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Capítulo 4

Penulis: Laranja Rica
Clarissa não quis mais nenhuma conversa com ele e se afastou. O quarto ficou em silêncio, e Renato observou as costas dela se distanciando, com os olhos carregados de emoções profundas. Bianca soltou um suspiro baixo:

— Renato, parece que ela ainda está magoada com aquilo.

Renato apertou os lábios sem dizer nada. Olhou pela janela e viu a tempestade que começava lá fora. Deixou a marmita sobre a mesa e saiu correndo atrás dela.

O tempo mudava de uma hora para outra de forma imprevisível. Quando Clarissa saiu do escritório, foi impedida de avançar pela chuva forte que caía na entrada do hospital. Foi justamente naquele momento que chegou uma mensagem de Rodrigo: [Surgiu uma reunião de última hora aqui, não vou conseguir te buscar agora.]

Clarissa não queria incomodá-lo de propósito e digitou de volta: [Relaxa, vou pegar um Uber. A gente se vê em casa.]

Assim que enviou a mensagem, saiu da conversa e abriu o aplicativo de transporte. Viu a palavra "aguardando" na tela e soltou um suspiro baixo. A tempestade não dava sinais de diminuir. Enquanto Clarissa estava ali, meio preocupada, uma voz fria soou atrás dela:

— A chuva não vai parar tão cedo. Deixa eu te levar.

Clarissa franziu as sobrancelhas e manteve os olhos baixos, tentando fingir que não havia ouvido a voz dele. Mas a recusa silenciosa não foi suficiente para afastar o homem que estava ao lado dela. Os dois pareciam estar travando uma batalha invisível, chamando a atenção de várias pessoas que passavam por ali.

No meio daquele silêncio tenso, Renato ergueu os olhos e a encarou, chamando o nome dela com calma:

— Clarissa...

— Não precisa me chamar. Se tem algo para falar, fala logo. — Interrompeu Clarissa com frieza. Ela não gostava quando ele dizia o nome dela, e muito menos quando ele a olhava com aqueles olhos que pareciam carregados de sentimento. Aquilo a deixava desconfortável e com frio por dentro.

Ela desviou o olhar dele de propósito e ficou observando a chuva torrencial lá fora, com uma expressão teimosa no rosto. Renato baixou os olhos para os dedos dela, que apertavam a manga da blusa com força, e algo piscou em seu olhar antes de dizer devagar:

— Sobre aquela noite...

As palavras de desculpa que ele ia dizer foram interrompidas pelo toque insistente do celular. Era Rodrigo ligando. Clarissa atendeu sob o olhar fixo de Renato, e sua expressão ficou mais suave ao ouvir a voz preocupada do amigo. Respondeu com calma:

— Sério, está tudo bem. Você não precisa vir me buscar. A gente conversa quando eu chegar.

Não dava para ouvir o que ele estava dizendo do outro lado, mas ela sorriu de leve e disse:

— Eu não sou mais criança. Vai lá, cuida do que você precisa.

Os olhos profundos de Renato ficaram fixos nela, observando em silêncio aquele sorriso doce que aparecia no rosto dela por causa de outro homem. O maxilar dele se contraiu de forma quase imperceptível. Antes, aquele tipo de sorriso era algo que ela só mostrava para ele. A última vez que ele havia visto Clarissa sorrir assim para ele foi na manhã do acidente.

Ela havia dito com um sorriso suave e caloroso:

— Renato, vou te esperar voltar do trabalho hoje à noite.

Mas naquela noite, quando ele chegou ao hospital, o que assinou foi o aviso de estado crítico dela...

As lembranças foram interrompidas no momento em que ela se preparou para ir embora.

— Clarissa. — Chamou Renato, segurando o pulso dela quase por instinto.

— Não encosta em mim! — Clarissa recuou com repulsa, franzindo as sobrancelhas ao olhar para ele. — O que você quer dizer afinal?

Renato viu com clareza a aversão nos olhos dela. Hesitou por um segundo antes de dar um passo para trás, mantendo distância, e disse com a voz baixa e pausada:

— A criança quer muito te ver. Eu queria levar ela para te conhecer.

— Eu já deixei bem claro para você que essa é a sua filha e não tem nada a ver comigo.

Clarissa repetiu aquelas palavras com frieza, escondeu qualquer emoção que pudesse estar sentindo e abriu a porta do carro que havia chegado. Sem olhar para ele nem uma vez, entrou no veículo e foi embora. Renato ficou parado ali, observando o carro dela desaparecer no meio do trânsito intenso antes de finalmente desviar o olhar.

O celular tocou. Ao ver o nome na tela, os olhos frios dele ganharam um toque de ternura. Atendeu a ligação e perguntou com a voz suave:

— Daniela, o que foi?

— Papai, quando você vai voltar? — A voz fofa e mimada de uma garotinha saiu do outro lado da linha. — Estou com saudade.

— Papai já está voltando agora. — Respondeu Renato, que sempre tinha paciência infinita quando se tratava da filha. Desde que ela nasceu, ele ganhou uma fraqueza clara neste mundo.

— Eba! — A garotinha hesitou um pouco antes de perguntar: — Então... só o papai vai voltar?

Renato conseguiu captar o que ela estava tentando dizer nas entrelinhas. Durante todos esses anos, ele nunca escondeu de Daniela que a mãe dela era Clarissa. A menina sempre sonhou com o dia em que Clarissa voltaria, e ele não queria que os problemas entre os adultos afetassem o crescimento da criança.

Ele abriu a porta do carro e respondeu com calma:

— Papai conversa com você quando chegar em casa, tá bom?

— Tá! Vou esperar o papai voltar. — Disse a garotinha com obediência, despedindo-se com a voz doce antes de desligar.

Renato ficou sentado no banco do motorista, com a cabeça cheia de lembranças daquele olhar de repulsa que Clarissa havia dirigido a ele há pouco. Aquela sensação fazia o peito dele apertar de forma incontrolável.

A chuva caiu a noite toda e só parou devagar na madrugada. No Aeroporto Internacional de Rio do Norte, o voo internacional CA3175 estava se preparando para decolar. Ao ouvir a autorização de taxiamento vinda da torre de controle pelo rádio, Renato ligou o motor e seguiu a rota de taxiamento indicada pela torre.

Após receber a permissão de decolagem, Renato entrou na pista pela via de acesso, segurando o manche com firmeza. Manteve os olhos fixos no leme de direção, verificando a cada dois segundos. Conforme o leme era ajustado e a velocidade de decolagem era atingida, ele puxou o manche para cima. O avião acelerou cada vez mais, começando a se erguer do chão e ganhando altitude.

O som dos motores em aceleração ecoava sem parar. Renato continuava ajustando o leme de direção até que o equilíbrio da aeronave fosse controlado e uma altitude de subida adequada fosse alcançada.

Havia três membros da tripulação na cabine de comando. Assim que o avião entrou em velocidade de cruzeiro, Nuno não conseguiu segurar a curiosidade e perguntou:

— Renato, conta aí, qual é a história entre você e a Dra. Clarissa?

Enquanto falava, lançou um olhar cheio de significado para o observador sentado no fundo. O observador também ficou curioso e prestou atenção para ouvir. Afinal, Renato era conhecido na companhia como o iceberg eterno que nunca derretia. Nunca tinha tido nenhum escândalo com mulheres e sempre mantinha uma postura íntegra.

Agora que finalmente tinha aparecido uma mulher na vida dele, todo mundo estava morrendo de curiosidade. Só que as garotas da empresa provavelmente iam chorar escondido quando soubessem disso.

— O que você quer saber? — Perguntou Renato, olhando para o painel de instrumentos com desinteresse. — Você já passou na avaliação prática?

Ao ouvir aquilo, Nuno ficou triste. Olhou para o céu azul e as nuvens brancas lá fora e disse com melancolia:

— Renato, para com isso. Como é que você conseguiu ser liberado para voar sozinho aos 26 anos? Tem algum segredo?

Ele até achava que ia ser copiloto para sempre. Renato respondeu com a voz neutra:

— Estuda mais, observa mais e trabalha o psicológico.

Nuno achou que a diferença entre uma pessoa e outra era grande demais. Afinal, quantos conseguiam ser liberados para voar aos 26 anos? Desistiu de tocar naquele assunto triste e voltou a perguntar:

— Renato, por que você e a Dra. Clarissa terminaram?

Renato não demonstrou nenhuma emoção e não respondeu. Nuno o observou de cima a baixo de forma discreta e arriscou um palpite:

— Foi por traição?
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