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Capítulo 3

Author: Pudim Frio
Vesti o traje antibomba e corri para dentro do prédio.

Sem plantas, sem plano de contingência.

Mas eu tinha as memórias da minha vida passada.

Contornei os dutos errados que Sabrina havia instalado, ignorei as armadilhas mortais que piscavam em vermelho.

Encontrei com precisão o servidor central.

O nitrogênio líquido foi injetado, e uma névoa branca se espalhou.

O som estridente do alarme cessou abruptamente.

O programa de detonação secundária foi congelado com sucesso.

Tirei o capacete, e o suor frio se misturou com o vapor, embaçando minha visão.

Exausta, apoiei-me na parede, quase desmaiando.

Quando saí do prédio, fui recebida por gritos de alívio e celebração.

Meus colegas correram, me amparando de todos os lados, suas palavras cheias de gratidão e medo retrospectivo.

— Célia! Você é uma deusa!

— Eu sabia! Se a Célia entra em ação, não há problema que não possa ser resolvido!

Os convites para a comemoração choveram.

Recusei um por um.

Eu só queria ir para casa.

No momento em que abri a porta do carro, senti uma dor aguda na nuca.

Uma mão grande tapou minha boca com força, arrastando-me para trás.

Minha luta foi facilmente contida, e fui arrastada brutalmente para um depósito escuro.

A porta foi trancada.

Fui amarrada a uma cadeira fria, incapaz de me mover.

No teto do depósito, uma lâmpada velha piscava.

Na luz oscilante, uma silhueta familiar tornou-se clara.

Lindomar.

Meu marido.

Ele se agachou na minha frente, seus dedos deslizando suavemente pelo meu cabelo, o tom de voz era uma ternura que eu nunca tinha ouvido.

— Célia, não se mexa, a corda vai te machucar.

Aquela voz, como a língua de uma serpente, lambia minha pele, causando-me náuseas.

Ele me encarou, seus olhos carregados de uma espécie de loucura.

— Você arruinou a Sabrina, sabia?

Sua voz era suave, mas atingiu meu coração como um martelo pesado.

— No relatório, ela é a principal culpada. Célia, a vida dela acabou.

Eu o encarei, sentindo um frio na alma.

— Ela colheu o que plantou!

Ele balançou a cabeça, suspirando, como se eu estivesse sendo irracional.

— Não, eu posso salvá-la.

Ele se levantou e pegou um cano de aço da espessura de um braço em um canto.

— Se você não puder mais desarmar bombas, os superiores certamente terão que reativar Sabrina.

— Célia, ajude-a, pela última vez.

— Célia, não tenha medo. Depois que tudo acabar, eu e Sabrina vamos te recompensar devidamente.

Meu sangue congelou instantaneamente, e um arrepio subiu da sola dos meus pés até o topo da minha cabeça.

Observei, aterrorizada, enquanto ele se aproximava, passo a passo, olhando para o cano de aço em suas mãos.

— Lindomar! Você está louco! O que vai fazer? Minhas mãos são para desarmar bombas!

— Não para pavimentar o futuro da Sabrina!

Um pingo de compaixão brilhou em seus olhos, mas o movimento de erguer o cano não hesitou nem por um instante.

— Eu cuidarei de você para o resto da vida.

Essa foi a última coisa que ouvi.

O cano desceu com um assobio, caindo com força.

Eu ouvi o som do meu próprio pulso direito se partindo.

A dor aguda me engoliu como um oceano, minha visão escureceu, e eu quase desmaiei.

Ele largou o cano e se agachou.

Com uma toalha que encontrou em algum lugar, ele envolveu cuidadosamente minha mão esmagada.

Seus movimentos eram tão gentis como se estivesse tratando um tesouro raro.

Ele se aproximou do meu ouvido, seu hálito quente em meu pescoço, e sussurrou suavemente.

— Sinto muito que tenha que ficar aqui esta noite.

— Assim que a investigação terminar, eu te levo embora imediatamente.

— A reputação da Sabrina não pode ter nenhuma mancha.

Dizendo isso, ele se levantou e saiu sem olhar para trás.

A luz se apagou.

O cômodo mergulhou em completa escuridão e silêncio mortal.

De repente.

Fui acordada por um solavanco violento.

A dor excruciante no meu pulso foi acionada, e um suor frio encharcou minhas costas.

Era Lindomar!

Ele agarrava meus ombros com os olhos injetados, parecendo uma fera enlouquecida.

— Célia! O sistema de resfriamento central do servidor quebrou!
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