento de suprimentos. A viagem seria longa e, segundo as fontes, as tropas reais já avançavam rumo ao norte, aonde estávamos. Eram muitos, disseram. Realmente pretendiam dizimar a aldeia, o bosque, tudo iria desapa
Sem RevisãoDespertei no meio de uma noite intensa de pesadelos sombrios. No sonho, o corpo de Alec era entregue a mim sem a cabeça e isso foi o suficiente para me deixar aterrorizado, tirando o sono pelo resto da madrugada. Desde a última tentativa, eu não consegui mais ver ou ouvir nada que viesse dele, também não consegui me conectar com ninguém da matilha. Não sabia ao certo o que isso significava, mas não parava de imaginar aonde me levaria. Eu não poderia perdoar outra perda em meu nome. Ainda mais dele... Me lembro de como gostava dele até algumas semanas atrás e como tudo isso mudou tão drasticamente por conta de uma ligação, agora não tão indesejada.- Tá tudo bem? - Um Matt preocupado espaireceu através da porta, me assustando. Acenei com a cabeça afirmativamente.- Eu ouvi sua respiração e seus batimentos acelerados... Você tem certeza? - Caminhou até a minha cama e se sentou, procurando minha mão por debaixo da co
Sem RevisãoEles eram apenas mensageiros, não fariam nada. Deixaram a mensagem e saíram sem esperar qualquer resposta nossa, obviamente já era sabido que iríamos recusar, eu iria recusar. Um silêncio ensurdecedor tomou conta do grande salão. Eu olhava pros garotos desanimados e eles me encaravam de volta com algo inexplicável no olhar. Medo, talvez. Exceto Marcus que passava a mão na cabeça desesperadamente.- O que vamos fazer? - David. Enruguei a testa.- Não é óbvio? Não vamos morrer.- Como vamos manter o castelo sob ameaça da matilha e do império? - Marcus expressou suas preocupações.- Eu não faço idéia...- Quando os aldeões souberem que você não governa mais... Eles já não aceitam porque acham que você é um bruxo - Continuou.- Podemos fugir - David mais uma vez.- Não vamos a lugar algum - Alec disse.- O que acham que vai
Sem Revisão- Ela nunca me disse nada - Ainda segurava seu corpo sem vida nos braços, já mais calmo e finalmente conformado. O vento soprava pelas janelas quebradas e o sol já se mostrava pelo lado de fora. David estava sentado, Marcus lhe fazia um curativo, Alec estava coberto com um longo pano marrom e Matt permanecia em sua forma de lobo.- Você não podia saber...- Ela morreu por mim e a última coisa que eu fiz foi sentir raiva - Interrompi sua frase.- Ela sabia dos riscos...- Podíamos ter evitado tudo isso, por que não mataram ele lá quando era mais fácil? - Dizia meio irritado.- Como? A matilha inteira estaria contra nós, não teríamos nem chance - David interviu.Suspirei derrotado, poderia ter sido pior, mas eu nunca iria me perdoar pela vida dela ter sido perdida em troca da minha. Matt tocou meu ombro com o focinho atraindo minha atenção. Fechei os ol