Veneno Silencioso
No quinto ano de casamento, Virgínia Prado reclamou que o suplemento de vitamina C que o marido havia comprado era amargo demais. Ela decidiu levar o frasco ao hospital.
O médico, após examinar o conteúdo, ergueu os olhos e disse que aquilo não era vitamina C.
— Doutor, pode repetir o que disse? — Perguntou Virgínia.
— Repetir quantas vezes não vai mudar nada. — Respondeu o médico, apontando para o frasco. — Isto aqui é mifepristona. Se for ingerido em excesso, não só causa infertilidade, como também prejudica seriamente o corpo.
Virgínia sentiu a garganta apertar, como se algo a estivesse sufocando. A mão dela que segurava o frasco ficou pálida de tanto que ela o apertava.
— Isso é impossível. Foi o meu marido que preparou isso para mim. Ele se chama Marcus Mello. Ele também é médico aqui no hospital.
O médico ergueu a cabeça e olhou para Virgínia com um olhar estranho, carregado de algo difícil de decifrar. Por fim, ele sorriu de forma enigmática e disse:
— Senhora, é melhor você procurar o setor de psiquiatria. Todos aqui conhecem a esposa do Dr. Marcus. Há dois meses ela deu à luz. Não perca seu tempo, querida. Você não tem chance.