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Capítulo 3

Author: Heloísa Rodrigues
Gustavo rapidamente segurou Hanna, enquanto Isabela nem sequer olhou, se virou e saiu.

Ao dar mais uma olhada nos dois, ela se sentiu completamente enojada.

Quando começou a caminhar, ouviu o grito de Luciano atrás dela:

— Isabela, volte aqui, que história é essa com aquele homem!? Quem era ele, afinal?

Viu? Seu pai sempre foi daquele jeito, só sabia apontar seus erros.

Ela já tinha falado sobre Hanna e Gustavo se abraçando e se beijando, mas parecia que ele estava surdo.

Mas ela já estava acostumada. Desde que a madrasta e Hanna entraram naquela casa cinco anos atrás, seu lugar na família tinha evaporado.

Se não fosse pelo medo de que as coisas da mãe fossem destruídas por aquela gente, ela já teria ido embora de casa.

Ao chegar na empresa, Suzana já correu até ela:

— Isabela, o pessoal do cliente chegou, o CEO deles veio pessoalmente, parece que estão dando muita atenção a essa parceria. Ele pediu especificamente para você fazer a negociação. Então se arrasa, meu sonho europeu no próximo mês depende de você.

Isabela entrou na sala de reuniões e, ao olhar para o homem sentado do outro lado, sentiu um calafrio.

Ela sempre foi decidida e rápida no trabalho, mas daquela vez foi a primeira vez que hesitou e ficou parada por um momento.

Não podia acreditar que o homem que estava ali era Sérgio.

Ele se levantou, com um rosto impassível e sem expressão. Com indiferença, estendeu a mão:

— Srta. Isabela, muito prazer.

A voz dele era tão neutra que parecia que a noite anterior nunca tinha acontecido.

Isabela se recompôs, ajustou sua postura e estendeu a mão:

— É uma honra ter você aqui, Sr. Sérgio. Muito prazer.

Após os cumprimentos comerciais, Isabela se sentou à frente de Sérgio e começou a apresentar o plano:

— Nós planejamos um tema de retorno à natureza, que pode destacar a sua empresa dos concorrentes...

Isabela estava totalmente focada no trabalho, seu rosto pequeno refletia uma seriedade intensa.

Ela sempre foi bonita, com traços marcantes, e especialmente a pintinha de cor vermelho-sangue no canto do olho, que a fazia parecer uma encantadora sedutora.

No entanto, os olhos de Sérgio não saíam de seu peito, observando cada movimento dela, e sua mente estava cheia da lembrança de como ele havia retirado aquela roupa dela na noite anterior.

Seus dedos longos tamborilavam na mesa polida, todo seu corpo exalando uma indolência aristocrática.

— Sr. Sérgio? — Isabela o chamou suavemente, fazendo com que ele voltasse a si. Ela perguntou. — O que acha desse plano?

Ele levantou os olhos para Isabela e respondeu:

— A ideia é boa, mas o plano ainda não atingiu nossas expectativas. — Sérgio olhou para o relógio em seu pulso antes de voltar a encarar ela. — Eu tenho outra reunião em breve, vocês podem revisar o plano e agendar um novo encontro.

Seu olhar frio e os olhos estreitos e penetrantes não demonstravam nenhum tipo de emoção.

Isabela quase rosnou baixo. Então era daquele jeito que ele agia depois do sexo? Sérgio realmente merecia sua fama de intratável.

Ele realmente era difícil de agradar, como todos falavam. Isabela segurou os documentos com força, os dedos quase deixando marcas no papel, enquanto via Sérgio sair da empresa sem nem sequer olhar para trás.

Suzana se aproximou e perguntou:

— E aí, como ficou?

Isabela tocou levemente a ponta do nariz e respondeu:

— Acho que precisamos ajustar o plano.

O rosto de Suzana ficou visivelmente desanimado:

— Ah, se essa negociação não der certo, nossa empresa vai... — Ela olhou para Isabela e sugeriu. — Isabela, que tal pedir ajuda pro seu pai? Com certeza ele tem algum projeto que pode ajudar...

— Não, chega disso, eu vou conseguir fechar esse negócio. — Interrompeu Isabela, com firmeza.

Depois de se formar, Luciano havia insistido para que ela trabalhasse na empresa da família, mas Hanna também havia sido convidada. Isabela não queria trabalhar com Hanna, então pediu para Luciano realocar Hanna em outro lugar. Mas no final, levou um esporro. Luciano a chamou de ingrata e a acusou de não ser uma boa irmã.

Mas Hanna, que irmã era ela? Era só a filha da amante.

Foi por isso que, no impulso, ela abriu sua própria agência de publicidade, prometendo a si mesma que não aceitaria nenhuma ajuda de Luciano. E depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias, pedir ajuda a ele estava totalmente fora de questão.

Com a pasta na mão, ela apertou um pouco mais os dedos, mordeu os lábios e olhou para onde Sérgio tinha saído, decidida.

Não importava o que acontecesse, aquele negócio com Sérgio, ela ia fechar de qualquer jeito.

Ela se virou e foi até o escritório:

— Avise todo mundo, vamos ter uma reunião.

A reunião durou até à noite, e pela janela do escritório, as luzes da cidade já começavam a brilhar. Isabela se esticou e massageou o pescoço, inclinando a cabeça para cima, quando seu celular tocou.

Ao ver o nome "Wellington" na tela, ela atendeu rapidamente:

— Alô, o que foi?

Do outro lado, uma voz descontraída e irreverente respondeu:

— Oi, Isabela, tenho um amigo aqui que quer fazer negócios, venha tomar uma com a gente.

Isabela, ao ouvir, não teve coragem de recusar. A empresa ainda estava no começo e cada cliente era crucial. Então, com um simples "Ok", desligou e saiu do escritório.

Para praticidade, ela tinha algumas roupas no armário do escritório, e como as roupas de ontem já estavam usadas o dia todo, ela trocou de roupa.

Wellington Nunes era seu amigo de infância, um verdadeiro playboy. As festas dele sempre aconteciam em boates, então ela escolheu um vestido vermelho de veludo com alças, que era mais apropriado para a ocasião. Estava um pouco frio, então ela colocou um casaco por cima e seguiu para o endereço que Wellington havia enviado.
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