Há seis anos eu estava ao lado de Rogério Monteiro quando, certa tarde, falei sem rodeios: — Rogério, vou me casar. Ele estremeceu, e pude ver que retornava apressado de algum devaneio enquanto, um tanto embaraçado, tentava se justificar: — Aurora, você sabe que a empresa está num momento crucial de captação de recursos. Agora não tenho cabeça para... Mantive meu sorriso, ainda que fosse um tanto contido, e respondeu: — Não tem problema. Mas Rogério entendeu tudo errado. Sim, eu pretendia mesmo me casar. Só que não seria com ele.
Lihat lebih banyakEu me agarrei ao ponto crucial e indagou:— Quando foi mesmo a reunião de ex-alunos de vocês?— Foi no comecinho do mês, acho que no dia 6.E pensar que o meu avô propôs o casamento entre nossa família e a família Salazar no dia 8. Era coincidência demais. Susana percebeu que fiquei pensativa e deu uma balançada no meu braço.— Ei, o que foi? Está distraída por quê?— Susana, então quer dizer... — Perguntei incrédula — Que o Leon já gostava de mim faz tempo, e é por isso que pedia informações sobre mim para você?— Ué, seria o quê então? Que ele inventou tudo porque está doido?Passei o dia inteiro sentindo meu coração acelerar até o limite. Lembrei do que Leon me disse no carro, há poucos dias, aquela transparência dele ao admitir que já tinha alguém em mente. Quanto mais pensava, mais eu me agitava por dentro, sentindo surpresa, ansiedade, até um pouco de confusão, mas também uma inesperada felicidade. Uma espécie de alívio por saber que o meu futuro marido gostava tanto de mim, talv
Se fosse qualquer outra pessoa, talvez vivesse difamando Aurora. Mas Renata conhecia Rogério bem demais e sabia que o jeito certo de prender sua atenção era lembrar incessantemente o nome de Aurora, cutucando essa ferida até sangrar mais, fazendo com que ele vivesse numa culpa eterna. Só assim, acreditava ela, Rogério não teria ânimo para ficar pulando de mulher em mulher e, no fim, ela poderia conquistar tudo o que almejava.Dois dias antes do casamento de Aurora, Sofia tirou uma licença no trabalho e pegou um voo direto para a capital. Quem assinou sua dispensa foi o próprio Rogério. Diante do formulário onde se lia claramente Motivo: viajar para participar do casamento de uma amiga, ele ficou um bom tempo imóvel, pensando que esse mesmo pedido de folga deveria servir ao casamento dele com Aurora. Mas agora, aquela mulher que passou seis anos ao lado dele estava prestes a subir ao altar com outro.Sem dizer nada, Rogério se levantou da cadeira e caminhou, passo a passo, até o depa
Renata ficou em choque.— Ela vai se casar com outro, e mesmo assim você quer dar esse presente tão caro para ela? Você sabe quanto vale esse apartamento hoje em dia...— Ela merece. — Rogério soltou apenas essas três palavras antes de sair.— Ei, para onde você vai? — Chamou Renata, tentando alcançá-lo.— Tenho um compromisso. Volta sozinha.Ela foi deixada para trás, sem conseguir acompanhar o ritmo dele, ainda mais sentindo dores pelo corpo. Viu-se obrigada a pegar um táxi para voltar para casa, só que, ao contrário de Aurora, Renata não tinha tanta paciência. Nem eram nove da noite e ela já estava ligando para Rogério, repetidas vezes. Ele não atendia, e ela insistia, mandava mensagens, tentava de tudo.Afinal, Aurora podia até ser ingênua, mas ela não. Sabia que, se deixasse o homem solto por aí, ele podia muito bem acabar caindo nos braços de alguém. Renata se perguntava o que Aurora teria feito para deixar Rogério tão enfeitiçado. Antes não parecia que ele sentia nada tão fort
Rogério voltou à Cidade de Porto Dourado no mesmo instante, na calada da noite, quase como se estivesse fugindo às pressas. Aquelas imagens, cada palavra e cada linha, o deixaram tão envergonhado diante de Aurora que ele já não conseguia nem erguer a cabeça. Assim que desembarcou do avião, foi direto para o apartamento de Renata.Ao ouvir o barulho na sala, Renata saiu do quarto, ainda sonolenta, e, ao vê-lo, mal pôde conter a alegria, pois deduziu que, entre ela e Aurora, Rogério finalmente a havia escolhido em definitivo. Ela tentou se atirar nos braços dele, mas Rogério a agarrou pelo pescoço e a prensou no sofá, apertando de modo sufocante e quase lhe tirando todo o ar. Desesperada, ela se debateu:— Rogério, você está maluco? Quer me matar?— Quem te deu permissão para mandar aquelas capturas de tela para Aurora? — Rugiu ele, sem afrouxar a pressão dos dedos, o olhar irado, como se pudesse matá-la ali mesmo. — Agora ela está cheia de ideias erradas sobre a gente. Isso é culpa su
Sempre que Rogério via uma nova imagem, seu rosto ia ficando cada vez mais pálido, como se cada captura fosse um tapa que o atingia em cheio e arrancava um pouco de sua cor. Ele não conseguiu dizer nada. Seus olhos, por outro lado, ficaram vermelhos de um jeito assustador. Mas, da minha parte, não sobrou a menor compaixão. Com o semblante impassível, estendi a mão na direção dele.— Você trouxe o meu pingente de jade? A Sofia falou que você não quis entregar para ela. — Em seguida, para cortar qualquer tentativa de adiamento, completei. — Se não trouxe, tudo bem. Quando voltar para Cidade de Porto Dourado, pode me mandar pelos Correios.A voz dele saiu sufocada, quase num tom de súplica:— Aurora, não dá para me dar mais uma chance? Só uma, por favor.— Rogério. — Pisquei devagar. — Entre duas pessoas, só existe uma chance de verdade.Uma chance de entrega total e de confiança plena. Quando isso era quebrado, mesmo que a gente tentava remendar, só sobrava desconfiança e mágoa. E, co
— Tanto faz. — Respondi, irritada.Nos instantes em que desliguei o celular, Leon se aproximou sem dizer nada e me estendeu um espetinho de frutas caramelizadas, daqueles cobertos por uma camada crocante de açúcar. Era o meu doce favorito na época da escola. Todos os dias, assim que a aula terminava, eu comprava um, comia contente no caminho de casa e chegava lá lambendo os beiços. Depois que cresci, larguei esse costume infantil, e ninguém mais tinha me oferecido algo do tipo.— Obrigada. — Agradeci, mas nem consegui dar a primeira mordida direito, porque Leon me advertiu, com a voz calma:— Essas frutas são meio ácidas. Como seu estômago não anda bem, prova só um pouquinho para não te fazer mal.Fiquei meio surpresa e parei de mastigar.— Você... Como sabe que ando com problemas de estômago?Até minha mãe só tinha descoberto isso no dia passado, quando me levou ao especialista. Ele deu de ombros e explicou:— Notei que aquelas infusões que você está tomando levam muitos ingredientes
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