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Capítulo 7

Author: Melissa Z
A Catedral do Santo Nome, em Chicago, nunca parecera tão grandiosa.

Cada chefe do crime da cidade estava ali. O ar estava pesado de perfume caro e cheiro de pólvora.

Eu permanecia sozinha nas sombras.

Katerina caminhou até mim num vestido de Vera Wang que valia uma fortuna, uma tiara de diamantes brilhando nos cabelos. Uma princesa de conto de fadas.

Ela parou diante de mim. Seus olhos desceram até o meu peito.

Eu usava um colar de fênix em diamante negro.

A primeira peça que eu havia desenhado, no meu aniversário de dezoito anos. Eu a tinha dado a Vincenzo.

Alguns dias atrás, ele mandou Marco "devolver" para mim.

— Esse pobre passarinho, — A voz de Katerina era melosamente doce, pingando veneno — Tão solitário agora que seu dono o descartou. Diga-me, Chiara, dói? Saber que você foi tão fácil de substituir?

Antes que eu respondesse, a voz de Vincenzo surgiu atrás de nós.

— Querida, sobre o que você está conversando com a minha soldada?

Ele se aproximou, passando o braço pela cintura de Katerina de forma possessiva.

Ele nem olhou para mim. Como se eu fosse parte da mobília.

— Nada — Fez beicinho Katerina. — Eu só achei que a senhorita Chiara parecia tão sozinha aqui.

— Uma soldada permanece em seu posto, — A voz de Vincenzo congelou o ar. — Chiara. Mantenha sua posição.

Ergui minha taça de champanhe para eles, com um sorriso perfeito.

— Sim, Chefe.

A orquestra começou uma valsa.

Vincenzo conduziu Katerina ao centro do salão.

Eram o casal perfeito, banhados pela admiração da multidão.

De repente, todas as luzes se apagaram.

A catedral mergulhou em silêncio por um único batimento do coração, antes que o rugido de armas automáticas rasgasse tudo.

Rat-tat-tat-tat!

Gritos. Vidro estilhaçando. Mesas sendo derrubadas.

— Abaixem-se!

— É um ataque! Os Torrinos!

Instintivamente puxei a Glock presa ao coldre na minha coxa e me escondi atrás de uma coluna de pedra.

No escuro, os clarões dos tiros pareciam estrelas cadentes da morte.

— Katerina! — A voz de Vincenzo estava crua, tomada por um pânico que eu nunca tinha ouvido antes. — Katerina, onde você está?!

Mais tiros.

Janelas estouraram quando atiradores invadiram por todos os lados.

Vi um pequeno objeto negro descrever um arco pela escuridão, assobiando enquanto voava rumo ao centro da pista de dança.

Uma granada.

No instante entre a vida e a morte, eu os vi.

Vincenzo e Katerina.

Abrigados do outro lado do salão.

Por causa de onde eu havia me movido, eu também estava perto dele.

Nós três formávamos um triângulo mortal.

A granada caiu bem no meio de nós.

O tempo parou.

Vincenzo viu a granada. Seus olhos voaram para a Katerina apavorada. Depois, para mim.

Ele tinha um segundo.

Ele fez sua escolha.

Ele não hesitou. Jogou-se sobre Katerina, cobrindo o corpo dela com o seu, protegendo sua cabeça.

Ao se lançar para protegê-la, o pé dele empurrou o chão de mármore. Bem ao meu lado.

Ele usou minha posição como impulso. Um último apoio para se projetar até ela e se afastar de mim.

BOOM!

A onda de choque me arremessou contra o pilar de pedra.

Ouvi minhas costelas racharem. Sangue quente subiu e escorreu dos meus lábios.

Pedra e vidro despedaçados caíam como chuva. Meu vestido estava rasgado, a seda azul manchada de vermelho.

A corrente do meu colar de fênix se rompeu. O pingente deslizou para longe, desaparecendo numa poça do meu próprio sangue.

Com a visão embaçada, vi Vincenzo emergir dos escombros, Katerina segura em seus braços.

O terno dele estava destruído, mas seus olhos só enxergavam ela.

— Revidem! Matem cada um desses filhos da puta! — ele rugiu.

Então a ergueu e correu em direção à porta lateral, o caminho mais seguro para sair.

Os tiros continuaram.

Eu fiquei ali, caída numa poça do meu próprio sangue, ouvindo minha respiração ficar cada vez mais rala.

Ele não olhou para trás.

Nem por um segundo para ver se sua soldada mais leal, a mulher que sangrou por ele durante uma década, estava morta ou viva.

Ele tinha feito sua escolha.

Escolheu a rainha.

E sacrificou sua arma.
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