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Capítulo 3

Author: Esmeralda Ganha
Mary agiu incrivelmente rápido.

A porta do depósito foi arrombada por fora em questão de segundos.

Mary entrou andando de cabeça erguida, com dois guarda-costas ao lado. Quando viu o sangue no canto da minha boca, minhas roupas desalinhadas e a bagunça em que eu estava no chão, ficou pasma.

Ela correu até mim para me ajudar a levantar.

Balancei a cabeça, sinalizando para que ela não dissesse nada. Então peguei o cartão bancário da mão dela, com a senha colada nele, e o atirei para Jessica.

A mulher pegou o cartão, mas nem se deu ao trabalho de discutir mais. Acenou com a mão, em tom de desprezo:

— Se esse cartão for falso, eu sei como achar vocês. Agora, sumam.

Apoiada em Mary, saí daquele lugar nojento enquanto suportava a dor intensa por todo o corpo.

Na entrada, agradeci:

— Obrigada, Mary. Vou te pagar assim que isso acabar.

Ela apenas me olhou, preocupada.

— É só dinheiro, não se preocupe com isso. Mas o que aconteceu com você?

Dei uma risada forçada.

— Meu irmão realmente escolheu bem a namorada. Preciso ter uma conversinha com ele.

Peguei o celular e procurei o número do vice-CEO do restaurante. Era a pessoa de fato responsável, alguém que eu havia recrutado pessoalmente. Também era absolutamente leal a mim.

Quando me atenderam, não desperdicei uma palavra. Falei com minha voz fria e sem emoção:

— Você tem dez minutos para demitir a gerente chamada Jessica Thompson. Se não demitir, a família White vai tirar cada centavo do investimento no restaurante. Não sobrará nada!

O vice-CEO do outro lado da linha ficou tão abalado com meu tom que parecia prestes a ter um ataque de pânico. Ele provavelmente ouviu o quanto eu soava fraca e abalada, e concordou imediatamente, sem sequer ousar perguntar por quê.

Desliguei e peguei um táxi direto para a delegacia, sem pausa. Expliquei tudo o que havia acontecido da forma mais clara e calma possível ao atendente da delegacia.

Depois de registrar um depoimento detalhado, fui ao hospital para um exame médico completo.

Segurando aquele laudo fino na mão, a raiva e o sentimento de traição dentro de mim só aumentaram.

Eu precisava de uma explicação.

Eu precisava que Dennis me olhasse nos olhos e me desse explicações pessoalmente.

Minha assistente descobriu que Dennis estava em casa. Fui direto à mansão dele com meu motorista e meu guarda-costas.

Até aquela mansão tinha sido um presente meu.

Mas quando cheguei, fui recebida por um metal pesado ensurdecedor e pelo som de homens e mulheres rindo e gritando pelas portas e janelas.

Ele estava dando uma festa… Não era de se espantar que não tivesse atendido minhas ligações antes.

A porta da frente estava entreaberta. Por algum motivo, não a empurrei na hora.

Logo ouvi a voz conhecida de uma mulher soluçando.

Era Jessica Thompson.

Ela estava lá dentro, chorando para a plateia, pintando a si mesma como a pobre vítima que teria sido intimidada por alguma destruidora de lares arrogante que reagiu.

— Tudo o que eu fiz foi pedir que ela pagasse, e ela atirou cem mil dólares na minha cara e ainda me fez perder o emprego… — Dizia ela, aos prantos.

— Dennis, ela passou dos limites!

— Ela não a respeita nada! Só queria humilhá-la e acabar com o relacionamento de vocês!

Dentro, o grupo de amigos podres do Dennis aplaudia, fingindo indignação em seu favor. Dennis segurava Jessica, consolando-a com um tom cheio de preocupação e carinho.

— Não se preocupa, Jessica. Eu não vou deixar que te tratem assim!

Para mostrar serviço, fez uma promessa teatral para todos na sala.

— Assim que eu encontrar essa mulher, vou fazê-la ajoelhar e pedir desculpas a você!

A turma de filhinhos de papai entrou em coro, cada um mais histérico que o outro.

— Dennis, diga a palavra! Vamos arrastá-la pra fora agora mesmo!

— Isso! Deixe ela ver quem manda aqui!

Eu não suportei ouvir mais nada. Levantei a mão, e meu guarda-costas esmurrou a porta, abrindo-a com força. A música parou instantaneamente, e todas as risadas e o barulho desapareceram num segundo.

Dezenas de rostos boquiabertos se viraram para olhar a entrada ao mesmo tempo.

— Nem precisava tanto. Eu estou bem aqui. Então, quem vai me dar uma lição?
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