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Capítulo 6

Author: Isabelly Cardoso
Ela escolheu quatro conjuntos de roupa adequados no shopping, além de dois pares de sapatos confortáveis, e gastou mais de três mil reais no total.

Ela carregava as sacolas de compras, se sentindo de bom humor.

Depois que o pai dela faleceu, ela não comprava mais roupas caras.

Mesmo quando acompanhava Edson em eventos, usando vestidos de festa bem caros, aqueles vestidos não eram dela de verdade.

As roupas que ela usava no dia a dia eram bem simples.

E Edson, às vezes, fazia piada e zoava ela dizendo que era meio "caipira".

Ele nunca pagava as roupas dela, mas sempre bancava as da Violeta.

Ela tinha descoberto, numa conversa com Sarah, que Edson todo ano encomendava roupas de várias marcas internacionais famosas e mandava direto para Violeta.

Com uma diferença tão óbvia assim, se ela ainda se iludisse achando que tinha algum valor especial, aquilo seria no mínimo ridículo.

Quando ela saiu do shopping, deu justamente de cara com a Sarah.

Sarah tirou os óculos escuros, viu as sacolas nas mãos dela e falou com desdém:

— Jaqueline, a Vivi se machucou por sua causa e está internada. Você nem foi visitar ela no hospital, e ainda tem a coragem de ficar aqui fazendo compras? Você vive às custas do meu irmão, usa o que é dele, e agora ainda tem coragem de bancar a mandona assim?

Jaqueline respondeu com ironia:

— Você sabe muito bem por que ela se machucou. Eu não sou boba para virar uma empregada de amante. E o que eu comprei é tudo com meu dinheiro.

Sarah deu uma risada de desprezo:

— Que dinheiro seu? Você nem trabalha, de onde tirou dinheiro?

Jaqueline respondeu com calma, com argumentos claros:

— A Vera recebe vinte e oito mil por mês. Eu sou a esposa legítima do seu irmão, cuido dele, preparo as refeições, acompanho a reabilitação... Se ele me dá um dinheiro para ajudar nas despesas, eu ainda tenho que ficar ajoelhada agradecendo?

— Você!

Sarah não esperava que Jaqueline tivesse mudado tanto.

Antes, ela era molezinha, naquele momento estava afiada na língua.

— Você não tem medo do meu irmão te largar? — Sarah sabia o quanto Jaqueline amava o irmão dela.

Antes, quando o Edson nem dava muita bola para Jaqueline, ela ainda assim insistia, sem vergonha nenhuma.

— É melhor você me pedir desculpas, senão eu vou contar tudo para o meu irmão! Ele já está bem chateado com você por causa da Vivi, se eu falar mais umas coisas ruins, ele com certeza vai te abandonar, viu?

Jaqueline nem ligou e respondeu:

— Sério? Que ótimo, então. Eu também estou de saco cheio dele e não quero mais ele, já estamos quase divorciados, você não sabe?

Se o pai dela ainda estivesse vivo, Jaqueline teria sido uma filha mimada e cheia de privilégios, nunca teria aguentado uma burra sem noção como a Sarah.

A vida a obrigou a engolir sapos nos últimos três anos.

Só que agora, com o divórcio chegando, ela não tinha mais medo de nada.

— Divórcio? — Sarah ficou surpresa de que Jaqueline, que sempre adorou o irmão dela, quisesse se separar. Mas logo ela entendeu tudo e continuou. — Você não vai usar o divórcio para ameaçar meu irmão e fazer ele largar a Vivi, né? Já te aviso, isso é impossível! Meu irmão ama demais a Vivi, não vai cair nessa sua! Não faz besteira, porque aí não tem volta! Depois do divórcio, você acha que vai achar um homem melhor que meu irmão?

Jaqueline não se apegou nem um pouco e falou:

— Pode ficar tranquila, eu não vou voltar atrás. Se a Violeta quiser o Edson, pode ficar com ele!

Dito aquilo, ela se endireitou e saiu toda orgulhosa.

Sarah ficou olhando para as costas dela, estava tão irritada que parecia que ia explodir.

Ela rosnou com os dentes cerrados:

— Sua vadia! Você vai ver, Jaqueline. Eu já vou contar para o meu irmão, ele vai acabar com você!

...

Hospital Privado do Grupo Freitas.

Edson ficou parado do lado de fora do quarto, olhando o celular, com um incômodo que não sabia explicar.

Jaqueline realmente teve coragem de bloquear ele?

Como ela ousou?

Aquela mulher andava cada vez mais cheia de si nos últimos tempos.

Sarah apareceu no fim do corredor e, ao ver Edson, reclamou na hora:

— Mano, você precisa dar um jeito na Jaqueline! Essa mulher está cada vez mais sem noção. Hoje eu vi ela no shopping, comprando um monte de roupas e ainda falou grosso comigo! Ela está gastando à toa assim, acha que o seu dinheiro cai do céu?

— Ela foi para o shopping fazer compras? — Edson perguntou, surpreso.

Na cabeça dele, Jaqueline sempre foi econômica, usava as mesmas roupas de sempre, meio sem graça e sem estilo.

Ela também sabia comprar roupas novas? Edson achou inacreditável.

Sarah confirmou com a cabeça:

— Sim, e com certeza usou seu cartão, mano! Você tem que bloquear esse cartão logo para ela não sair gastando seu dinheiro à toa!

Ao ouvir as palavras de Sarah, Edson ficou parado, sem reação.

Além da mesada que dava para ela, ele não tinha liberado nenhum cartão de crédito.

— Mano, por que está parado assim? Com certeza você deu um cartão extra para ela, né? Senão, como ela teria dinheiro para isso?

Edson lembrou que tinha dado para Sarah um cartão extra com limite de um milhão por mês.

Por algum motivo, um sentimento de culpa surgiu dentro dele em relação à Jaqueline.

— Eu... Não dei nenhum cartão extra para ela.

— Não deu? Então você faz depósito direto na conta dela? Quanto você manda por mês? Dá para bloquear a conta dela no banco? — Sarah perguntou, preocupada.

Afinal, era o dinheiro do irmão dela, não podia deixar aquela mulher gastar à toa.

A voz de Edson ficou mais fraca:

— Eu só mandava pouco mais de trinta mil por mês...

— Trinta mil? — Naquela vez, foi Sarah quem ficou boquiaberta. — Mano, isso é muito pouco, nem dá para comprar um par de sapato decente.

Sarah lembrou então da sacola de compras que tinha visto na mão de Jaqueline, com um logo que não parecia de marca de luxo.

Ela até achava que Jaqueline era coitada, mas logo lembrou que o irmão dela bancava o tratamento da mãe da Jaqueline, que tinha problemas mentais e estava internada.

— Então você pagava o tratamento da mãe dela, né?

Edson também se lembrou daquilo.

A mãe da Jaqueline precisava de tratamento que custava mais de cem mil por mês, e era ele quem bancava tudo.

Ele chamou a assistente imediatamente:

— Corte o pagamento do tratamento da mãe da Jaqueline. Quero ver ela vir pedir dinheiro ajoelhada.

Embora a assistente não entendesse o motivo, ela acabou fazendo do jeito que mandou.

Ela ligou para o hospital e depois se voltou para Edson:

— O hospital disse que a Sra. Suzana foi transferida para um quarto comum há seis meses. Desde então, as despesas médicas têm sido pagas pela própria senhora, não tem nada a ver com o seu dinheiro.

Edson ficou chocado:

— Impossível!

Ele lembrava que tinha assinado uma autorização para a conta de hospital uns dias atrás.

Se não era o tratamento da mãe da Jaqueline, então o que era?

Edson ficou ainda mais irritado.

Sarah ouviu o que a assistente disse e não conseguiu esconder a dúvida:

— Será que o que ela falou era verdade? Será que ela realmente está pensando no divórcio?

Quando Edson ouviu a palavra "divórcio", parecia que alguém tinha mexido com ele de um jeito irritante, e o rosto dele ficou gelado na hora.

— Divórcio? Ela falou isso?

Sarah confirmou com a cabeça:

— Foi ela. Naquele momento, a Jaqueline parecia bem séria. Mano, será que ela está falando sério, ela vai se separar de você? — Ela ficou toda animada e continuou. — Mas isso é uma boa notícia, né? Antes, você queria que aquela mulher sem-vergonha fosse embora, e ela não saía. Agora, parece que ela finalmente se tocou. Mano, se separe logo dela e case com a Vivi!

— Quem disse que eu quero me separar? — Edson gritou para Sarah de repente.

Sarah ficou meio sem reação, surpresa com a reação dele.

— Mano, você não gostava só da Vivi?

Edson também pensava assim no fundo. Mas quando pensava em se divorciar de Jaqueline, ele não conseguia evitar sentir uma mistura de incômodo e irritação.

— Eu nunca pensei em me separar.

Sarah perguntou, incrédula:

— E a Vivi, então?

Aquela pergunta deixou Edson numa saia justa.

Ele também percebeu que a Vivi ainda gostava dele.

Mas, afinal, Jaqueline estava ao lado dele há três anos.

Foi graças a ela que ele conseguiu se reerguer.

Ele se sentia em dívida com Jaqueline e achava que o único jeito de compensar era o casamento.

Mas ele também não queria fazer a Vivi sofrer. No futuro, ele ia cuidar bem da Vivi, compensar ela direito.

Ele não queria mudar a situação atual.
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