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Capítulo 2

Author: Heloísa Rodrigues
Foi então que ela abriu a mensagem de Suzana Silva no WhatsApp:

[Nossa, já foi até o final com o Gustavo? Não dizia que ia guardar a primeira vez pro casamento?]

Isabela soltou uma risada e respondeu:

[Quem disse que era o Gustavo? Tá parecendo que sou uma encalhada.]

Mal Isabela mandou a mensagem, a chamada de Suzana chegou. Assim que atendeu, veio um grito:

— Meu deus, não acredito, Isabela, você se superou! Você largou aquele canalha do Gustavo?

Viu só? Todo mundo sabia que o Gustavo era um canalha, mas na época, Isabela tinha se deixado enganar por ele, achando que ele era diferente, se apaixonando feito trouxa.

Foi só quando acordou daquele sonho que percebeu o quanto tinha sido ridícula.

Mas, no fundo, aquilo já não importava mais.

Ela suspirou e confirmou:

— Isso mesmo, espalha aí que fui eu que terminei com o Gustavo.

Gustavo era orgulhoso para caramba. Ela queria mesmo era que ele passasse vergonha na frente de todo mundo.

— E quem é esse cara então? — Suzana perguntou.

Isabela massageou os ombros, que estavam doloridos:

— Vou trocar de roupa e aí te conto tudo, a gente se fala na empresa mais tarde.

Suzana deu de ombros e lembrou:

— Ah, e hoje ainda tem reunião com um cliente importante. Chega mais cedo, ok?

Isabela desligou e saiu do hotel.

Ao descer, ela lembrou que, na noite anterior, não tinha vindo de carro, tinha pegado um táxi.

Olhou no relógio, e viu que estava um pouco tarde para chamar um táxi naquele momento.

Enquanto pensava no que fazer, um carro preto familiar parou ao seu lado. A janela baixou lentamente, revelando Sérgio ao volante.

Ela ergueu uma sobrancelha, e ouviu o Sérgio perguntar:

— Não veio de carro?

Isabela disse não, achando que ele iria dar uma carona, mas o homem apenas deu um sorriso sem graça e disse:

— Ah, então chama um táxi, eu vou indo. Tchau.

Isabela ficou sem palavras.

Ela ficou parada, olhando o carro preto se afastando, e deu um chute forte na pedra que estava no chão.

— Homem é tudo igual! Assim que veste a calça já vira outro!

Quando chegou do carro que havia chamado na mansão da família Santiago, Isabela não esperava encontrar Gustavo lá.

Ela franziu a testa, desviou o olhar e tentou subir as escadas.

Gustavo e Hanna estavam sentados no sofá da mansão da família Santiago, conversando com o pai de Isabela, Luciano Santiago.

Os três a viram, e Luciano foi o primeiro a falar, com voz grossa:

— Pare aí! Para onde você foi ontem à noite? Uma garota que some a noite toda, você sabia que o Gustavo ficou esperando por você aqui?

Isabela sabia que Luciano não costumava ficar de olho nas redes sociais, senão provavelmente já teria batido nela naquele momento.

Ela olhou por cima do ombro, deu uma rápida olhada em Gustavo e depois no rosto suave e frágil de Hanna ao lado dele, e riu com desdém:

— Esperando por mim? Mas tem alguém com ele, né? Eles acabaram de sair da cama, não foi?

Ela sorriu, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Luciano deu um passo à frente e desferiu um tapa forte no rosto de Isabela.

— Filha ingrata, você tem ideia do que está dizendo? Como pode falar assim sobre o Gustavo e sobre a sua irmã?!

Isabela virou a cabeça com o impacto da tapa, passou a língua na bochecha dolorida, mas antes de falar algo, foi Hanna quem se adiantou.

— Desculpa, mana, não culpe o Gustavo. Ontem eu estava me sentindo mal e ele ficou me cuidando, você deve ter se confundido. Me desculpe. Mas você não devia ter ficado com outro homem só por ciúmes...

Ela não conseguiu terminar a frase antes que as lágrimas começassem a cair, e parecia que Isabela havia traído o namorado dela.

Isabela não pôde deixar de admirar a atuação de Hanna. Ela mesma tinha visto os dois na tarde anterior, abraçados e se beijando, sem se importar com quem estivesse vendo.

Era uma cena de total descaramento, como animais no cio, ainda não totalmente domesticados.

Ela deu de ombros e sorriu:

— Ah, então "cuidar" agora significa ficar abraçada e se beijando em público, né? Parece que devo perdoar o Gustavo então?

Ela se virou totalmente para Hanna, com um sorriso doce demais para ser verdade:

— E quanto ao nosso casamento, que tal continuar com o nosso noivado?

Hanna ficou em silêncio por um momento, sem saber como responder, pois não era aquilo o que ela queria dizer.

Logo depois, Isabela disse:

— Para de drama, tá? Agora eu te dei o que não quero. Espero que vocês sejam felizes para sempre.

Aquela meia-irmã vivia na casa há cinco anos, e desde o primeiro dia queria tudo o que era dela. Primeiro o quarto, depois a atenção do pai, e naquele momento até o namorado.

Isabela riu com desprezo:

— Enfim, você é igual a um cachorro, só gosta de pegar as sobras dos outros. Como irmã mais velha, claro que eu vou te dar tudo. Toma, de presente.

Depois das palavras, a raiva que sentia começou a diminuir um pouco.

Mas com aquelas coisas irritantes ao redor, ela perdeu a vontade de trocar de roupa. Ela se virou para sair, mas Gustavo a segurou pelo braço.

— Isabela, não vai embora, a gente precisa conversar.

Isabela olhou para ele, impaciente, com um olhar cortante. Era a primeira vez que ela o encarava daquele jeito.

— Eu não entendo língua de cachorro, o que tem para conversar com você?

Gustavo ficou sem reação por um momento. Nunca tinha ouvido Isabela o insultar daquela forma.

Isabela percebeu o que ele pensava e riu, zombando dele.

Todo mundo sabia que ela era a puxa-saco do Gustavo, que ficou atrás dele durante todos aqueles anos.

Nos últimos anos, Gustavo sempre teve várias mulheres ao redor, mas três anos atrás, ele de repente começou a corresponder ao seu amor. As famílias até começaram a discutir sobre o noivado.

Porém, ela não imaginava que Gustavo fosse ficar com Hanna. Aquilo foi o que mais a incomodou e a fez sentir nojo.

Sabia muito bem que Gustavo tinha consciência de que a morte de sua mãe tinha algo a ver com a mãe de Hanna, e que ela, Isabela, sempre teve aversão a Hanna.

Então, quando Isabela viu Gustavo e Hanna juntos, decidiu que não queria mais aquele homem canalha.

Ela sempre soube deixar as coisas para trás quando necessário, mas daquela vez, decidiu que ia se vingar dos dois.

A história ainda não tinha acabado.

Gustavo franziu a testa, o aperto em seu braço ficou mais forte, mas, de repente, Hanna, ao lado, colocou a mão no peito e começou a respirar com dificuldade.

— Pai... Gustavo... Foi culpa minha. Eu... Eu... estava errada... — Antes que conseguisse terminar a frase, ela desmaiou.
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