Capítulo 3

Teodoro tinha a reputação de ser um Ceifador vivo.

Até os encrenqueiros mais barulhentos do nosso grupo encolhiam ao vê-lo entrar em qualquer lugar.

E não era apenas medo. Era o jeito como Teodoro conseguia esmagar alguém só com um olhar, a dominância absoluta que sua presença carregava.

Normalmente, eu fazia de tudo para evitá-lo.

Mas agora, o homem que colocava medo em todos estava agarrado aos lençóis, as pernas se curvando instintivamente enquanto ele lutava para suportar a dor. O calor irradiava de cada centímetro de seu corpo, e sua respiração pesada só aumentava.

O contraste era avassalador, e aquele homem assustador, mas impressionante, deitado na cama, era simplesmente hipnotizante.

Mas algo me incomodava.

— Você disse que ele se machucou por minha causa… de novo?

Luan abriu a boca para explicar, mas Teodoro o cortou bruscamente: — Cale a boca! Tenta falar mais uma palavra, eu te desafio.

Então, sua voz amaciou, e ele disse com indiferença: — Pode ir, Isabela. Eu não preciso de você aqui.

Luan deu um passo à frente sem medo algum. — Sr. Teodoro, pare de fingir. Teimosia não vai conquistar o coração dela. O senhor bancando o durão… mas por dentro é muito mais mole do que parece. Se a Srta. Isabela estivesse em perigo, o senhor se jogaria no fogo para salvá-la sem pensar duas vezes. Acha que a gente não percebe?!

Luan não era o único segurança no quarto que, sem medo, começou a expor histórias.

— É isso! Na última lua cheia, alguém te viu encarando a foto da Srta. Isabela no celular até perder a capacidade de pensar direito. Você chamava o nome dela até dormindo. Aposto que seus sonhos são cheios dela, né?

Um dos seguranças estalou os dedos, animado: — Ah! E lembra daquela vez, dois meses atrás? Você estacionou e ficou a noite INTEIRA na frente do dormitório da Srta. Isabela. Pensou em entrar umas dez vezes, mas sempre se segurou. Seu autocontrole é tão absurdo que até super-herói pediria aula com você!

Outro segurança concordou com a cabeça. — Se a gente não contar, ela nunca vai saber. Você quer mesmo sofrer assim para sempre?

— Calem a boca! Eu posso aguentar. — Teodoro disse secamente, desviando o olhar.

Olavo, o médico, estourou: — Aguentar o quê?! Se continuar assim, você não vai viver para ver o sol amanhã!

Então ele se virou para mim. — Minha querida, o que você está esperando? Anda logo e ajuda ele.

Os seguranças ao lado da cama baixaram as cabeças em respeito, mas eu entrei em pânico.

Eu não fazia a menor ideia do que fazer.

— O que é suposto fazer? Eu não sei como ajudar ele.

Enquanto Olavo cortava as bandagens encharcadas de sangue, respondeu sem hesitar: — Beije ele.

Meu rosto queimou na hora.

Fiquei ao lado da cama, sem saber como beijar aquele homem distante, intocável, e ainda por cima com tanta gente olhando.

Então um dos seguranças gritou de repente: — Srta. Isabela, a senhora ao menos sabe como o Sr. Teodoro se machucou? Dois dias atrás, houve um incêndio no auditório da sua escola. Você ficou presa lá dentro, desmaiou com a fumaça e quase morreu sufocada, certo?

— Foi o Sr. Teodoro quem salvou você. Por causa da marca, ele consegue sentir quando sua companheira está em perigo. Ele ignorou todos os avisos e correu direto para as chamas para te encontrar quando estava te carregando para fora, uma viga desabou sobre ele e as costas dele pegaram fogo. Mesmo assim, ele não parou. Lutou contra a dor e usou o último fio de força que tinha para te tirar de lá viva.

— E então o Sr. Natan apareceu e pegou todo o crédito. Ele viu o Sr. Teodoro carregando você para fora do incêndio e arrancou você dos braços dele, em vez de ajudá-lo. Se o Sr. Natan se importava tanto, por que ele não entrou para salvar você?

O quê?!

Eu não podia acreditar. Então foi assim que o Teodoro se machucou?

Quando acordei depois do incêndio, Natan estava sentado ao meu lado, então eu pensei que tinha sido ele quem me salvou.

Muita coisa tinha acontecido naquela noite, tanta que eu nem tive tempo de sentir vergonha ou pensar demais.

Nada daquilo importava agora. Salvar o Teodoro vinha primeiro.

Sem pensar, me inclinei sobre ele. Meu coração pulava tão forte que eu só ouvia o próprio sangue nos ouvidos enquanto pressionava meus lábios com firmeza contra os dele.

— Não. — Teodoro rosnou.

A voz dele era fria e distante, mas os dedos enterrados nos lençóis denunciavam o esforço. Ele engoliu em seco, os olhos vermelhos de sangue pela tentativa agonizante de se conter.

A visão daquele homem lindo, estendido na cama, seria suficiente para fazer qualquer pessoa pecar.

Mas o tom dele ficou ainda mais gelado. — Isabela, você sabe ao menos o que está fazendo? Normalmente, você age como se fosse fugir no instante em que me vê. Não faça algo que você não quer só porque está agradecida. E ignore o que eles dizem. Nada disso muda nada. Eu não sinto nada do seu beijo.

Então, Olavo gritou, de repente, tomado por uma excitação súbita.