Capítulo 8

No luxuoso escritório localizado na cobertura do Grupo Lifano, um homem estava parado diante de uma enorme janela panorâmica. Ele observava o fluxo constante de carros e pessoas nas ruas movimentadas abaixo. A luz do sol incidia sobre seu rosto frio e esculpido, conferindo-lhe um brilho dourado e sereno. Sua aparência era quase divina, mas carregava uma indiferença que parecia olhar todos de cima.

Na mesa, a alguns passos de distância, estavam os documentos e contratos enviados pela Yision Limited.

Edson, incapaz de conter sua empolgação, conversava com entusiasmo com Perseu Gama, elogiando os resultados daquela parceria.

— Perseu, essa Srta. Talita é realmente incrível. Além de ser linda, é extremamente competente. O suporte técnico que ela ofereceu é simplesmente impecável. Tenho um pressentimento de que essa colaboração será apenas o início. Parece que a família Esteves realmente encontrou um tesouro. Com essa mulher na Yision Limited, o futuro deles será brilhante.

Edson e Perseu não eram apenas colegas de trabalho. Eles eram amigos de longa data e cofundadores do Grupo Lifano. No entanto, como o herdeiro da família Gama costumava evitar exposição pública, Edson assumia a posição de figura pública da empresa. Por isso, as conversas entre eles eram sempre descontraídas.

Ao ouvir os comentários de Edson, Perseu virou-se lentamente, mas não parecia particularmente interessado. Seus olhos passaram rapidamente pelos documentos sobre a mesa, sem demonstrar a mínima vontade de lê-los.

Com um leve arquear de sobrancelha e um tom de brincadeira, ele perguntou:

— Essa é a primeira vez que te vejo elogiando tanto uma mulher. Está apaixonado por ela?

Edson, já acostumado com o humor ácido do amigo, respondeu sem hesitar:

— Gosto dela, sim. Ela tem algo de especial.

Perseu evitou prolongar o assunto. Ele nunca acreditou que existisse algo como "uma boa mulher". Nem mesmo aquela que ele um dia considerou uma estrela em ascensão no campo da engenharia espacial conseguiu manter sua ambição. No fim, ela também abandonou sonhos e responsabilidades por causa de um homem.

— Coincidentemente, estou ocupado com outras coisas no momento. Se você gosta tanto dela, vou deixar esse projeto totalmente sob sua responsabilidade. — Perseu disse sem rodeios, mas logo franziu a testa em advertência. — Só não perca a cabeça por causa de uma mulher. Esse projeto é importante, então, se for aceitar, faça direito.

— Sério? — Edson parecia genuinamente surpreso e excitado. Ele brincou, fazendo uma saudação exagerada. — Sim, Sr. Perseu. Missão aceita e garantida!

Enquanto falava, um brilho de interesse surgiu nos olhos de Edson.

Antes que o silêncio pudesse se instalar, o celular de Perseu começou a tocar. Ele olhou para a tela, suspirou e colocou o aparelho no modo silencioso antes de deixá-lo no sofá.

— É seu avô de novo? Está te pressionando para se casar? — Edson perguntou, não conseguindo conter sua curiosidade. — Perseu, dizem que esse casamento foi arranjado desde que vocês eram crianças. Seu avô está com a saúde debilitada. Na minha opinião, talvez fosse melhor você aceitar logo.

O olhar gelado de Perseu imediatamente pousou sobre Edson, como uma faca afiada:

— Está tentando se meter na minha vida agora?

Edson ergueu as mãos, como se estivesse se rendendo, e fez um gesto de zíper na boca, indicando que não falaria mais nada.

Nesse momento, o celular de Edson começou a tocar. Ao ver o nome "Talita" na tela, ele não conseguiu esconder o brilho de excitação em seus olhos.

— Sr. Perseu, a Srta. Talita está me ligando.

Perseu sentiu uma onda de irritação. Ele estava sendo pressionado a se casar, enquanto seu "bom amigo" aproveitava a oportunidade para flertar durante o trabalho.

— Sai daqui. — Perseu resmungou, fazendo um gesto impaciente para que Edson deixasse a sala.

Edson saiu rapidamente, fechando a porta atrás de si. No entanto, depois de alguns segundos, Perseu pegou seu próprio telefone e atendeu à ligação.

Do outro lado da linha, uma voz idosa e familiar quebrou o silêncio:

— Quando você voltará para concluir o casamento?

Era a mesma pergunta de sempre.

— Vovô, já disse que quero cancelar esse casamento.

A resposta de Perseu foi direta e sem rodeios, como sempre. Era um jogo interminável, uma disputa de vontades em que nenhum dos lados estava disposto a ceder.

Após um breve silêncio, a voz do outro lado voltou a ecoar com calma, mas carregada de significado:

— A família Esteves tem apenas essa última herdeira. Marcos Esteves a protege como se fosse um tesouro, e até agora nem eu consegui conhecê-la. Mas, no próximo mês, Marcos fará uma festa de aniversário. Aquela garota da família Esteves com certeza estará presente. Não importa se você pretende cancelar ou continuar com o casamento, mas você terá que vê-la pessoalmente.

Perseu sabia que essa era a maior concessão que seu avô estava disposto a fazer:

— Então vamos cancelar o casamento naquele dia. Com todo mundo presente, será mais prático.

Joel Gama permaneceu em silêncio por alguns instantes. Ele não sabia como responder.

Comparado à tensão quase palpável no Grupo Perseu, Edson parecia muito mais tranquilo ao sair.

Ele havia combinado com Talita que ela visitaria o Grupo Lifano. Primeiro, para ajustar os últimos detalhes do contrato e assinar o acordo, e segundo, para levá-la a conhecer o departamento de tecnologia e pesquisa da empresa.

Apesar de qualquer simpatia pessoal, Edson era, antes de tudo, um homem de negócios. E, como braço direito escolhido e treinado por Perseu, sua prioridade era maximizar os lucros da parceria.

Pouco tempo depois, Talita apareceu no Grupo Lifano. Ela vestia um elegante conjunto preto de estilo executivo, com os cabelos presos em um coque impecável. Sua presença exalava elegância e profissionalismo, e sua silhueta perfeita, combinada com sua postura altiva, lembrava a graça de um cisne deslizando sobre águas tranquilas.

"Já que tio Jorge confiou essa missão a mim, não importa o que aconteça, eu preciso cumprir."

Com esse pensamento, Talita empurrou a porta da sala de reuniões. Edson, que estava sentado, mais uma vez ficou impressionado com sua aparência e postura. Ele se levantou imediatamente, estendendo a mão com um sorriso caloroso e uma atitude muito mais amigável do que a primeira vez que se encontraram.

— Desculpe pela espera. — Cumprimentou Talita com entusiasmo.

Ela apertou a mão de Edson com naturalidade, mas seu olhar rapidamente passou por ele, procurando a figura do misterioso chefe do Grupo Lifano, sobre quem tantos rumores circulavam. Não encontrando ninguém, ela franziu levemente a testa, mas logo relaxou e sorriu, perguntando com calma:

— Há algo de errado com o projeto da Yision Limited ou o Grupo Lifano não está satisfeito com os detalhes do contrato?

Edson acenou com as mãos para tranquilizá-la:

— De forma alguma. Nosso chefe confiou este projeto a mim. Desde a assinatura até o acompanhamento posterior, tudo será tratado diretamente comigo. Mas, aparentemente, não sou bonito o suficiente para prender a atenção da Srta. Talita.

A brincadeira leve de Edson fez Talita rir. Seu sorriso iluminou ainda mais seus traços já encantadores, deixando-a ainda mais radiante.

As persianas da sala estavam abertas, permitindo que quem estivesse no saguão pudesse ver o que acontecia no interior da sala, mesmo sem ouvir o que era dito.

No hall, Enrico estava sentado na área de espera e observava a cena com uma expressão sombria. Sua noite havia sido péssima, e os sinais de cansaço estavam evidentes em seus olhos. Mas, apesar disso, seu olhar permanecia afiado e frio.

"Grupo Lifano é importante demais para perder."

Ele havia chegado cedo naquela manhã, tentando mais uma vez negociar com Edson. Mas, depois de horas esperando, disseram-lhe que Edson estava ocupado e não poderia recebê-lo. Agora, ele via Talita entrando na sala e sendo recebida calorosamente. De repente, Edson não estava mais ocupado?

A raiva de Enrico subiu como uma chama. Para ele, aquilo era a prova de que Talita havia traído sua confiança. "Como ela ousa?", pensou ele, enquanto pegava o telefone e fazia uma ligação.

Na sala de reuniões, Talita, alheia ao que estava acontecendo do lado de fora, conversava com Edson sobre os detalhes do contrato. Ela explicava que poderia fornecer suporte técnico para o projeto, mas que não seria um serviço contínuo ou gratuito. Esse ponto precisava ser esclarecido.

Edson, cada vez mais impressionado com Talita, admirava não apenas sua beleza, mas também sua perspicácia e habilidade em negociações.

— Srta. Talita, espero que esta parceria seja muito bem-sucedida. — Disse Edson, estendendo-lhe a caneta para assinar o contrato.

Talita pegou a caneta com um sorriso confiante e respondeu:

— Tenho certeza de que o Sr. Edson repetirá essa frase muitas vezes no futuro.

Ela estava convicta de que a Yision Limited aproveitaria essa oportunidade para se consolidar no mercado e crescer exponencialmente.

No entanto, antes que pudesse assinar o contrato, a porta da sala foi aberta abruptamente. A recepcionista apareceu, tentando bloquear a entrada de alguém, seu rosto vermelho de embaraço.

— Desculpe, Sr. Edson... Este é o Sr. Enrico...

— Tudo bem, pode sair. — Disse Edson, acenando para que ela deixasse a sala. Ele então se virou para Enrico, mantendo uma expressão calma e perguntou: — Sr. Enrico, o que significa essa interrupção?

Enrico caminhou até a mesa e jogou um documento com força sobre ela. Seu olhar frio e severo estava fixo em Talita.

— Sr. Edson, este é o plano de negócios do Grupo Araújo para este projeto. As provas estão bem aqui. Talita roubou informações confidenciais do Grupo Araújo. Como presidente da empresa, tenho o direito de trazer o departamento jurídico e o conselho para prendê-la.