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Capítulo 7

Author: Isabelly Cardoso
Depois de colocar as compras na casa nova e organizar tudo, Jaqueline voltou para a mansão da família Freitas.

Quando acendeu a luz, viu Edson sentado no sofá, com uma cara fechada olhando para ela.

Ela trocou de sapato, passou por ele sem dizer uma palavra, sem dar a menor bola.

Mas, de repente, Edson segurou a mão dela e a empurrou no sofá.

O braço machucado de Jaqueline bateu com força, e ela ficou pálida de dor na hora.

Mas Edson já tinha esquecido que ela estava machucada e, como sempre, com a cara fechada, começou a reclamar:

— O que aconteceu com você hoje? Jaqueline, está se achando agora, né? Me bloqueou no WhatsApp! E eu pedi para você ir no hospital, por que você não foi?

Durante os últimos três anos, sempre que ele estava de mau humor, descontava nela.

As broncas eram o menor dos problemas. Às vezes, ele perdia o controle e chegava a empurrar ela.

Na pior vez, ela bateu com as costas no armário, ficou toda roxa e teve que ficar três dias deitada na cama.

Depois, ele sempre pedia desculpa, dizia que não tinha feito por mal.

Ela entendia que ele estava doente e por isso tentava relevar.

Mas ele já conseguia ficar de pé naquele momento, não era mais aquele Edson que se abandonava. E ela não ia aceitar mais ser tratada daquele jeito.

Com a voz fria, Jaqueline falou:

— Você bloqueou meu número, então por que eu não posso bloquear você no WhatsApp? E eu não sou empregada da Violeta, se ela se machucou, não é problema meu, não tenho obrigação de cuidar dela.

Edson não entendeu por que ela falou que ele tinha bloqueado o número dela.

Ele pegou o celular, quando abriu a lista de bloqueios, viu que o número da Jaqueline estava lá.

Foi aí que lembrou que tinha bloqueado mesmo, mas já tinha esquecido o motivo.

Ele coçou a cabeça, irritado, olhando cansado para ela.

Jaqueline sempre tinha sido obediente, mas ultimamente estava difícil de lidar. Ele até percebeu que fazia um tempo que não comia a comida dela e sentiu falta.

Ele não era burro, e logo percebeu que andava deixando ela de lado.

Para tentar que ela voltasse a se dedicar à casa e cuidar do que precisava, falou num tom mais calmo:

— Tá bom, a gente se igualou nessa de bloquear no WhatsApp. Quanto à Violeta, você não precisa ir no hospital cuidar dela, mas tem que fazer as três refeições todo dia e levar para ela. — Ele tirou um cartão extra da carteira e continuou. — Se você estiver chateada, pode sair e comprar umas roupas, tudo bem. Só não fique brigando com a Sarah e falando besteira que vira motivo de piada. Eu nunca pensei em me separar de você, então nem fale mais nisso. Esse cartão é seu, limite de vinte mil por mês. Considere isso como um auxílio meu para você. Sua mãe não está precisando mais de remédio agora, mas ainda vai precisar de suplementos depois. Então, com esse cartão, você não precisa mais pedir dinheiro para mim.

Ele sabia que ela estava sem dinheiro.

Se desse um pouco mais de dinheiro, ela com certeza ia colaborar.

Jaqueline olhou para aquele cartão e sentiu uma ironia enorme.

Durante aqueles três anos, toda vez que ela pedia dinheiro, ele sempre fazia questão de agir como se estivesse fazendo um favor, deixando ela constrangida.

E, naquele momento, ele queria dar um cartão adicional para ela? Ela não queria mais.

O contrato de três anos tinha acabado, e a mãe dela já estava melhor. Ela não precisava mais dele.

Naquele momento, ela só queria se afastar dele.

Ela empurrou o cartão e falou, com um tom de deboche:

— Não precisa, eu não quero.

Edson franziu a testa e olhou para ela.

— Vinte mil não foi suficiente? Quanto você quer então?

Ele achava que já tinha sido generoso o bastante com ela.

Mesmo não amando ela, ele ainda estava disposto a bancar a vida dela e o tratamento da mãe.

Do que mais ela estava reclamando?

Jaqueline respondeu friamente:

— Eu não quero nada seu. Só quero o divórcio. Aliás, você já assinou o acordo, a gente pode terminar isso de boa.

— Que acordo? — Perguntou Edson, confuso.

Quando ele teria assinado aquilo?

Jaqueline deu uma risadinha sarcástica:

— Você não lembra? Da última vez...

Antes que ela terminasse, o celular de Edson tocou.

Ele atendeu, e a voz aflita de Sarah veio do outro lado:

— Mano, a Vivi desmaiou!

Na hora, o rosto dele mudou completamente.

— Como assim? Espera aí que eu já vou.

Sem olhar para Jaqueline, ele saiu apressado.

Ela já sabia que seria assim.

Com quem Edson mais se importava era Violeta.

Quando ela saísse da vida dele, ele poderia finalmente ficar com a Violeta.

E ela, por sua vez, finalmente estaria livre.

...

Edson não tinha voltado para casa há uma semana.

Jaqueline, é claro, não ia se meter nos assuntos dele para não se humilhar.

Ela pegou o celular e abriu o Instagram, de repente viu uma postagem da Sarah no Story.

A foto era de uma passagem de avião.

Na legenda, estava escrito: "Que sorte! Vou aproveitar a viagem do meu irmão e da cunhada para ver a aurora boreal na Islândia!"

Foi só então que Jaqueline entendeu: Edson e Violeta tinham viajado, por isso ele nem tinha mandado a assistente lembrar ela de levar comida para Violeta.

Ela não chegou a sentir ciúmes, só achou que Violeta ter se machucado foi pouco.

Naquele momento, Manuela ligou para ela.

— Jaque, na semana que vem vai ter minha festa de aniversário, você vem, né?

Jaqueline ficou em silêncio por uns segundos, depois respondeu:

— Tá bom, eu vou.

Manuela sempre tinha sido boa com ela. Antes do divórcio, ir pela última vez ao aniversário dela era algo que Jaqueline ainda fazia de coração.

Manuela logo deu uma risada animada, mas não conseguiu esconder um tom de tristeza:

— Para ser sincera, Jaque, eu gosto tanto de você... Pena que o Edson não sabe te valorizar.

Na cabeça de Manuela, Jaqueline podia não ter uma família nobre, mas era mais paciente e sabia suportar mais do que Violeta, bem mais adequada para ser esposa de Edson.

Mesmo assim, ela não conseguiu resistir à vontade do filho. Já que ele não conseguia esquecer Violeta, ela só podia aceitar que Jaqueline fosse embora.

...

No segundo dia depois que Edson e Violeta voltaram para o país, justamente aconteceu a festa de aniversário de Manuela.

Como Edson não voltou para casa, Jaqueline foi direto para a mansão da família Freitas.

Assim que entrou no salão de festas, viu Edson impecável num terno bem cortado, e Violeta usando um vestido champanhe de ombro a ombro.

Os dois estavam de mãos dadas, íntimos, parecendo um casal perfeito.

Os convidados se reuniram ao redor deles, elogiando como combinavam bem juntos.

Violeta, ouvindo os elogios, ficou com o sorriso no rosto ainda mais radiante.

Jaqueline ficou quieta, encostada num canto do salão, sem se aproximar.

Naquele momento, Edson a viu. Ele franziu a testa e foi até ela.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntou ele, num tom baixo.

Os convidados naquela noite eram todas pessoas importantes de Rivéria, e Edson não queria que ninguém soubesse que Jaqueline era sua esposa.

Ela respondeu, sem emoção:

— Foi a sogra que me pediu para vir.

Edson resmungou, impaciente:

— Depois de dar parabéns para ela, você vai embora logo, viu? Não deixe ninguém saber quem você é.

Assim que terminou de falar, ele virou as costas e se afastou rápido.

Um convidado curioso perguntou quem era Jaqueline.

Edson lançou um olhar indiferente para ela e respondeu:

— Assistente.

Jaqueline forçou um sorriso de canto de boca.

Na cabeça dele, ela não merecia o título de "Sra. Freitas".

Só quando estavam em reuniões íntimas, com pessoas próximas da família Freitas, é que ele a levava junto, apresentando como esposa.

Mas em festas importantes como aquela, com tanta gente presente, ele jamais a admitiria.

Naquele momento, Violeta subiu ao palco e tocou uma música no piano.

A melodia soou suave, arrancando elogios de todos ao redor.

Quando terminou, Violeta desceu do palco e se agarrou no braço de Edson.

— A Srta. Violeta se formou na Royal Academy of Music, né? Que talento maravilhoso! — Alguém comentou.

Violeta sorriu, meio tímida, e se encostou ainda mais em Edson.

Os elogios faziam Edson se sentir ainda mais orgulhoso.

Na cabeça dele, Violeta, bonita e de família tradicional, com diploma de prestígio e dom artístico, era a parceira ideal.

Quanto à Jaqueline, ela só servia para cuidar da casa. Levar ela para festas não passava de uma vergonha.
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