Share

Capítulo 8

Author: Lua Santiago
Alexandre não esperava que ela respondesse tão rápido:

— Você já pensou a respeito?

— Sim. — A voz de Raíssa soou firme. — Já pensei, mas tenho um pedido.

— Diga.

— Sobre o casamento, eu gostaria de não contar aos meus pais por enquanto.

Alexandre ficou em silêncio por alguns segundos:

— Isso não está de acordo com as tradições. O casamento é algo muito importante. Embora eu tenha passado um tempo no exterior, também conheço as "regras" do nosso país: o noivo precisa primeiro conhecer os pais da noiva, obter o consentimento deles, depois conversar sobre os detalhes do casamento e marcar a data. Só assim é o procedimento correto.

Os lábios de Raíssa se comprimiram firmemente:

— Eu não quero isso. Se eles souberem que estou grávida, certamente vão me obrigar a abortar.

Bryan prezava muito pela aparência. Se eles descobrissem a verdade, o que a esperava seriam repreensões e até agressões.

Alexandre permaneceu calado do outro lado.

Com medo de que ele se arrependesse, Raíssa falou com a voz trêmula:

— Eu posso abrir mão de tudo, só quero me casar o quanto antes. — No final, sua voz embargou. — Professor, eu só quero ter um lar.

A voz de Raíssa, transmitida pela linha, chegou aos ouvidos de Alexandre.

Ele parecia ver aquela jovem, isolada e sem apoio, parada na escuridão, olhando para ele com olhos suplicantes e desamparados.

O silêncio pairou entre eles, enquanto Raíssa aguardava ansiosa pela decisão dele.

Depois de muito tempo, Alexandre finalmente falou:

— Este número de celular é o meu contato no WhatsApp. Me adicione como amigo e envie seus dados básicos. Quando eu marcar o horário, aviso você.

Ele havia aceitado.

Raíssa sorriu de alegria:

— Está bem.

— Está um pouco frio lá fora esta noite, volte para casa.

Ele sabia que ela estava do lado de fora.

Raíssa respondeu em voz baixa:

— Está bem.

— Descanse cedo. Tenha bons sonhos.

Ela não sabia se era impressão sua, mas a voz de Alexandre do outro lado do telefone lhe pareceu, surpreendentemente, muito gentil.

Mais tarde, incontáveis vezes, ela pensou que aquela ligação feita naquela noite tinha sido a decisão mais correta de toda a sua vida.

Ela se lançou com toda a coragem em direção a Alexandre, e ele, sem decepcioná-la, lhe deu um lar.

...

Na manhã de segunda-feira, Raíssa pediu folga pela primeira vez e saiu do portão da escola com os documentos.

A certidão de nascimento foi algo que ela pediu à Malena antes de voltar à escola ontem, dizendo que a escola precisava. Ninguém sabia o quanto ela ficara nervosa ao dizer isso. Só de pensar para o que iria usar aquilo, ela ficava ainda mais ansiosa, com medo de que, se Malena fizesse mais perguntas, ela acabasse se revelando.

Um carro de luxo preto parou discretamente numa esquina pouco visível. Alexandre, ao ver aquela silhueta pelo retrovisor, abriu a porta e desceu do veículo.

No instante em que viu Alexandre, Raíssa ficou atônita, sentindo o coração disparar.

Sua figura alta e esguia se postava ao lado do banco do passageiro, o terno de corte impecável o tornava ainda mais imponente. Seu rosto era elegante e bonito, o nariz reto, o olhar sereno.

Ele se vestia de maneira tão formal que, em comparação, Raíssa parecia claramente uma universitária sem muita experiência de vida.

Ela, nervosa, ajeitou a própria roupa, se irritando consigo mesma por não ter se arrumado melhor.

Talvez Alexandre também tivesse percebido a diferença entre os dois, ele lançou um olhar sobre ela e sobre si mesmo, depois sorriu:

— Fui eu quem levou as coisas a sério demais.

Raíssa rapidamente balançou as mãos:

— Não, o problema é meu. Eu... Eu deveria ter me arrumado, vou voltar e trocar de roupa agora mesmo. — Assim que terminou de falar, ela se virou, pronta para voltar.

Uma mão segurou seu pulso, e o toque quente a fez estremecer, ela se virou instintivamente e encontrou o rosto bonito de Alexandre.

Ele disse:

— O tempo está contado, se você voltar agora, a gente vai perder a hora.

Raíssa parou de andar.

— Além disso, não é difícil resolver esse problema, certo? — Enquanto falava, Raíssa viu Alexandre tirar o paletó do terno, por baixo, ele vestia uma camisa branca. Ele afrouxou a gravata perfeitamente alinhada e desabotoou dois botões do colarinho.

Naquele momento, ele parecia menos sério e formal, se mostrando mais à vontade e... Sedutor.

Quando o olhar de Raíssa percorreu o pomo-de-Adão proeminente, a clavícula dele, e depois continuou descendo... Ela se sentiu subitamente estimulada, abaixando os olhos às pressas.

— E então, agora não pareço mais um homem de meia-idade tentando sair com uma garota jovem, não é? — Alexandre percebeu o nervosismo de Raíssa e fez questão de provocá-la de propósito.

Para Raíssa, Alexandre sempre teve uma imagem séria e respeitável, ela nunca imaginou que ele também soubesse brincar.

Ela ficou surpresa por um instante e, em seguida, não conseguiu evitar que os cantos dos lábios se curvassem num leve sorriso.

"Realmente não parece, mas a diferença de idade entre nós é um fato."

Essa frase, Raíssa só ousou pensar em silêncio. Ela ouviu dizer que homens de meia-idade costumavam ser sensíveis quanto à idade.

— O tempo está apertado, vamos logo entrar no carro.

Demonstrando cavalheirismo, Alexandre abriu a porta para ela. Depois que Raíssa agradeceu, entrou no banco do passageiro.

Logo em seguida, Alexandre também entrou, entregando a ela uma sacola.

— Café da manhã.

Raíssa não esperava que ele ainda tivesse preparado um café da manhã para ela. Ela sempre esperava que as colegas de quarto saíssem do dormitório antes de se atrever a sair, nem tinha coragem de ir ao refeitório.

Na verdade, não havia nada de mais em ir, mas era ela mesma quem ficava um pouco nervosa.

— Obrigada. — Raíssa respondeu, inquieta, ao pegar a sacola.

— Coma enquanto está quente. — Disse Alexandre, dando partida no carro.

Com alguns pãezinhos quentes recheados e um leite nas mãos, Raíssa abriu a sacola e, ao se lembrar de algo, perguntou:

— Você já comeu?

— Já, não se preocupe comigo. — Respondeu Alexandre, segurando o volante e mantendo os olhos na estrada.

— Está bem. — Disse Raíssa, em seguida deu uma mordida no pão.

Era um pão salgado recheado com brócolis e nata, nada muito gorduroso, o que fez com que Raíssa, sem perceber, se sentisse satisfeita.

Depois de comer dois pães, Raíssa colocou o canudo no leite, mas não esperava que o líquido branco transbordasse pelo canudo.

"Onde estão os guardanapos?"

Com medo de sujar o carro, ela procurou os guardanapos, um pouco aflita.

— O guardanapo está no porta-luvas à sua frente. — Ouviu a voz de Alexandre ao lado.

Embora estivesse dirigindo, ele ainda assim percebeu que ela precisava de um guardanapo.

Enquanto pensava nisso, Raíssa abriu o porta-luvas, pegou o guardanapo e limpou as mãos.

Quando chegaram ao cartório, Raíssa já tinha terminado o café da manhã.

Alexandre observou enquanto ela jogava a sacola do café da manhã na lixeira próxima à entrada do cartório, tirando uma conclusão.

"O apetite dela está bom, então provavelmente ainda não apresenta sintomas evidentes de gravidez precoce."

Assim que entrou no cartório, Raíssa ficou atordoada, tomada por uma sensação irreal, quase como se aquilo não estivesse realmente acontecendo.

Durante todo o processo, ela parecia incapaz de pensar, apenas seguia Alexandre. Quando ele pedia para ela sorrir para a foto, ela sorria, quando ele pedia para ela preencher algum dado, ela preenchia.

Já Alexandre parecia saber de tudo, muito familiarizado com o procedimento de casamento.

No final, ela não conseguiu se conter e perguntou:

— Professor Alexandre, o senhor já foi casado antes?

Naquele momento, Alexandre estava entregando os documentos preenchidos por ambos ao funcionário. Assim que ela fez a pergunta, não apenas Alexandre, mas também o funcionário olhou para ela.

Raíssa percebeu que havia falado algo inadequado e ficou imediatamente constrangida.

— Por que essa pergunta? — Indagou Alexandre.

Com o rosto corado, Raíssa respondeu:

— É que o senhor parece muito familiarizado com o processo aqui.

Alexandre sorriu:

— O funcionário pode servir de testemunha, hoje é a primeira vez que me caso. Apenas me preparei com antecedência pela internet, não gosto de fazer nada sem planejamento. — Depois de dizer isso, lançou a ela um olhar profundo. — Você é a exceção.

O coração de Raíssa disparou descontroladamente por causa daquela frase.

"Ah, professor Alexandre, o senhor sabe o quanto essa frase mexe com uma pessoa?"
Continue to read this book for free
Scan code to download App

Latest chapter

  • Paixão Proibida: O Professor e a Esposa Delicada   Capítulo 447

    — Ah... — Ela ofegou instintivamente ao sentir a dor.Alexandre semicerrou os olhos, se agachando à frente dela:— Você se machucou? Quando você tomou banho, eu verifiquei e não vi nenhum ferimento. Deixa eu ver de novo. — Enquanto falava, estendeu a mão, querendo puxar a calça de Raíssa."Será que ele pode parar de falar essas coisas com esse tom tão sério?"Raíssa, ao mesmo tempo envergonhada e indignada, quase rangeu os dentes ao dizer:— Eu estou bem! Vai logo trocar os lençóis!Alexandre observou o rosto corado dela, e um sorriso surgiu nos lábios antes de se levantar:— Está bem, está bem, eu vou trocar os lençóis.Assim que Alexandre se levantou, seu olhar passou pela porta do quarto, e ele notou, de repente, uma pequena silhueta parada ali.— Kayra! — Exclamou Alexandre, surpreso.Ao ouvir o nome sair da boca de Alexandre, Raíssa se virou bruscamente para a porta. Lá estava Kayra, vestida com seu pijama, abraçada ao brinquedo favorito, olhando fixamente para eles."Estamos ferr

  • Paixão Proibida: O Professor e a Esposa Delicada   Capítulo 446

    Raíssa se sentiu envergonhada e, num impulso de frustração, mordeu o ombro dele. Alexandre soltou um gemido abafado e, em seguida, riu baixinho:— Você gosta mesmo de morder, hein?Durante aquele tipo de momento, qualquer frase podia ser interpretada com malícia. Raíssa, que entendeu com duplo sentido, sentiu o rosto queimar.A voz de Alexandre ficou mais rouca e profunda, reverberando nos ouvidos dela.— É melhor você não soltar.As silhuetas diante dos olhos dela se sobrepunham e, ao redor, se ouviam apenas os ofegos, cada vez mais urgentes e pesados, deixando o ambiente carregado de calor e tensão.Raíssa agarrava o pescoço dele enquanto mordia o dorso da própria mão, soltando gemidos suaves e manhosos do fundo da garganta....Depois, já limpa, Raíssa se sentou, mole, na cadeira, e observou Alexandre trocar os lençóis. O ar ainda estava impregnado de uma atmosfera de sensualidade ambígua.Alexandre se curvou para ajeitar o lençol, sem demonstrar o menor sinal de cansaço. Pelo contr

  • Paixão Proibida: O Professor e a Esposa Delicada   Capítulo 445

    — Coloca ela na cama! Rápido!Raíssa, ao ver a cena, imediatamente segurou o pulso de Alexandre. Alexandre permaneceu com Kayra nos braços, ambos os adultos observavam a menina com extremo cuidado, sem ousar fazer o menor barulho.Felizmente, Kayra apenas moveu levemente as pálpebras, mas logo voltou a fechá-las devagar. O casal soltou um suspiro de alívio ao mesmo tempo.— Kayra... — Raíssa tocou levemente o braço da filha, tentando verificar sua reação.Kayra não se mexeu, e sua respiração seguiu tranquila. Alexandre, com extremo cuidado, pegou a menina nos braços e saiu do quarto.Quando voltou de mãos vazias, Raíssa, ainda insegura, perguntou:— Ela realmente não acordou?— Não, continua dormindo. — Alexandre se deitou novamente na cama. Os olhares dos dois se encontraram e, de forma inexplicável, o ar entre eles começou a aquecer. — Nunca imaginei que, um dia, dormir com a minha esposa pareceria uma espécie de traição escondida.Raíssa, envergonhada com as palavras dele, deu nele

  • Paixão Proibida: O Professor e a Esposa Delicada   Capítulo 444

    A noite parecia tinta que não se desfazia, e o carro avançava pela estrada como uma flecha.Sentada no banco, Raíssa não conseguiu se conter e soltou uma risada. Alexandre, ao volante, lançou a ela um olhar de canto. Kayra, se inclinando curiosamente sobre o banco, perguntou:— Mãe, por que você está rindo?Claro, ela ria do que tinha acontecido naquela noite.Embora a intenção dela, no começo, fosse apenas fazer com que Alexandre aparecesse, para que Henrique enxergasse a realidade e desistisse, o efeito daquela noite acabou sendo melhor do que ela esperava. Assim que entrou no carro e se lembrou de tudo, não conseguiu segurar o riso.Raíssa se sentia completamente aliviada e satisfeita. Olhando para os grandes olhos de Kayra, perguntou:— Kayra, foi você quem quis usar esse vestido?Kayra balançou a cabeça e apontou para Alexandre:— Foi o pai que quis que eu usasse.— Ah, é? — Raíssa olhou para Alexandre com um sorriso enigmático. — E por que o seu pai quis que você usasse essa roup

  • Paixão Proibida: O Professor e a Esposa Delicada   Capítulo 443

    Se ouviu a voz de Alexandre, em um tom despreocupado:— Ser bonito realmente garante muita coisa. Tipo agora: a Raíssa lá em casa topa me bancar. — Ele disse isso como se fosse motivo de orgulho.Henrique soltou um riso sarcástico, mas, antes que pudesse dizer algo, uma voz hesitante soou repentinamente:— Professor Alexandre?Quem falou foi Clara, que saiu do banheiro e, curiosa com o burburinho, se aproximou. Ao ver Alexandre, ela ficou visivelmente atônita. Esfregou os olhos e olhou novamente, como se quisesse confirmar o que via."Professor?"Os colegas de Raíssa ficaram surpresos ao ouvir esse título."Não disseram que ele era apenas um professor comum? Como assim 'professor titular'? E ainda tão jovem? Já tinha esse título, e tão jovem?"Ao lado, Henrique foi tomado por uma premonição desagradável.Alexandre voltou os olhos em direção a Clara:— Você me conhece?— Sim, sim! — Respondeu ela, empolgada. — Professor Alexandre, eu me formei na Escola de Medicina da Ilha do Sol! Tive

  • Paixão Proibida: O Professor e a Esposa Delicada   Capítulo 442

    O homem tinha uma silhueta esguia e imponente, traços faciais bem definidos, ossatura privilegiada, sobrancelhas proeminentes e olhos profundos. Ele parecia uma árvore robusta, exalava uma aura serena e pura, como o brilho frio e límpido da lua cheia.Cada passo que dava era firme e controlado, revelava uma calma inabalável. Em seus olhos negros e suaves se refletia a silhueta de uma mulher.Ao seu lado, ele segurava pela mão uma menininha vestida com um vestido rosa fofo e volumoso. Ela saltitava ao caminhar, e sua pele tinha um tom rosado delicado. Os traços do rosto reuniam o melhor dos pais, especialmente os olhos grandes, escuros e brilhantes, que cativavam o coração de qualquer um à primeira vista, despertavam a vontade irresistível de acariciá-la.Raíssa sabia que Alexandre e Kayra viriam, mas jamais imaginou que fariam uma entrada como aquela. Se fosse para parecerem formais, o traje de Alexandre pendia mais para o casual, o que o fazia parecer cinco ou seis anos mais jovem. Ma

More Chapters
Explore and read good novels for free
Free access to a vast number of good novels on GoodNovel app. Download the books you like and read anywhere & anytime.
Read books for free on the app
SCAN CODE TO READ ON APP
DMCA.com Protection Status