Capítulo 2

— Eu imploro, Srta. Isabela. A senhora pode, por favor, vir ajudar o Sr. Teodoro?

Por um instante, minha mente ficou completamente vazia. Eu simplesmente não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir.

Cinco anos atrás… Eu morri?

Natan, o garoto que sempre me tratou como se eu fosse o mundo dele, se recusou a entregar metade de sua vida para me salvar. Em vez disso, foi o irmão dele, o garoto frio e impassível, aquele que todo mundo chamava de Ceifador, quem me puxou de volta da morte.

Mesmo assim, eu me recompus e digo: — Desculpa. O Natan precisa mais de mim esta noite.

Eu preferia ser vista como ingrata do que falhar com Natan.

Mas, no momento em que corri para o lado dele, tudo o que recebi foi zombaria. Fui chamada de cadelinha apaixonada, sempre pronta para atender aos caprichos dele, nada além de um brinquedo descartável.

“É… eu realmente sou patética. Bem feito por deixar que me tratem assim.”

Mas eu não cometerei o mesmo erro novamente.

Enxuguei as lágrimas, engoli a dor e apertei mais firme o celular na mão.

— Ainda dá tempo de retribuir o homem que salvou minha vida? Se o Teodoro realmente precisa de mim esta noite, eu vou dar tudo o que ele precisar!

A voz de Luan veio carregada de alívio: — Ainda dá tempo, Srta. Isabela. Vou mandar a localização imediatamente. Se o Sr. Teodoro não estivesse gravemente ferido e não fosse lua cheia ao mesmo tempo, eu jamais ousaria ir contra as ordens dele e contar isso à senhora. Ele mantém todos sob rédeas curtas.

Eu entendia que Teodoro provavelmente me salvou por dever, não por afeto, e que ele não queria que eu me apegasse a ele por gratidão.

E eu não estava indo até ele porque Natan partiu meu coração.

Eu só queria retribuir o homem que um dia salvou minha vida.

-

Mas quando cheguei correndo à ala VIP do hospital, eu paralisei.

Do lado de fora da porta estava Madalena, a garota mais popular da escola. Ela tentava ansiosamente forçar a entrada.

— Me deixem entrar! É lua cheia, não é? Como vocês sabem que ele não precisa de mim? Teo! Teo, por favor, me deixa entrar. Eu vou te ajudar a passar por isso!

Por algum motivo, eu quase ri. Natan dizia que Madelena “não era esse tipo de garota”, e lá estava ela, se jogando na cama do irmão dele.

Luan não permitia que ela entrasse. Quando me viu, abriu a porta imediatamente, os olhos brilhando de alívio.

— Srta. Isabela, graças aos céus que você chegou. Por favor, entre. O Sr. Teodoro precisa da senhora esta noite. Ninguém mais serve.

O rosto de Madalena se contorceu de ciúme e fúria.

— Por que a Isabela pode entrar? O Teo se machucou gravemente salvando ela! Ela é um azar ambulante! Como vocês deixam essa garota chegar perto dele?

Eu congelei por um instante.

O Teodoro me salvou? De novo? Do que ela está falando?

Dentro do quarto, tudo era caos.

Vi o Teodoro deitado na cama. Ele estava sem camisa, o rosto tingido de um vermelho intenso, e o cabelo curto completamente encharcado. Os dedos dele se fechavam com força nos lençóis enquanto ondas de dor e desejo percorriam seu corpo. As grossas bandagens brancas enroladas em suas costas já estavam encharcadas de sangue fresco.

Olavo, o médico ao lado dele, gritava desesperado: — Senhor, o senhor não pode resistir desse jeito! Por favor, encontre uma mulher para ajudá-lo! As bandagens que acabei de trocar já estão ensopadas. Quanto mais sangue o senhor pretende perder antes que seja tarde demais?

— E é lua cheia. Seu sangue de lobo está em sobrecarga, e seu organismo não está coagindo como deveria. Nem os medicamentos mais fortes estão funcionando. Se não acalmarmos seu corpo, o senhor vai sangrar até a morte antes do amanhecer! Onde está a garota, aquela que pode salvá-lo?

Os outros seguranças ao redor da cama se viraram todos ao mesmo tempo para mim. Eles bateram continência em sincronia, cada movimento carregado de gratidão.

— Dr. Olavo, ela chegou.

Ao ouvir essas palavras, o homem sobre a cama, que se contorcia como se estivesse queimando no inferno, abriu os olhos de repente.

Os olhos vermelho-escuros eram intimidantes, frios e ao mesmo tempo hipnotizantes. Ele continha com esforço o desejo feroz que pulsava dentro dele, mas seu olhar pousou em mim inesperadamente, com surpresa e irritação cruzando por seu rosto.

— Quem trouxe ela aqui? Tirem-na daqui!

Luan deu um passo à frente e baixou a cabeça. — Fui eu, senhor. Se a Srta. Isabela puder aliviar sua dor esta noite, eu aceitarei qualquer punição depois. O senhor se machucou salvando ela, não uma, mas duas vezes, e nunca pediu reconhecimento por isso. Talvez o senhor não se importe, mas nós sentimos isso como uma injustiça.

Não pude evitar olhar para o homem estendido na cama, emanando uma presença esmagadora. Embora Natan e eu fôssemos amigos de infância, eu sempre evitei o Teodoro como se fosse a peste.