Sete Vezes sem Aparecer e Uma Despedida

Esperei por Breno no cartório até o expediente do funcionário acabar.

No início, quando liguei para ele, ele apenas disse que estava ocupado e pediu que eu aguardasse.

Esperei mais duas horas; quando tentei ligar novamente, já não era mais possível completar a chamada.

Ninguém atendeu o telefone.

O formulário de registro de casamento que eu segurava já estava completamente amassado na minha mão.

— Senhorita, já estamos encerrando o expediente. Ainda deseja realizar o registro de casamento? — Perguntou um dos funcionários, não conseguindo conter a curiosidade ao me ver ali o dia inteiro.

Voltei a mim e balancei a cabeça levemente.

— Obrigada, não vou mais registrar.

Ao sair do cartório, alguns funcionários que estavam indo embora passaram por mim cochichando.

— Acho que já vi essa moça algumas vezes. Sempre vem sozinha para se casar.

— Agora que você falou, também me lembro. Acho que toda vez ela fica esperando alguém, mas a outra pessoa nunca aparece.

Meu rosto estava inexpressivo, mas por dentro eu estava em pedaços, sangrando em silêncio.

Senti tanta vergonha que não consegui levantar a cabeça, e acelerei o passo instintivamente.

Afinal, essa já era a sétima vez que eu ia ao cartório esperar por Breno!

Mal tinha saído do cartório e me preparava para chamar um táxi, Breno apareceu.

Ele veio correndo, ofegante, com uma expressão de leve culpa no rosto.

— Desculpe mesmo, Lívia. Hoje apareceu uma emergência na empresa. Não cheguei muito tarde, cheguei?

Sorri silenciosamente.

Na última vez que fomos registrar, ele disse que teve um problema na empresa.

Na penúltima vez, também foi um problema na empresa.

Nem vou falar das outras vezes, desta, ele repetiu o mesmo pretexto.

Nem tive disposição para desmascará-lo, apenas balancei a cabeça e disse:

— Já chegou tarde, os funcionários acabaram de sair.

Breno pareceu ficar indignado.

Olhou para o relógio no pulso e então, furioso, culpou os outros:

— Esses funcionários são mesmo preguiçosos, sempre saem pontualmente, nem esperam um minuto a mais.

Enquanto falava, aproximou-se e segurou minha mão, colocando-a em seu peito, que subia e descia como se estivesse exausto.

— O trânsito estava horrível. Veja, vim correndo o caminho todo, estou morto de cansaço.

Fitei-o sem reação, contendo a ardência no nariz.

Ninguém é tolo.

Eu sabia muito bem se Breno tinha mesmo corrido.

Mordendo o lábio inferior, pela primeira vez o questionei:

— Se você realmente veio correndo, depois de uma distância tão longa, por que não tem nem uma gota de suor em você?

Sua testa estava completamente seca.

Nem sinal de umidade, quanto menos suor.

Assim que terminei a frase, o rosto de Breno se transformou.

Ele franziu o cenho, o olhar assumiu um tom de raiva e a voz subiu vários graus.

— O que você quer dizer com isso? Está me chamando de mentiroso? De que estou evitando casar com você de propósito?

— Eu corri tanto e você não acredita em mim? Lívia Silva! Nunca pensei que você pudesse ser tão fria e injusta!

Mas esse tipo de grito histérico, aos meus olhos, só deixava mais evidente sua culpa.

Massageei a testa, de repente sem vontade de discutir ou continuar me envolvendo com ele.

— Breno, se você realmente chegou atrasado ou não, só você sabe.

Virei-me para ir embora.

A voz dele, fria e cruel, veio logo atrás.

— Pois bem, eu sei. Então tenha coragem de nunca mais me procurar, pare de ficar atrás de mim, implorando para eu casar com você!

— Quero ver quanto tempo você vai aguentar dessa vez!

Desta vez, orgulhosamente, não olhei para trás.

Só que meu lábio já estava marcado profundamente de tanto morder.

Mal dei dois passos, chegou uma mensagem no meu celular.

[Lívia, não conseguiu casar dessa vez, né? Que pena! Mas não faz mal, vou esperar você pedir pela oitava vez para o Breno ir casar, viu!]