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Capítulo 6

Author: Algodão
Igor recusou imediatamente, sem nem pensar:

— De jeito nenhum, essa é uma oportunidade que você conquistou por mérito próprio. — Disse ele, olhando para Talita com a testa levemente franzida. — Quem deixou você vir até aqui? Sua formação não é suficiente. Mesmo que te dessem essa chance, você não conseguiria aproveitar nada.

— Já terminou de falar?

Talita não queria continuar aquela discussão. Já que estava claro que ali não era o lugar para ela, então se virou para sair.

A atitude fria de Talita irritou Igor, que explodiu:

— Que tipo de atitude é essa? Se sua formação é insuficiente, a culpa é de quem?

Talita se virou para encará-lo, a voz serena, mas os olhos carregavam um leve sarcasmo:

— E que atitude você espera de mim?

O rosto de Igor ficou sombrio, e sua voz carregava raiva:

— Não venha com esse ar de que todos te devem alguma coisa. A Milena fez mestrado, foi mérito dela. Se você tivesse metade do esforço dela, não estaria...

Talita soltou uma risadinha, interrompendo Igor com sucesso.

O olhar dele se tornou mais sombrio:

— Está rindo do quê?

Ao responder, Talita curvou levemente os lábios, até o sorriso era frio:

— Três anos atrás, eu recebi uma carta de admissão de Harvard.

O silêncio caiu sobre todos.

Talita olhava para Igor com ironia. Ela não era uma pessoa que não se esforçava. Desde que voltou para a casa dos Fortuna, sabia que nunca se compararia à adorada Milena, o único trunfo que tinha era o desempenho escolar. Para agradar à família Fortuna, ela estudou com tudo o que tinha e passou em Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo.

No dia em que recebeu a carta de Harvard, cheia de alegria, quis contar à família Fortuna. Mas, naquele mesmo dia, soube que eles queriam que ela fosse presa no lugar da Milena.

Igor ficou completamente paralisado, os olhos tomados por puro choque.

Milena apertou os dentes em silêncio. "Talita foi aceita em Harvard? Como isso é possível?!"

— Isso é verdade mesmo, Tali? Mas a família nunca recebeu ligação nenhuma de Harvard... Mana, não é que eu esteja dizendo que está mentindo, eu ficaria muito feliz se você tivesse passado em Harvard, é só que...

Milena tentava explicar, com um ar aflito. Igor voltou a si e olhou para Talita com desconfiança, questionando:

— Você tem certeza de que recebeu essa carta de admissão? Talita, esse tipo de coisa pode ser verificado, não pense que pode me enganar.

Talita já estava acostumada: tudo o que Milena dizia, Igor acreditava. Não só ele, exceto pelo avô, todos na família Fortuna eram iguais.

— Se acredita ou não, tanto faz.

A expressão de Talita era tão indiferente que não dava para saber se estava mentindo. Igor ficou com uma sensação complexa. "Se for verdade... Então fomos nós que destruímos o futuro dela."

Saindo da área das entrevistas, Talita pensou um pouco e mandou uma mensagem para aquele homem. Não que quisesse se queixar, mas o local da entrevista tinha sido indicação dele. Ela sentia que precisava dar uma resposta, fosse positiva ou negativa.

Ao mesmo tempo, lá em cima, no andar executivo da empresa...

O assistente Sérgio atendeu uma ligação do CEO, e à medida que falava, sua expressão foi ficando bem perplexa.

— Certo. Deseja que eu revele sua identidade para a Srta. Talita?

— Não é necessário. — A voz masculina do outro lado da linha era grave e indiferente.

Antes de desligar, Sérgio ainda ouviu mais uma frase:

— Ela vai adivinhar.

...

— Srta. Talita? — O assistente Sérgio se apressou pelo caminho e conseguiu alcançá-la antes que ela deixasse o prédio. — Srta. Talita, espere um momento, por favor.

Sérgio a observava com um olhar enigmático. "Então é essa a mulher por quem nosso sempre severo CEO resolveu abrir uma exceção para entrar na empresa por relações. Realmente muito bonita, só que com um ar frio e distante."

Sérgio pensou aquilo, mas não deixou transparecer.

Talita notou seu sorriso forçado e perguntou com certa dúvida:

— O senhor quer falar comigo?

— Sim, tenho aqui uma oportunidade de trabalho que acredito ser ideal para a senhorita. Gostaria de tentar? — Sérgio foi direto ao ponto.

Algo brilhou nos olhos de Talita, ela olhou diretamente para o rosto do Sérgio.

Por algum motivo, ele sentiu uma certa pressão em sua presença.

— Por que me escolheu?

Com a voz indiferente da mulher soando no ar, a pressão sumiu. Sérgio sorriu, mantendo o tom educado:

— Srta. Talita, não há por que pensar tanto. Você foi recomendada por alguém, obviamente.

Talita ficou em silêncio por alguns segundos. De fato, ela precisava muito de um emprego, especialmente agora que havia decidido deixar a família Fortuna após visitar o avô.

— Está bem.

Sérgio, satisfeito, fez um gesto convidativo com a mão, indicando o caminho enquanto falava:

— Srta. Talita, por favor, me acompanhe.

...

Ao sair da empresa, o sol já estava se pondo. Talita caminhou devagar até o ponto de ônibus, admirando o céu tingido de vermelho pelo pôr do sol.

No entanto, após esperar meia hora, ela finalmente se deu conta: os ônibus já haviam parado de circular. Ela olhou o horário, já era bem tarde.

Talita ainda se lembrava, em linhas gerais, do caminho de volta para a casa da família Fortuna. Já que havia prometido retornar, não quebraria a palavra. Além de tudo, ainda não tinha visto o avô.

...

Oito da noite, na mesa de jantar da mansão da família Fortuna.

Igor estava com o rosto carregado, olhando para o lugar vazio à mesa.

— Mãe, não vamos mais esperar.

— De jeito nenhum. — Karen respondeu com firmeza e depois, com olhos marejados, murmurou com doçura. — A Tali vai voltar. Ela prometeu que moraria aqui em casa com a gente.

— Mas ela precisa ver isso como sua casa, mãe! Ela ainda não voltou a essa hora, é porque não pretende voltar. Está claramente brincando com a nossa cara. — Igor estava tomado pela raiva, o rosto cheio de indignação.

— Igor, será que a irmã não voltou por causa da questão do trabalho? A culpa é minha, eu deveria ter cedido a vaga para ela. — No fim, Milena falou em tom de choro. — A Tali deve estar brava comigo...
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