Filippo permaneceu em silêncio por um momento, com o olhar sombrio e carregado de emoções contidas. Depois de respirar fundo, ele começou a falar, explicando de maneira resumida, mas detalhada, os acontecimentos passados entre Vinícius e Zuriel, destacando os pontos mais relevantes. Os policiais, acostumados com histórias escandalosas de famílias ricas, não demonstraram surpresa imediata. Porém, ouvir aquele drama familiar diretamente da boca de Filippo ainda causou um leve impacto neles. A surpresa, no entanto, foi momentânea. Logo, os três voltaram a se concentrar no relato, ouvindo atentamente e anotando alguns pontos importantes em seus cadernos. Quando terminou, Filippo declarou em tom firme: — Concordo com a Juliana. Para mim, a Beatriz é a principal suspeita. Os policiais assentiram em sinal de concordância. Edgar respondeu com respeito: — Faremos o possível para investigar o caso a fundo. Filippo, ao pensar no estado de saúde crítico do filho, deixou transparece
Naquela mesma noite, após visitar Vinícius no hospital, Filippo convidou dois líderes da polícia e o principal investigador do caso de envenenamento de Vinícius para uma reunião na Mansão Costa. O encontro ocorreu na sala de café da mansão, um espaço amplo e decorado com sofisticação. Uma longa mesa retangular de madeira de nanmu dourada ocupava o centro do ambiente, sobre a qual repousava um conjunto de café de porcelana azul e branca. Assim que entraram, os três homens cumprimentaram Filippo de forma uníssona e respeitosa: — Sr. Filippo. Apesar de sua posição de destaque e influência, Filippo nunca foi do tipo que esbanjava autoridade de forma arrogante. Ele assentiu levemente e fez um gesto para que se sentassem. — Sentem-se, por favor. Filippo ocupava a cabeceira da mesa, com Gabriel sentado à sua direita. Os três policiais, antes de se sentarem, viraram-se para Gabriel e o cumprimentaram individualmente: — Jovem Mestre Gabriel. Gabriel respondeu com educação a ca
— Tudo bem, o tempo acabou. — Disse o guarda da prisão, interrompendo a conversa. Beatriz desligou o telefone e se levantou. Antes de ser levada pelo guarda, ela olhou para Juliana por cima do ombro e esboçou um sorriso enigmático, cheio de significados ocultos. ... No dia anterior, depois que Helena saiu do estado crítico, Juliana contou a Gabriel sobre o envenenamento de Vinícius. O caso de Vinícius era grave demais. O veneno já havia se espalhado por todo o corpo, e ele tinha apenas poucos dias de vida. Não havia mais necessidade de mantê-lo na UTI, então os médicos o transferiram para um quarto comum, para que ele pudesse passar seus últimos momentos com a família. Cíntia, que havia sofrido um ataque cardíaco causado pelo choque da notícia, também estava internada no hospital desde a noite anterior. Desde então, Gabriel, além de visitar Cíntia ocasionalmente, permaneceu ao lado do pai, sem sair do quarto por muito tempo. Juliana, após sair da prisão e almoçar fora, ch
Helena escapou por pouco, conseguiu sobreviver. Mas Vinícius não teve a mesma sorte. O médico foi direto: Vinícius estava envenenado há muito tempo. O veneno havia se infiltrado em todos os seus órgãos vitais, e já não havia mais nada a ser feito. O estado era irreversível. Quando Cíntia ouviu o diagnóstico, seus olhos escureceram, e ela desmaiou ali mesmo. No dia seguinte, Juliana foi até a prisão. Sentada do outro lado do vidro, Beatriz usava o uniforme de presidiária. Juliana, do lado de fora, segurava o telefone que as conectava. Beatriz olhou para Juliana com um sorriso sarcástico no rosto. — Dona Juliana, o que houve? Até parece que o mundo virou de cabeça pra baixo! Que surpresa a senhora ter vindo me ver. Desde que os sentimentos de Beatriz por Gabriel foram expostos, e Juliana lhe deu um tapa no rosto, a relação entre as duas havia se rompido completamente. Qualquer aparência de "mãe amorosa e filha obediente" desapareceu. Depois disso, Beatriz foi expulsa da f
Ela balançava a cabeça enquanto murmurava para si mesma, sem saber se tentava convencer Juliana ou a si própria. Cíntia não conseguia aceitar a ideia de que a neta que ela mesma criou pudesse ter envenenado o próprio pai adotivo. A realidade era dura demais para ser digerida. Juliana, sem paciência, suspirou e lançou um olhar frio para Cíntia. Ela não disse mais nada, apenas virou as costas e foi embora. Logo em seguida, Juliana ligou para o presídio e agendou uma visita. Se sua desconfiança estivesse correta, Beatriz teria mais uma acusação em sua ficha: tentativa de homicídio. Ela precisava olhar nos olhos daquela ingrata, da filha adotiva que havia cuspido no prato em que comeu. ... Após uma longa e exaustiva espera, as portas da sala de emergência finalmente se abriram. Gabriel, Percival e Leonidas avançaram ao mesmo tempo, suas vozes se sobrepondo. — Doutor, como está a Helena? — Perguntou Gabriel, com os olhos fixos no médico. — Doutor, qual é a situação dela? —
— Envenenado? — Juliana ficou em choque, sem acreditar no que acabara de ouvir. O médico começou a explicar uma série de termos técnicos, mas Juliana não conseguiu entender muito bem. Em seguida, ele tentou simplificar com palavras mais acessíveis, e, finalmente, Juliana compreendeu. Vinícius havia sido envenenado com um tipo de veneno crônico, que se dissolve em água, sem cor ou sabor. Em pequenas quantidades ocasionais, o veneno não causava sintomas evidentes, mas, com o consumo prolongado, ele se infiltrava nos órgãos internos, comprometendo o funcionamento do corpo e, eventualmente, levando à morte. Enquanto Helena ainda estava na sala de cirurgia, Vinícius também foi levado às pressas para outra sala de emergência. O hospital emitiu um boletim médico grave, e Juliana, após assinar os documentos necessários, parecia completamente atordoada. No entanto, alguns detalhes começaram a surgir com clareza em sua mente. Ela se lembrou de que, recentemente, Vinícius vinha perde