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Capítulo 4

Author: Heloísa Rodrigues
No carro, ela passou um batom para disfarçar a palidez do rosto. Meia hora depois, o táxi parou em frente ao Bar Vênus.

Ela entrou de salto alto e, ao abrir a porta do camarote, viu um grupo de homens e mulheres dentro, uns cantando, outros bebendo.

Assim que abriu a porta, foi atingida por um forte cheiro de fumaça misturado com álcool e perfume barato. Uma mistura que a fez tossir levemente enquanto procurava o Wellington entre as pessoas.

Não viu Wellington, mas avistou Gustavo jogado no sofá.

Ele estava deitado de qualquer jeito como um trapo, ainda despejando copos de bebida na boca.

Isabela mordeu os lábios e pensou: "Que merda."

Ela sabia que Wellington estava ajudando Gustavo a mentir para ela, e aquilo a irritou ainda mais.

Ela se virou para sair, mas Gustavo já tinha a visto.

Os olhos embaçados dele ganharam um brilho repentino. Ele se levantou cambaleando e correu até ela, segurando seu braço.

— Isabela, não vai embora. Vamos conversar direito.

Isabela mantinha a expressão gélida:

— Não temos nada para conversar.

Ela tentou puxar a mão, só de ser tocada por Gustavo sentia repulsa.

Mas ele não a soltou e continuou:

— Isabela, me deixa explicar. Eu e a Hanna não somos o que você está pensando, foi ela que tentou me seduzir.

— Chega. — Isabela franziu a testa e se virou para olhar Gustavo. — Se assumisse, até te respeitaria. Mas jogar toda a culpa na mulher, que tipo de atitude é essa? A Hanna não vale nada, e você também não!

Isabela quase revirou os olhos, mas ao pensar que seus olhos eram bonitos demais para fazer aquilo, segurou a vontade.

Gustavo ficou sem palavras, engolindo em seco. Ele nunca tinha sido desrespeitado daquela forma. Antes, era Isabela quem corria atrás dele.

Então, sua autoestima era sempre muito alta, e ao chegar ali, sua paciência já estava quase no limite. Seu rosto ficou visivelmente irritado naquele momento.

— Eu já te pedi desculpas, o que mais você quer? Você realmente quer que a gente termine o noivado? — Gustavo falou com voz áspera. — Isabela, você esqueceu como foi que você me implorou para ficarmos juntos?

Isabela ficou furiosa. Melhor não tocar no assunto, mas quando ele mencionou, ela sentiu um arrepio e quase vomitou ali mesmo.

Gustavo, suavizando o olhar, se aproximou para ajudar ela:

— Isabela, o que aconteceu? Você está bem?

Isabela afastou bruscamente a mão dele, com um rosto bonito e cheio de desgosto:

— Se você se afastar de mim, eu fico bem. Não me lembre do passado, só de pensar me dá ânsia!

Gustavo ficou realmente irritado:

— Isabela, você está abusando da minha paciência! Você não deve ter arrumado outro homem, né? — Dizia ele, enquanto segurava a mão de Isabela de novo, com um tom frio. — Fala, quem é esse homem?!

Isabela deu uma risadinha sarcástica e olhou para ele com desprezo:

— Não é da sua conta, só se lembre de uma coisa: fui eu, Isabela, quem terminou com você!

Gustavo ignorou o que Isabela falou. Sobre Isabela, ele tinha sentimentos confusos.

Ele a amava, sim.

Mas naquele círculo social, quem era totalmente fiel?

Aqueles jovens ricos não precisavam se preocupar com a vida, então sempre arrumavam alguma coisa para se distrair. Mulheres eram uma ótima ferramenta para aquilo.

Hanna tinha se jogado nele, não foi ele quem procurou. Ele achava que, pelo quanto Isabela gostava dele, um pedido de desculpas resolveria tudo.

Mas ele nunca imaginou que daquela vez ela realmente queria se separar dele.

Ele queria casar com ela, afinal, desde que ela completou dezoito anos, ninguém na sua turma de amigos tinha uma beleza como a dela.

Pura e ao mesmo tempo sedutora, e o mais importante: completamente dedicada a ele. Qual homem não ficaria invejoso da sorte dele?

Pensando naquilo, ele parou um momento e disse:

— Chegamos até aqui com tanto esforço, e eu realmente estou pedindo desculpas, Isabela, eu errei.

Enquanto falava, ele empurrou Isabela contra a parede para beijar ela.

Achando que com sua atitude suave ela já estaria mais calma e cederia, mas não esperava que ela levantasse a perna e o acertasse diretamente nas partes íntimas.

A dor intensa fez Gustavo ficar pálido e depois ruborizado.

Isabela resmungou:

— Você merece isso!

Ela já ia sair, quando virou de repente e esbarrou em alguém.

Ela massageava a cabeça, que doía por causa do impacto, e ao olhar para cima, se deparou com o rosto incrivelmente perfeito do homem.

Sérgio não disse nada. Seus olhos, frios como sempre, estavam naquele momento com um sorriso sutil, como se se divertisse com a cena.
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