Mateus sentiu um calafrio percorrer a espinha. Ele pensou que seria fácil enganar Helena, mas logo percebeu que lidar com uma advogada tão perspicaz era outra história. Felizmente, ele havia conversado com Inês antecipadamente. Nos últimos dias, Inês não parava de reclamar de Gabriel na frente dele. Então, quando Gabriel pediu que ele entregasse o carro, a primeira coisa que Mateus fez ao chegar em casa foi contar tudo para Inês. Ele explicou que Gabriel estava se sentindo culpado pelo término e havia comprado um carro como forma de compensação. Na hora, Inês revirou os olhos e reclamou: — Só um carro? Que mesquinharia! — Claro que não é só isso — Mateus respondeu. — No porta-malas tem vários modelos limitados de bolsas Hermès. Gabriel disse que uma é pra você, outra pra Júlia, e o restante é pra Helena. Mas a gente precisa ajudar ele. É pra dizer que vocês compraram as bolsas pra ela como um gesto de conforto, e não que foi ele quem comprou. Ao ouvir “modelos limitados de
O café escorreu do copo, formando uma mancha úmida no tapete. Mateus olhou para o copo derrubado e soltou um “tss” baixinho. — Irmão, relaxa. A Helena não é desse tipo de pessoa. Gabriel ficou parado, aparentemente atordoado. Quando falou, sua voz saiu rouca: — Ela realmente aceitou? Mateus hesitou por um momento antes de responder: — Naquela noite de Ano Novo, você sabe como foi. Ela viu você com a sua "prima" e ainda ouviu vocês falando sobre alugar um quarto. Cara, no lugar dela, qualquer um ficaria abalado. Aposto que ela só disse aquilo para te provocar. Ou talvez tenha bebido demais e falado sem pensar. Isso não deve contar. Gabriel apertou os lábios, a voz ainda mais tensa: — Eu não falei em alugar um quarto. — Foi a sua prima quem disse, mas, no fim, dá na mesma. Houve um momento de silêncio. Gabriel fechou os olhos por um instante, reprimindo suas emoções. Quando falou novamente, sua voz estava controlada: — Preciso que você faça algo por mim. …Helena
— Manuela, eu realmente estou precisando de alguém para cozinhar aqui. Vou te mandar o endereço. Quando puder, passa lá, mas me avisa antes de vir. Manuela respondeu com um tom animado: — Posso ir agora mesmo, Srta. Helena. Você está em casa? — Estou. Pode vir. Após encerrar a ligação, Manuela virou-se para Gabriel e disse: — Sr. Gabriel, a Srta. Helena aceitou. Gabriel assentiu, com a expressão séria de sempre. — Ela se ocupa tanto que sempre esquece de comer. O apartamento dela fica perto do escritório, então, durante a semana, você vai levar o almoço para ela no trabalho. Quanto ao salário, eu cuido disso, mas não recuse o que ela te pagar. Apenas não diga que fui eu quem te enviou. Ao ouvir que teria dois salários, Manuela abriu um sorriso de satisfação e respondeu rapidamente: — Pode deixar, Sr. Gabriel. Vou cuidar muito bem da Srta. Helena. …Depois do Ano Novo, Gabriel mergulhou no trabalho de corpo e alma, ocupando-se até o limite. Ele não podia se dar ao lu
No dia seguinte, primeiro de janeiro, Helena voltou para casa. Assim que ela entrou, Fernanda veio sorrindo para recebê-la: — Helena, que bom que você chegou! O almoço já está quase pronto. Vai lavar as mãos antes de comer. Depois da ressaca da noite anterior, Helena só conseguiu acordar às onze da manhã. Ela tomou um banho rápido, vestiu-se e dirigiu até a casa da família. Chegou bem a tempo do almoço. Carolina, calçando sapatinhos que faziam barulho no chão, correu até Helena e abraçou suas pernas. — Irmã! Helena sorriu e tirou da bolsa uma caixinha de presente bem embalada, entregando-a à irmã mais nova: — Carolina, feliz ano novo! A menina abriu um sorriso radiante e, ao pegar o presente, deu um beijo estalado no rosto de Helena. Leonidas aproximou-se e entregou uma sacola para Helena. — Aqui está o seu presente de ano novo. Abra e veja. Helena, curiosa, abriu a sacola. Dentro dela havia uma chave e um documento de propriedade. Leonidas explicou com um tom s
— Se não fosse por você, Mateus, trazendo o Gabriel aqui, nada disso teria acontecido! — Inês gritou, furiosa. — Hoje era pra gente consolar a Helena, mas antes que eu pudesse fazer isso, ela foi ferida de novo. Sai! Vai embora também! Ela o empurrou em direção à porta, sem esconder sua irritação. Júlia, observando a cena, virou-se para Xavier e disse: — Mano, vai com o Mateus. Eu e a Inês ficamos aqui com a Helena. Entre mulheres, a gente se entende melhor. Xavier não discutiu. Apenas assentiu com a cabeça, pegou Mateus pelo braço e os dois saíram juntos. …Do lado de fora, Gabriel e Catherine fecharam a porta atrás de si. Assim que atravessaram o corredor, Gabriel afastou bruscamente a mão de Catherine do seu braço. Catherine deu de ombros, indiferente. Quando chegaram ao elevador, ela o olhou de canto de olho, com um sorriso irônico. — E agora, o que você vai fazer? — Perguntou, casual. — Parece que você machucou a Helena de um jeito bem feio hoje. Como pretende cons
Catherine, com um sorriso cheio de charme, passou a mão pelos cabelos e, com naturalidade calculada, segurou o braço de Gabriel, como se quisesse afirmar sua posição ao lado dele. — Então você é a Helena? Prazer, eu sou Catherine, a namorada do Gabriel. Namorada do Gabriel. Helena abaixou o olhar, fixando-o no ponto onde a mão de Catherine segurava o braço de Gabriel. Era como se algo afiado tivesse perfurado seu coração. Gabriel permaneceu onde estava, com os olhos baixos. Sua visão passou lentamente pela mão de Catherine em seu braço. Ele engoliu em seco, como se quisesse falar algo, mas não conseguiu. Inês, incapaz de assistir aquilo sem reagir, avançou e puxou a mão de Catherine com força. — Tira essa mão daí! Ela estava furiosa, o rosto vermelho e os olhos brilhando de indignação. — Querem se exibir? Então vão fazer isso em outro lugar! Aqui não é cenário pra vocês desfilarem como casal! — Inês gritou, a voz carregada de sarcasmo. — O quê? O príncipe herdeiro da fa