Ele achou que tinha dado um golpe certeiro em Isadora. Mas, aos olhos dela, aquela ameaça não passava de uma piada patética.Às vezes, ela até se perguntava: como funcionava a cabeça do Olavo?Antes, Isadora achava que era ela quem sofria de ilusão amorosa. Mas agora, pensando bem... talvez o verdadeiro iludido fosse ele.Depois de tudo o que aconteceu, ele ainda tinha coragem de dizer que tudo era culpa do fato dela não o amar de volta?Ridículo. Um verdadeiro canalha!Isadora balançou a cabeça e soltou uma risada leve. Logo em seguida, se deitou tranquilamente, pronta para aproveitar a paz de sua recuperação.No carro, Tereza olhou de lado para Olavo e perguntou, com a voz baixa e cheia de cuidado:— E agora, o que a gente faz?Ele deu um suspiro impaciente:— É só dinheiro. Se ela quer, então que leve.Para ele, aquilo era só uma quantia sem importância. O Grupo Carvalho valia 10 bilhões. 130 milhões, na visão de Olavo, era uma transação interna entre marido e mulher — nada mais do
A primeira reação de Olavo foi levantar Tereza do chão. Ele então olhou fixamente para Isadora e falou com frieza:— Tem certeza de que quer mesmo ficar contra mim?Isadora deu de ombros, com a expressão mais inocente possível:— Só estou resolvendo tudo como você gosta, de maneira oficial. Não era isso que você queria? Olavo, entre nós dois, o que menos tem espaço é sentimento. Então não tenta nem puxar essa conversa. De repente, ele deu um sorriso cruel e ameaçador:— Isadora, quer apostar que mando desenterrar a Aline e reduzo os restos dela a pó?Ele a encarou como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Ela não era tão apegada àquela pirralha? Pois agora queria ver até onde ia esse apego.Mas Isadora já conhecia bem o lado mais cruel e podre dele. Sabia que, se demonstrasse um pingo de fraqueza, estaria perdida.— Quando a Aline estava viva, você nunca se importou com ela. Por que se incomodaria agora que está morta? Faz o que quiser. Em pleno século XXI, ninguém liga para
Ao ouvir aquilo, Fernanda soltou uma gargalhada sarcástica, como se tivesse escutado a piada mais absurda do mundo.— Até que enfim você lembra que ele é seu pai!Olavo cortou, sem paciência:— Chega. Vou resolver essa questão da casa agora.Ele nunca imaginou que um dia estaria literalmente à beira de um colapso nervoso. Lançou um olhar para Tereza, que ainda choramingava no canto, com a maquiagem toda borrada. Um sentimento de culpa misturado com impotência tomou conta dele.— Está tudo bem?Tereza enxugou os olhos e respondeu com a voz trêmula:— Estou sim. Na verdade, a Sra. Fernanda nem mentiu... eu é que fui tola. A culpa é minha. Tudo isso é culpa minha.— Olavo, eu juro que queria te devolver para a senhorita Isadora. Mas eu não consigo. Eu te amo! Sem você, eu não sei viver! Se você me deixar, eu morro!Ela então o encarou com intensidade e agarrou sua manga com força, como se dependesse disso para respirar. Os olhos dela brilhavam de desespero. A posse, o medo, o amor doentio
— Sra. Fernanda, por favor, se acalme.Tereza segurou firme a cintura de Fernanda e finalmente conseguiu separar as duas.— Saia da minha frente!Fernanda empurrou Tereza com força, o olhar tomado de ódio.— Não pensa que eu não sei! Foi você, sua vadia sonsa, que seduziu meu filho! Olha só o que você fez com a minha família! Agora quer bancar a boazinha? Me poupe! Sua sem-vergonha!— O que está acontecendo aqui? — A voz de Olavo ecoou forte quando ele chegou de repente, se colocando entre todos.O policial ajeitou o uniforme com calma, depois encarou Olavo com frieza:— Você é Olavo Carvalho, presidente do Grupo Carvalho, certo? Então devia dar exemplo. Como é que sua família pode ser tão desrespeitosa? Recebemos uma denúncia formal de ocupação ilegal de imóvel. Vocês têm uma semana para desocupar. Senão, vamos tomar providências legais.O quê?!Ele achou que tinha escutado errado. A casa em que cresceu, que sempre foi da família... agora era considerada uma invasão?— Deve haver algu
— Então vamos devolver na mesma moeda!Rafael tirou um lenço do bolso e, com todo cuidado, começou a enxugar as lágrimas do rosto de Isadora. Olhou para ela com doçura e disse baixinho:— Não importa o que você decida fazer... estou sempre aqui, do seu lado.O olhar terno dele a pegou de surpresa, por um instante seu coração vacilou, mas logo voltou ao eixo. Isadora assentiu com força, os olhos firmes de novo:— Isso mesmo. Vamos devolver tudo! Eles merecem pagar por cada coisa que fizeram.Rafael sorriu, orgulhoso:— Essa é a Isadora que eu conheço. Você nunca foi fraca. Eles não têm mais poder sobre você.Enquanto ele afagava os cabelos dela com carinho, Isadora sentiu o peito aliviar. Por mais que o mundo tivesse sido cruel, ainda existiam pessoas que enxergavam nela algo além da dor. Alguém que a via inteira. Que a valorizava de verdade.— Vamos voltar, Rafael.— Vamos sim.Só que, com aquela correria toda, o machucado nas costas de Isadora tinha piorado. Quando chegaram ao hospita
Durante todos esses anos, Isadora pensou mil vezes naquele dia. Mas, por mais que tentasse, nunca entendeu como acabou na cama com Olavo. — Menos ainda como, sem perceber, ficou grávida dele e teve Aline.Por causa disso, Olavo sempre a tratou como uma mulher calculista. E, no meio disso tudo, acabava descontando até na própria filha. Mas no fim... tudo isso era culpa de uma única pessoa — seu próprio tio.Isadora gritou, com os olhos marejados:— Como você pôde fazer isso comigo? Por quê? Eu era sua sobrinha! Sua família!As mãos coladas no vidro da sala de visitas, o coração em frangalhos. Não entendia... tudo o que ela e Aline sofreram durante esses anos... Foi em vão?— Eu só queria o seu bem! Se você não aproveitasse a juventude para se casar com um bom partido, ia querer o quê da vida?Jorge, sem um pingo de vergonha, ainda falava como se tivesse razão. Mesmo depois de tudo, insistia em justificar suas ações.— Isinha, eu sou seu tio. Nunca quis te fazer mal. Olavo era um ótimo h