Capítulo 2

Sabrina ficou atordoada com o tapa, cobrindo o rosto, olhando para mim incrédula.

Eu sacudi meu pulso dormente e falei com a voz gélida.

— Você enlouqueceu?

Levantei a planilha de serviço e me virei para a multidão.

As escalas e assinaturas estavam claramente visíveis.

— A operadora principal de ontem à noite era você, Sabrina.

— Eu, Célia, estava de folga após completar 72 horas de uma missão especial.

— Meu nome não está nesta planilha.

Assim que terminei de falar, alguém na multidão reagiu imediatamente, e a raiva contida encontrou uma válvula de escape.

— É verdade! Célia voltou ontem de uma missão especial, desarmou três minas interligadas, mal conseguia ficar em pé quando retornou!

— Exato! Sabrina, você sempre se aproveitou da proteção de Lindomar, empurrando as missões mais perigosas para Célia. Agora que fez besteira, quer jogar a culpa nela de novo!

— Fez tudo errado e agora quer alguém para levar a culpa? Você continua tão nojenta como sempre!

As acusações caíam sobre Sabrina como pedras.

A cor sumiu de seu rosto, que ficou branco como papel, e ela finalmente desabou no chão, com o olhar vazio.

Nesse momento, um jipe militar parou bruscamente em frente à área isolada.

A porta se abriu, e o General Renan e meu marido, Lindomar, desceram com passos largos, ambos com expressões terrivelmente sombrias.

Eu olhei para Lindomar. Nós já fomos o casal mais brilhante do exército, a combinação perfeita aos olhos de todos.

Mas naquele momento, seu olhar passou por mim sem sequer uma pausa, indo direto para a Sabrina caída no chão.

Ele tirou o próprio casaco e o envolveu cuidadosamente em Sabrina, protegendo-a firmemente em seus braços.

— Sabrina, não tenha medo. Eu estou aqui.

Sua voz tinha uma ternura que eu nunca tinha ouvido.

— Eu não vou deixar que nada aconteça com você.

Meu coração gelou naquele instante.

Na vida passada, ele também a protegeu assim, me dizendo:

— Célia, Sabrina só estava nervosa. Ela tem muito talento para desarmar bombas, você precisa incentivá-la mais.

Agora, na frente de todos, ele demonstrava sua preferência de forma explícita.

Os colegas ao redor assistiam à cena, o desprezo e a raiva em seus olhos se aprofundando.

O olhar de Renan cortou entre nós dois como uma faca, e finalmente ele me chamou com voz severa para a viatura de comando.

No momento em que a porta se fechou, sua aura de calma e autoridade desmoronou.

Pela primeira vez, o rosto daquele general experiente mostrava pânico.

— Célia! Eu não me importo com nenhuma regra idiota!

Ele socou o mapa na mesa de comando, fazendo o equipamento vibrar.

— Aquele servidor, você precisa salvá-lo!

— Se ele se for, todo o nosso departamento, começando por mim, cada um de nós será fuzilado!

Eu olhei para seus olhos vermelhos e falei calmamente.

— General, eu posso tentar.

Minha voz era baixa, mas silenciou o veículo instantaneamente.

— Mas eu tenho uma condição.

Tirei um documento do bolso e entreguei a ele.

Era a autorização para a [Aplicação Prática do Talento Especial de Sabrina], assinada pessoalmente por Lindomar, contra a opinião de todos.

A palavra [Talento], destacada em vermelho, parecia extremamente irônica naquele momento.

— O risco foi aprovado por ele.

— A bagunça não pode ser limpa apenas por mim.

— Eu quero que ele pague o preço por essa suposta 'inovação'.

O olhar de Renan se firmou, e ele arrancou o documento da minha mão.

Depois de ler, ele bateu o arquivo na mesa com um estrondo.

— Desgraçado!

Seu grito quase arrancou o teto da viatura.

— Fique tranquila! A vaga de especialista que ele solicitou, eu vetei!

— Todas as suas vias de promoção, a partir de hoje, estão congeladas!

Eu curvei os lábios num sorriso frio e cortante.

Peguei a caneta e, na ordem de missão de vida ou morte, assinei meu nome.

Lindomar, seu caminho para o sucesso, nesta vida, eu mesma o destruí.