Durante três anos de casamento secreto, Henrique Carvalho aparecia apenas duas vezes por mês, cumprindo de forma fria o dever de marido. Nunca se importou, nunca quis conhecê-la de verdade. Quando o prazo terminou e ele correu de volta ao antigo amor, foi ela quem, com um sorriso sereno, decidiu partir sem olhar atrás: — Henrique, quero o divórcio. Você está livre agora. Ela desistiu dele, deixou para trás a família que nunca teve e mergulhou no trabalho. Brilhou, conquistou o mundo e tornou-se inalcançável. Ao lado dela, já não havia espaço para ele. Henrique foi, pouco a pouco, sendo arrebatado pelo brilho e talento dela. Mas apenas quando a perdeu para sempre… Descobriu a verdade que mudava tudo. Só então entendeu: havia apagado a existência dela duas vezes. E foi ela quem atravessou continentes para defendê-lo, firme, apenas para quitar a dívida de uma vida salva no passado. Quando percebeu o erro, já era tarde. Ela resplandecia como um tesouro nacional, inalcançável a todos. Ele iniciou a jornada para reconquistá-la… Mas recebeu a resposta gélida: — Não quero mais ser a sua esposa. Agora, chegou a vez dele lutar por ela. E, para tê-la de volta, não medirá esforços… Nem mesmo os mais duros.
View More— O restaurante preferido da Cris, o Encanto, as flores de lírio que ela mais amava... Tudo foi manchado por aquela sua santinha de vitrine, você...Vitória perdeu totalmente o controle da língua. Wellington, assustado, correu para tapar-lhe a boca.Mesmo assim, dois seguranças já a agarravam pelos braços, carregando-a para fora. Ela se debatia, chutando para todos os lados, como se fosse capaz de despedaçar o mundo inteiro."Meu Deus... Se essa pequena senhorita tivesse poder bélico, já teria aberto um buraco no universo com esse fogo cruzado."Quando finalmente a retiraram dali, o silêncio caiu como um peso.Mas as palavras dela continuaram a ecoar nos ouvidos de Henrique.O restaurante preferido de Cristiane era o Encanto. Ele nunca a tinha levado lá. Pelo contrário: foi justamente naquele lugar que fechou o espaço inteiro para anunciar publicamente o relacionamento com Maria.Só agora percebia... O quanto lhe devia.Mesmo quando ela sofreu um aborto, não lhe ofereceu o mínimo de cu
O sorriso no rosto de Maria congelou por um instante. Rapidamente, ela recompôs a expressão e assumiu uma confusão calculada, na medida certa.— Achei que fosse algum grande problema. É só aquela... Empregada do Solar do Mar.O semblante de Henrique se fechou ainda mais.Maria continuou a se explicar, falando devagar, sem pressa. Disse que a tal empregada era filha de uma prima de sua mãe e que, no passado, havia salvado a vida dela. Desta vez, a confusão tinha acontecido porque a mulher roubara mais de trinta mil do patrão. Depois disso, a família aparecia todos os dias, implorando em lágrimas para que Maria intercedesse.Cansada daquilo, ela apenas mencionara o assunto a Henrique. Se ele realmente se importava, poderia devolvê-la para ele, sem problemas."Devolver!"Henrique a ouviu falar com tamanha convicção que chegou a vacilar. "Será que Maria realmente não sabia nada sobre o verdadeiro crime cometido por Camila?"Ele a conhecia havia tantos anos. Sim, ela era mimada e caprichos
Sangue.Um vermelho gritante.Na tela, as imagens eram tão grotescas que pareciam retiradas de um filme de terror barato.Mas Henrique sabia: tudo aquilo era real.Tinha acontecido.Acontecido com ela.A mão dele, apoiada na borda da mesa, fechou-se de repente num punho.As veias saltaram, grossas e tensas, como cordas prestes a arrebentar.Os nós dos dedos ficaram esbranquiçados de tanta força.Wellington permanecia alguns passos atrás, a cabeça levemente baixa, mas os olhos de soslaio não se desgrudavam das costas rígidas do patrão.O ar parecia solidificado.Só se ouvia, de tempos em tempos, o ruído abafado vindo do vídeo e a respiração cada vez mais pesada de Henrique.O olhar dele estava colado à tela.E então viu.Aquela repugnante lagartixa de quatro patas, viscosa, rastejando pelo chão… Até alcançar o corpo dela, subindo devagar.O corpo dela tremeu de leve.Os olhos se fecharam suavemente.Nada mais.O coração de Henrique foi apertado por uma mão invisível, torcido até doer.D
No chão, um copo de vidro jazia em mil estilhaços.Ao vê-lo entrar apressado, o rosto de Cristiane se tingiu de leve constrangimento. Murmurou uma desculpa:— Eu… Deixei cair sem querer.A expressão rígida de Henrique se suavizou. Em poucos passos, aproximou-se e, sem dar-lhe chance de recusa, voltou a erguê-la nos braços.— Desajeitada… — Resmungou baixo, descendo com ela pelas escadas.No andar de baixo, a mesa estava posta com um farto café da manhã, misturando pratos ocidentais e orientais. Uma empregada trouxe uma tigela de canja.— Senhora Cristiane, este caldo foi preparado especialmente a pedido do senhor Henrique.O semblante dela escureceu de imediato. Nada disse.Henrique dispensou a funcionária com um gesto e afirmou:— Nada do que aconteceu antes vai se repetir. Aqui, todos são de confiança. Foram escolhidos pessoalmente por Wellington. Se houver algum problema… Eu mesmo arranco a cabeça dele!"Tenho motivos pra achar que ele só tem ciúmes da minha cabeça bem-feita", penso
Vinte minutos depois, o helicóptero pousou suavemente na Fazenda Vale Verde.Ficava a apenas vinte quilômetros do centro da Cidade N, cercada por montanhas verdes e águas cristalinas, com uma vista ampla e deslumbrante.Para Henrique, também era conveniente: dali podia cuidar dos negócios da empresa com facilidade.Era uma montanha que ele havia comprado anos atrás, planejando transformá-la em um resort de luxo.Mas, quando o avô adoeceu, desistiu da ideia e mandou construir ali uma mansão, entre rios e colinas.Havia jardins preciosos, tratados com o maior cuidado, uma horta orgânica, até mesmo um haras.Tudo respirava um ar de tranquilidade e luxo, feito sob medida para repouso e cura.Mas o Sr. Fernando era apegado ao passado e nunca se acostumara com aquele lugar.Preferia a casa da família.Assim, a mansão permanecera vazia por todo esse tempo.A porta da cabine se abriu.Henrique inclinou-se e, com os dedos longos, desatou o cinto de Cristiane.Logo a envolveu com o braço, pronto
Cristiane não disse nada. A ponta dos dedos deslizava pela tela, acariciando levemente o lugar onde Henrique havia se ferido.Aquele sangue era real. Aquela dor também.— Ao ver que a senhora estava em perigo, ele sofreu mais do que qualquer um. — Continuou Wellington em tom grave. — A senhora sabia que ele também se machucou gravemente? Mas não deixou que ninguém contasse a você."Não deixou? Por quê?"A mente de Cristiane ficou em turbilhão. Por que ele escolhera o silêncio? Por que encobrir Maria?— Se não fosse pela chantagem de Maria, usando uma antiga dívida de gratidão, o Sr. Henrique jamais teria ajudado ela de novo.As palavras de Wellington caíram como uma pedra pesada no lago já revolto do coração de Cristiane.— Dívida? Que dívida? — Finalmente ela falou, a voz seca. Levantou os olhos para encarar Wellington, o olhar cheio de confusão e de busca.Wellington hesitou, ponderando até onde podia falar. Mas duas batidas na porta o interromperam.Rapidamente ele fechou o tablet e
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