— Desculpa, não era minha intenção escutar a conversa de vocês dois. — Sérgio passou os dedos pelo nariz num gesto casual. — Com licença.
Sérgio levantou a mão e tocou a ponta do nariz, tentando passar entre os dois para sair, quando foi de repente puxado por Isabela.
Ela segurou o braço de Sérgio e se virou para olhar Gustavo:
— Você não queria saber com quem eu passei a noite passada? Pois bem, foi com ele!
Ao ouvir aquilo, a expressão de Gustavo, que antes estava pálida de dor, mudou ligeiramente.
Em seguida, ele pareceu se lembrar de algo e soltou uma risada. Se virando para Sérgio, disse:
— Sr. Sérgio, desculpe, a Isabela está apenas fazendo drama. Pode entrar para curtir a festa.
Sérgio era a maior autoridade no círculo deles, não só pela força da empresa familiar, mas também por ser um dos mais destacados entre os herdeiros ricos. Com a idade ainda jovem, ele já detinha grande poder na empresa da família Medeiros. Por isso, todos sempre o tratavam com muito respeito, e ninguém ousava brincar com ele.
Sérgio levantou uma sobrancelha e seguiu em frente.
Isabela ficou parada por um momento, olhando para as costas de Sérgio, e sentiu um breve arrependimento.
Depois de tudo o que aconteceu na noite passada, ele simplesmente estava indo embora daquele jeito? Não queria nem ajudar com uma coisinha pequena?
No momento seguinte, ela ouviu Gustavo falar:
— Isabela, eu sei que você quer me provocar, mas não envolva o Sérgio nisso. Arrumar encrenca com ele é uma dor de cabeça, sabe?
Ao ouvir as palavras deles, Sérgio parou e olhou para Gustavo com um olhar gélido.
— O que foi? O Sr. Gustavo está querendo dizer que eu sou assustador?
Gustavo engoliu seco:
— Não, não era isso o que eu queria dizer.
Quando ele estava prestes a tentar explicar novamente, viu Sérgio se aproximando e dizendo para Isabela:
— Resolva suas coisas. Te levo para casa depois.
Isabela ficou sem palavras.
— Tá bom. — Ela respondeu. — Podemos ir agora.
Gustavo arregalou os olhos, olhando para os dois. Sérgio nunca foi de se envolver nas coisas dos outros, e naquele momento ele estava dizendo que iria levar Isabela para casa?
Será que havia algo entre os dois?
O rosto de Gustavo ficou ainda mais sombrio, especialmente quando viu os dois saindo juntos. Ele ficou com a cara ainda mais fechada.
Mas ele não ousava desafiar Sérgio, então socou a parede ao lado, frustrado.
Isabela seguiu Sérgio até a saída, onde um Maybach preto se aproximou lentamente. O motorista saiu e abriu a porta do carro para Sérgio, mas Sérgio então se virou para Isabela:
— O que você está fazendo aí parada? Entre logo.
Isabela, surpresa, respondeu:
— Hã?
Ela achou que Sérgio tivesse apenas feito uma cortesia. Mas Sérgio levantou uma sobrancelha e disse com ar de desafio:
— Eu, Sérgio, não sou de dizer mentiras.
Isabela se deu conta de que não tinha outro jeito. Para não parecer mal-educada, acabou entrando no carro. Caso contrário, pareceria que estava com medo daquele homem.
Após o carro começar a andar, Isabela informou o endereço de casa.
A seguir, o ambiente no carro ficou estranhamente silencioso.
Após um bom tempo, Sérgio soltou um riso sarcástico:
— Seu nome combina mesmo com você, pelo visto.
Isabela olhou para ele, sem entender:
— Hã?
Logo ela percebeu que Sérgio estava zombando de seu nome.
"Isabela" soava como "Isso bela" ou... "Isso cega"?
Ela queria rebater, mas a verdade é que o que Sérgio dizia estava correto.
Sérgio tocou o colarinho da camisa, dando uma risada seca:
— Então, ontem você me usou como ferramenta?
Isabela apertou os lábios, achando a pergunta de Sérgio um pouco ridícula.
— Então, o Sr. Sérgio acha que saiu perdendo? — Ela estava bem confiante com sua aparência e corpo.
No entanto, assim que ela disse aquilo, a expressão de Sérgio escureceu na hora. Ele fechou os lábios em silêncio por um momento e, então, falou para o motorista:
— Pare o carro.
O motorista parou prontamente, e Isabela, completamente sem entender, perguntou:
— O que aconteceu?
Sérgio, no entanto, se virou para ela e disse com a voz gelada:
— Desça do carro!
Isabela olhou pela janela, confusa. Eles estavam se dando bem até então, e naquele momento ele estava pedindo para ela descer?
Além disso, ali era uma ponte elevada, onde seria difícil pegar um táxi!
— Desça! — Sérgio repetiu.
Ela hesitou, mas acabou saindo do carro.
A voz de Sérgio surgiu do veículo:
— Eu detesto ser usado. Isabela, estamos quites agora!
Depois daquilo, ele mandou o motorista seguir viagem, deixando Isabela sozinha na beira da estrada, tremendo.
— Babaca! — Ela bufou, revirando os olhos. Pensou por um momento e ligou para Suzana, informando onde estava para que ela fosse buscar ela.
Suzana chegou meia hora depois. Assim que entrou no carro, não pôde deixar de reclamar:
— Parece que estou com a sorte virada, até água engasga!
Suzana olhou para ela, curiosa:
— O que aconteceu?
Isabela suspirou, deu uma olhada em Suzana e disse:
— Acho que acabei de estragar aquele contrato importante com o grande cliente... Adeus, suas férias na Europa.
Ela estava mesmo com a sorte toda contra ela ultimamente, nada estava dando certo.