All Chapters of A Terceira Carta é Meu Adeus: Chapter 11 - Chapter 20

O telefone tocou apenas algumas vezes antes de ser atendido, e sem esperar que a pessoa do outro lado falasse, Gustavo disparou numa enxurrada de acusações furiosas:— Anabela, você está se achando muito esperta, não é? Me deixou plantado, me fez de idiota, e ainda achou divertido? Eu já não queria me meter nos problemas da sua família, mas você nem me contou que seu pai morreu? Queria que todo mundo risse da minha cara? Vou ser direto com você, já descobri há tempo aquele diário que você esconde no armário, sei que gosta de mim, mas eu não gosto de você! Não só não gosto como tenho nojo, me dá nojo. Tenho nojo de toda a família Souza! Não importa que tenha faltado ao encontro, na justiça vai ser só mais trabalhoso. Quer brincar? Vou até o fim, quero ver com que cara de pau você vai me enfrentar agora que não tem mais a família Souza!Quando terminou de falar, um silêncio pesado tomou conta da ligação, como se do outro lado nem houvesse ninguém respirando.Gustavo franziu a testa, pres

Gustavo jamais conseguiria esquecer o olhar que Anabela lhe dirigiu naquele momento, embora soubesse que havia exagerado e ainda assim se recusasse a pedir desculpas. No dia seguinte, acordou descobrindo que ela havia cortado seu cabelo enquanto dormia.Quando chegou ao endereço indicado no papel, Gustavo esperava encontrar Anabela abrindo a porta e já havia preparado as palavras sarcásticas que usaria.Afinal, depois de todo aquele rodeio elaborado, o que ela realmente queria? Seria tudo para evitar o divórcio e fazê-lo mudar de ideia?Mal terminou de pensar nisso quando a porta se abriu.— Ana...Ao ver quem estava diante dele, ficou completamente paralisado.— Quem é você? — Gustavo perguntou, confuso.Eduarda o observou com olhos serenos como águas paradas, sem demonstrar qualquer emoção.— Quem você está procurando?Gustavo espiou o interior da casa e, notando que ela parecia estar sozinha, franziu a testa.— Desculpe, me enganei de endereço.Quando se virou para partir, Eduarda o

Embora Gustavo tivesse cuidado de Rafaela durante toda a noite, partiu para o aeroporto na manhã seguinte, pois havia passado horas pensando que ainda precisava confrontar Anabela sobre aquela brincadeira cruel que ela estava fazendo com ele.Após aterrissar chegou a Maravis, a segunda cidade mencionada na carta, onde mais uma vez ela havia indicado detalhadamente o local da pousada.Quando o proprietário informou que Anabela já havia partido, uma fúria incontrolável tomou conta de Gustavo, que chegou a suspeitar de uma conspiração elaborada entre ela e sua amiga para provocá-lo.Tomado pela irritação, tentou ligar para Eduarda, mas ela estava em cirurgia e não pôde atender.Contendo a raiva que fervilhava dentro dele, ligou para o assistente pedindo que investigasse o verdadeiro paradeiro de Anabela, já que não podia mais confiar naquelas cartas misteriosas.Enquanto aguardava, ele se sentou no quintal da pousada rural e deixou que a brisa suave acalmasse seus nervos exaltados. O luga

Gustavo fugiu da casa de Eduarda em completo desespero, carregando os fragmentos de papel no bolso como se fossem brasas que o queimavam mesmo através do tecido e o deixavam incapaz de ficar parado.Despejou os pedaços sobre a mesa, mas conseguia apenas os contemplar à distância sem coragem de tocá-los, enquanto a palidez tomava conta de seu rosto até não restar qualquer vestígio de cor.Somente quando a noite caiu ele ergueu finalmente as mãos entorpecidas e começou a juntar os fragmentos com cuidado.Lágrimas quentes escaparam e molharam o papel, fazendo-o tentar secá-las com desespero crescente, mas a cada segundo mais gotas caíam até que quase toda a folha ficou encharcada.A emoção finalmente venceu sua resistência e Gustavo desabou em choro convulsivo.No papel branco, a caligrafia trêmula de Anabela formava palavras que o destroçavam por dentro."Gustavo, das cinco coisas que me prometeu, nenhuma foi cumprida de forma satisfatória. Como castigo, não há divórcio, apenas viuvez! E

Gustavo se ajoelhou ao lado do fogo, movendo-se como um autômato sem alma enquanto retirava as notas cerimoniais com cuidado e as alimentava às chamas que dançavam na bacia.A necessidade de saber onde Anabela havia sido enterrada o consumia tanto que as noites se tornaram uma tortura insone, com a saudade corroendo cada momento de descanso.Quando questionou seu assistente sobre o assunto, descobriu que a notícia da morte havia chegado através de uma carta anônima contendo a foto do cancelamento de identidade de Anabela, prontuários médicos e apenas uma imagem de lápide mostrando seu nome, sem qualquer informação adicional que pudesse guiá-lo até ela.A revelação o atingiu como um raio devastador, mas logo pensou em Eduarda, a mulher que vinha atormentando-o com vingança implacável. Como amiga de Anabela, ela certamente sabia onde o corpo havia sido sepultado, talvez até tivesse sido responsável pelo funeral.Correu até a casa dela sem hesitar, mas descobriu que havia se mudado e tro