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Capítulo 8

Author: Isabelly Cardoso
Jaqueline observou ele andando de braço dado com Violeta, circulando pelo salão e cumprimentando todo mundo. Achou aquilo tudo muito sem graça.

Seus olhos procuraram por Manuela e, ao notar que ela estava cercada por várias mulheres influentes, decidiu não se aproximar.

Quando finalmente Manuela ficou sozinha, Jaqueline se aproximou para entregar seu presente.

Manuela a encarou com um olhar complicado:

— O divórcio sai em cinco dias... Jaque, eu realmente não queria te perder.

Naquela época, depois que Edson perdeu o movimento das pernas, ele ficou extremamente insuportável, descontava a raiva em todo mundo, batia e xingava sem motivo. Manuela chegou a contratar mais de dez cuidadores, mas todos acabaram fugindo de medo dele.

No fim das contas, sem saída, Manuela teve a ideia de arrumar uma substituta. E deu sorte de encontrar uma menina tão doce e paciente quanto Jaqueline.

Jaqueline encarou Manuela e sorriu de forma calma:

— Quando eu tiver tempo, vou te visitar, Sra. Manuela.

Já que o divórcio estava certo, não tinha mais por que chamar ela de sogra.

Manuela assentiu, com os olhos marejados. Ela tirou um cartão do bolso da bolsa e enfiou na mão de Jaqueline:

— Aqui tem um milhão. É a compensação que eu te prometi. E aquela mansão, já está tudo pronto. Amanhã eu peço para a minha assistente te acompanhar para fazer a transferência.

Jaqueline olhou para o cartão, não recusou e guardou. Mesmo que o casamento com Edson fosse só um acordo, ela acreditava que tinha todo o direito de aceitar aquela compensação sem peso na consciência.

Ela tinha cumprido todas as obrigações de esposa, além de ter aguentado os surtos de Edson, suas traições, suas agressões...

Por causa dele, Jaqueline viveu três anos sem nenhuma dignidade.

— Mãe, o que você deu para a Jaqueline? E o que você falou dessa tal transferência? — Sarah apareceu do nada, cheia de curiosidade.

Manuela olhou com irritação para ela:

— Não é da sua conta. Pare de ser fofoqueira.

Sarah reclamou, cruzando os braços:

— Mãe, aposto que você deu dinheiro para ela pelas costas, né? Ela já vive às custas do meu irmão todo mês, ainda quer arrancar mais? Não se deixe enganar! Ela é interesseira! Foi porque meu irmão não teve saída que casou com ela. Agora que ele está bem, não precisa mais dela. Então deve mandar ela embora de uma vez! — Depois, ela olhou furiosa para Jaqueline e disparou. — Jaqueline, você casou com meu irmão, mora numa casa enorme, tem empregada para te servir... Ainda quer mais o quê? Se continuar querendo se aproveitar, vou mandar meu irmão te dar uma lição!

Nos últimos dois anos, sempre que Edson perdia a cabeça e humilhava Jaqueline, Sarah estava lá, assistindo tudo. Na cabeça dela, Jaqueline não passava de um objeto do irmão, que podia ser mandada embora ou castigada quando quisesse.

Jaqueline não quis perder tempo discutindo com ela e se virou para ir embora.

Sarah tentou segurar ela, ainda querendo dar uma lição nela, mas Manuela a impediu.

Com pouca paciência, Manuela disse:

— A Jaque não é do jeito que você pensa. Ela já prometeu se divorciar do seu irmão.

Os olhos de Sarah brilharam na hora.

— Sério? Ela topou assim, tão fácil?

Manuela lançou um olhar impaciente e suspirou:

— Pare de arrumar confusão. Esses três anos não foram fáceis para ela. Ela cuidou do seu irmão melhor que qualquer enfermeira ou cuidadora. Foi de coração. E, além disso... — Ela fez uma pausa, então falou o que realmente pensava. — Eu dei dinheiro para ela como compensação, mas também para ela ficar de boca fechada. Assim ninguém por aí fica dizendo que meu filho se aproveitou dela por três anos de graça!

Um milhão e uma mansão não eram nada para a família Freitas.

Se Jaqueline realmente fosse embora em paz, seria até melhor.

Sarah não se conteve e perguntou de novo:

— Então, o mano podia casar com a Vivi, né?

O rosto de Manuela ficou gelado na hora e ela disse firmemente:

— A Violeta pode ser namorada, amante, o que quiser! Mas quer o lugar de Sra. Freitas nessa vida? Nem pensar!

Ela não se esqueceu do motivo pelo qual o filho tinha ficado paralítico!

Aquela traidora ainda queria virar nora dela? Só sonhando!

Assim que o filho se divorciasse, ela mesma ia arranjar outro casamento para ele.

...

Jaqueline estava prestes a ir embora quando ouviu Violeta chamar por ela.

— Jaqueline!

Violeta vinha na direção dela, usando o paletó de Edson sobre os ombros. Jaqueline, na verdade, não queria falar com ela, mas Violeta claramente não a deixaria sair fácil assim.

— O que foi? — Perguntou Jaqueline secamente.

Violeta sorriu e colocou o lenço na mão dela.

— Eu acabei sujando meu lenço agora há pouco. Foi o Edi que comprou para mim na Islândia, é caríssimo e só dá para lavar na mão. O Edi disse que você lava roupa melhor que qualquer empregada. Será que pode dar uma força para lavar para mim?

Jaqueline sentiu aquilo como uma humilhação.

— Vai se ferrar, eu não sou sua empregada!

Ela tentou sair, mas Violeta segurou sua mão, sem disfarçar o tom arrogante que nunca usava na frente de Edson.

— Como você se atreve a falar assim? Quem você pensa que é, hein? No fim das contas, não passa de um brinquedinho para servir os outros. Está se achando a Sra. Freitas agora?

Cada palavra nojenta fez o sangue de Jaqueline ferver ainda mais.

Ela levantou a mão e deu um tapa na cara de Violeta, sem hesitar.

Naquele momento, Edson apareceu com um pratinho de bolo e viu Violeta sendo esbofeteada. Ele correu até ela e a amparou com cuidado.

— Vivi, você está bem?

Violeta segurava o rosto, com os olhos cheios de lágrimas, se aninhou no peito dele e choramingou:

— Eu estou bem, Edi, não fique bravo com a Jaqueline, ela só ficou irritada porque ficou com ciúmes, achou que eu estava te roubando dela... Eu entendo, a culpa foi minha...

Edson, ouvindo aquilo, lançou um olhar frio e cortante para Jaqueline.

— Jaqueline, você tem um minuto para me explicar o que acabou de fazer.

Mas Jaqueline, ouvindo Violeta virar tudo contra ela, não quis nem perder tempo explicando. Ela respondeu com a voz calma:

— Essa vadia mereceu. Eu dei na cara dela mesmo. Tenho que explicar o quê?

Edson respirou fundo, claramente furioso, com o olhar tão gélido que parecia capaz de engolir Jaqueline viva. Se não fosse pela presença dos convidados, ele teria partido para cima dela ali mesmo.

Sabendo que ele gostava de manter a imagem, Jaqueline levantou o queixo e falou com arrogância:

— Se você não tem mais nada para dizer, então eu vou embora.

Ela virou as costas e saiu, mantendo as costas eretas como se nada a abalasse.

Violeta, vendo que Edson não tinha defendido ela, chorou ainda mais, as lágrimas caíam feito chuva, toda dramática.

— Edi... Está doendo tanto...

Edson a consolou, falando baixinho:

— Shh, não chore mais. Hoje à noite, eu fico com você. E vou dar um jeito de fazer ela pagar por isso.

Violeta assentiu, com um ar frágil.

— Tá bom... Você é o melhor para mim, Edi.

...

Jaqueline voltou para o condomínio.

O segurança da portaria a viu e falou:

— Sra. Freitas, chegou uma encomenda sua, mas o entregador se confundiu de prédio. A vizinha mandou a empregada deixar a encomenda no quinto andar da administração. Você precisa ir buscar lá.

Jaqueline pegou o celular, curiosa para saber qual encomenda tinha se perdido.

Chegando no prédio da administração, ela entrou no elevador.

De repente, as luzes do elevador apagaram.

Ela rapidamente acendeu a lanterna do celular e apertou o botão de emergência, mas não deu sinal nenhum.

Ela tentou ligar para a administração, mas o celular perdeu o sinal. E a bateria já estava acabando.

Logo, a lanterna do celular também apagou.

Ela tinha cegueira noturna, e presa naquele espaço escuro e apertado, sentiu como se alguém estivesse apertando seu pescoço. Aos poucos, começou a ficar sem ar.

O medo da morte invadiu sua mente como uma onda.

Ela abraçou a cabeça com as mãos, se encolheu no canto do elevador, tremendo sem conseguir se controlar.

Ela lembrou da noite em que o pai dela tinha pulado do prédio, quando ela foi até o prédio do Grupo Silva procurar por ele.

...

Naquela época, o escritório dele estava completamente escuro.

Ela acendeu a lanterna do celular e viu o pai sentado sozinho no parapeito, bebendo.

Quando ele percebeu que ela estava lá, deu um sorriso fraco, meio estranho.

Ela se assustou, deixando o celular cair no chão.

A luz apagou. Ela ficou sozinha na escuridão.

Um medo sem fim tomou conta do seu peito.

Não sabia quanto tempo tinha passado quando ouviu gritos do lado de fora:

— Alguém pulou do prédio!

As lágrimas começaram a cair.

Tic, tic...

O mundo dela desabou ali...

...

No elevador, ela passou a noite lutando contra o medo.

No dia seguinte, o pessoal da administração finalmente abriu a porta.

Ao ver ela, todo mundo ficou surpreso.

— Sra. Freitas, o que você está fazendo aqui? Esse elevador já estava quebrado faz tempo, você não viu o aviso? Opa, quem será que rasgou o adesivo do aviso?
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