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capítulo 2

Penulis: Brisa Koi
— A casa é do Caio. Quem decide tudo aqui é ele. Tá ótimo assim, posso ficar nesse quarto. — Falei em voz baixa, de cabeça baixa.

O rosto de Caio parecia estranho. Eu não conseguia entender sua expressão. Não parecia satisfeito.

Eu fazia exatamente o que ele queria — cedia, aceitava, me calava — e ainda assim ele não ficava contente. Por quê?

A pior parte era na hora do jantar.

A mesa estava cheia de pratos elaborados e apetitosos.

Caio servia Bella com cuidado, e ela sorria como se vivesse um conto de fadas.

Eu mantinha a cabeça abaixada, comendo só o arroz branco no meu prato.

— Por que não tá comendo nada, Bea? — Disse Bella, antes de colocar um pedaço de cordeiro no meu prato.

Não toquei na carne. Afastei-a com o garfo, em silêncio.

— Acho que ela tem algum problema comigo, nem toca na comida que eu coloco. — Bella fez cara de mágoa.

O rosto de Caio imediatamente ficou sério.

— Beatriz! Come essa carne. Vai ficar de cara feia pra quem?

Levantei os olhos. Senti um nó no peito.

— Eu... não posso comer isso.

Sempre fui alérgica a certos alimentos. Antes, nunca tinha nada na mesa que eu não pudesse comer.

Mas agora quase nada era pra mim.

Caio... ele tinha esquecido.

— Que história é essa de não poder comer? Bella tá tentando ser gentil, e você age como ingrata. Come.

— Deixa, a culpa foi minha. Hoje a cozinha preparou tudo do meu gosto. É normal a Bea não ficar feliz no primeiro dia de volta. Bea, diz o que quer comer e peço pra fazerem pra você. — Disse Bella, com um sorriso doce, mas os olhos brilhavam de puro veneno.

Mas isso já não me feria mais.

Nem a provocação dela, nem o desdém escondido na falsa gentileza.

— Para de frescura. Só porque você não gosta, ela também não pode comer? Beatriz, não cria confusão. Seja razoável.

O tom dele ficou mais duro, a testa franzida. Eu conhecia bem aquele sinal. Ele estava prestes a perder a paciência.

De novo, sem me deixar explicar. Pra ele, a culpa sempre era minha.

Mas eu aprendi na escola: como eu como e uso as coisas do meu irmão e dependo dele para sobreviver, tenho que ouvir meu irmão.

Se ele ficar bravo, tudo o que acontecer depois é culpa minha.

— Tá bom. Eu como. — Murmurei.

Baixei a cabeça e comecei a comer, rápido, sem pensar, só querendo acabar logo com aquilo.

Quando me viu engolir, a expressão de Caio enfim se aliviou.

Mesmo sentindo um enjoo horrível, continuei comendo tudo o que colocavam no meu prato.

Mas de repente, meu pescoço começou a coçar. Depois, os braços. O corpo todo. A garganta apertava, como se alguém estivesse me sufocando.

Tentei segurar os hashis com as mãos trêmulas, mas eles caíram. Meu corpo cedeu. Desabei no chão.

— Ai, meu Deus!

Bella gritou, se jogando nos braços do meu irmão. E Caio, claro, a primeira coisa que fez foi abraçar ela, não me olhar.

Só quando, ofegante, consegui pegar o celular e disquei o número da emergência é que ele pareceu notar.

— O que aconteceu com você?

Ao ver meu corpo coberto de manchas vermelhas, o pânico apareceu nos olhos dele.

— Alergia! Ela é alérgica a carne de cordeiro! Como eu pude esquecer disso?

Quando cheguei ao hospital, já mal conseguia respirar.

Felizmente, fui atendida a tempo. Ainda consegui escapar da morte.

Caio estava sentado ao lado da minha cama. Mas todo o conforto que oferecia era pra mulher que chorava nos braços dele.

— Foi culpa minha. Se eu não tivesse servido ela, isso não teria acontecido.

— Não chora, não foi sua culpa. A culpa foi dela. Ela é burra. Sabia que era alérgica e comeu mesmo assim.

Ha. Então era tudo culpa minha?

— Bea, você acordou! — Bella enxugou as lágrimas, fingindo surpresa e preocupação, se aproximando da cama.

Mas Caio se adiantou:

— Por que não falou que era alérgica? Por que comeu mesmo assim?

— Eu disse que não podia. Mas se eu recusasse, você ia ficar bravo.

Caio pareceu ainda mais irritado com a resposta.

— Foi de propósito? Tá tentando me punir? Me fazer sentir culpa?

Comi por vontade própria? Ele tinha mesmo memória tão curta?

Balancei a cabeça, desesperada, sem saber onde tinha errado agora. Mas mesmo assim, precisei admitir:

— A culpa foi minha, Caio. Mas eu juro que não fiz por mal. Não fica bravo comigo.

— Você... — Caio me olhou por um momento, respirou fundo, depois virou as costas.

Pegou Bella pela mão, ainda irritado, e saiu do quarto. Não voltou pra me ver.

Dois dias depois, ainda no hospital, a enfermeira apareceu me cobrando a conta.

Peguei o celular, com o coração apertado. Apenas alguns poucos reais.

— Posso... posso ligar pra alguém da minha família? — Perguntei.

A enfermeira arqueou as sobrancelhas, surpresa.

— Claro.

Caio não atendeu. Liguei uma, duas, várias vezes.

A enfermeira começou a mostrar impaciência.

— E a conta do hospital?

— Eu... eu vou pagar. — Respondi, sem coragem de encará-la.

Senti meu rosto corar de vergonha.

No dia seguinte, ainda sem conseguir falar com Caio, a enfermeira voltou.

— Você não vai conseguir pagar, é isso? Vai querer dar o calote?

Ela me olhou de cima a baixo.

— Já é maior de idade, não é? Não tem ninguém da sua família que eu possa ligar? Quer que eu chame a polícia?

— Eu posso... deixar alguma coisa aqui, como garantia. Quando eu for buscar dinheiro, volto e pago tudo. — Falei, com a voz quase sumindo.

No meu pescoço, havia um colar. Minha mãe o colocou em mim pouco antes de morrer.

Na escola, nas noites mais difíceis, era ele que me dava força. Era também a única coisa de valor que eu tinha.

O hospital aceitou o colar — com má vontade — e assim me deixaram sair.

— É... é pra esse lado, né?

Não sei por quê, mas minha memória parecia falhar.

Me perdia pelas ruas. Não reconhecia mais os caminhos.

Pedi ajuda à polícia, tropeçando de esquina em esquina.

Só consegui chegar em casa quando já era noite.

Do lado de fora, tremia com o vento gelado.

A porta não reconhecia minha digital.

Não conseguia entrar. Pelo vidro da janela, ouvi risos.

— Gostou do presente?

— Esse anel é lindo. Rosa! Deve ter sido caro...

— Vi no leilão. Achei que você ia gostar. E se você gostar, o preço não importa.

Caio olhava pra ela com um carinho que doía de ver.

Tinha Bella nos braços. Ela ria, cheia de felicidade.

Por um instante, fiquei paralisada.

Antes, em todos os meus aniversários, Caio planejava tudo com antecedência.

Escolhia os presentes com carinho. Naqueles tempos ele também me olhava assim.

Bati na porta por longos minutos. Só então Caio veio abrir.

— Você? — Disse, surpreso. — Por que voltou sem avisar?
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