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Capítulo 0006

Author: Ana Luiza Mendes
Patrícia ficou sem palavras.

Por uma questão tão pequena, ele mesmo foi conferir tudo.

Roberto era realmente implacável!

Se ele soubesse que, naquela noite no resort, não foi um acaso, mas uma armadilha que ela própria armou para atraí-lo…

Ela estremeceu, interrompendo seus próprios pensamentos.

— Isso é para você.

A voz grave de Roberto cortou sua linha de raciocínio. Ele estendeu uma pequena carteira com um cartão de banco.

Patrícia piscou, confusa.

— Tem dez milhões de reais nesta conta. Use como quiser. — Explicou Roberto.

Os olhos de Patrícia se arregalaram de surpresa.

Ela sabia que Roberto havia mencionado algo sobre pagar suas despesas e um cachê pela atuação, mas, na ocasião, estavam na cama, e ela não tinha prestado muita atenção.

Achava que receberia algo proporcional ao salário da empresa, mas a quantia era muito maior do que imaginara.

Embora soubesse que para Roberto dez milhões de reais seriam apenas uma quantia insignificante, para ela, isso seria algo que ela levaria vinte ou trinta anos de trabalho árduo para conquistar.

Mesmo assim, Patrícia rapidamente recuperou a compostura.

Dez milhões era muito, mas certamente não vinha sem condições.

Com o temperamento de Roberto, se algum dia eles tivessem um desentendimento, ele poderia usar a questão do dinheiro como um trunfo contra ela.

Em vez de deixar algo nas mãos dele que poderia se voltar contra ela mais tarde, seria mais prudente viver de seu salário, deixando o dinheiro de lado por enquanto, sem tocá-lo.

— Está bem, Sr. Roberto. — Ela guardou o cartão com cuidado e assentiu com firmeza. — Vou registrar cada despesa detalhadamente.

Nem um centavo seria usado além do necessário.

Roberto observou-a em silêncio, visivelmente insatisfeito.

Mas, ao encontrar os olhos transparentes dela, achou que talvez estivesse exagerando.

Talvez fosse apenas o jeito dela.

Ele reprimiu suas emoções, mas não resistiu a deslizar a mão pela cintura de Patrícia.

— Contei ao meu pai sobre o casamento. — A voz grave soou próxima. — No domingo, você vai comigo à família Santana para conhecê-lo.

Patrícia, embora magra, tinha uma cintura macia e delicada.

Sempre que a segurava ali, Roberto era invadido por lembranças de momentos íntimos entre os dois.

— Está bem… — Patrícia concordou prontamente.

Já havia se preparada mentalmente para isso.

Com o casamento oficializado, era natural conhecer os parentes dele.

Uma ponta de curiosidade surgiu: como Fabiano reagiria ao saber disso?

Enquanto pensava nisso, uma sensação estranha começou a percorrer seu corpo. Ela mordeu os lábios, tentando desesperadamente conter o gemido que ameaçava escapar.

— Você… Pode parar de me tocar…? — Murmurou, a voz trêmula.

Normalmente, Roberto parecia frio, distante, quase desumano. Parecia um robô programado exclusivamente para trabalhar.

Os boatos no escritório variavam entre ele ter problemas naquela área até estar em um suposto relacionamento com Enzo.

Enfim, circulavam as mais estranhas fofocas sobre ele.

Mas agora, Patrícia sabia que ele era um homem absolutamente normal.

Seus olhos claros e marejados brilhavam com uma mistura de embaraço e vulnerabilidade. Suas bochechas estavam ruborizadas, e a mordida em seus lábios adicionava um toque de sedução involuntária à sua expressão.

Roberto fechou os olhos por um momento, tentando se controlar. Quando percebeu que estava à beira de perder a compostura, recolheu a mão com relutância, contando com sua força de vontade.

— Volte ao trabalho. — Sua voz saiu rouca, embora ele tentasse manter o tom firme.

Ele nunca havia se considerado uma pessoa movida por desejos. Na verdade, sempre se orgulhou de ser focado e controlado, alocando seu tempo e energia em coisas que julgava mais importantes, como o trabalho.

Mas algo em Patrícia o desequilibrava.

A mera presença dela o fazia agir de forma estranha, e essa perda de controle o incomodava profundamente.

— Certo. — Patrícia respondeu rapidamente, levantando-se de seu colo.

Deu vários passos para trás, criando o máximo de distância entre eles.

Quando estava prestes a sair, Roberto a chamou:

— Espere.

Ela parou imediatamente, virando-se devagar.

— Sr. Roberto, há mais alguma coisa? — Perguntou com a voz baixa.

Ela sabia que, naquele momento, ainda estava dentro da empresa. Ela continuava sendo a secretária do departamento, enquanto Roberto permanecia o distante e imponente presidente. Por isso, ela mantinha sua postura de subordinada, com um tom respeitoso.

Mesmo que, entre eles, já tivesse ocorrido algo muito além de uma relação profissional.

— Quando formos a casa, não vá de mãos vazias. Escolha um presente para o Sr. Rildo. Não precisa ser nada extravagante, algo simples basta. Além disso, lembre-se de se comportar bem diante dele. Seja educada, fale com gentileza e não se esqueça da sua tarefa.

Patrícia assentiu lentamente, compreendendo suas palavras.

Era isso…

Ela era apenas uma ferramenta para Roberto, um meio de cumprir suas obrigações familiares. Mesmo que tivessem ultrapassado a linha em seu relacionamento, ela não significava nada de especial para ele.

Se naquela noite no resort não fosse ela, provavelmente outra pessoa estaria desempenhando esse papel agora.

Ela não era especial.

Um aperto sutil tomou seu peito, mas Patrícia logo afastou o desconforto.

Afinal, ela também tinha seus próprios motivos para aceitar esse casamento.

Se não fosse por Fabiano, talvez nunca tivesse concordado com a proposta de Roberto, mesmo depois do que aconteceu entre eles.

Para ela, o casamento sempre foi algo importante e sério, jamais algo que pudesse ser tratado com leviandade.

Reprimindo suas emoções, Patrícia respondeu com um tom calmo:

— Entendido. Vou cuidar disso. Posso saber quais são os hobbies do Sr. Rildo?

— Pedirei a Enzo que envie uma lista dos interesses dele para você.

— Ótimo. Mais alguma coisa que eu deva fazer? — Ela perguntou novamente, querendo garantir que não deixaria nada passar.

Roberto franziu ligeiramente a testa e lançou a ela um olhar demorado. Sua postura servil, como se fosse apenas uma secretária recebendo ordens, causava a ele uma irritação inexplicável.

— Não. — Ele respondeu, sua voz carregando uma leve ponta de descontentamento que ele próprio não havia percebido.

Patrícia apertou os lábios, achando que ele estava incomodado com ela, e rapidamente disse:

— Vou voltar ao trabalho, então.

Quando estava prestes a sair, ela parou, como se lembrasse de algo, se virou novamente e disse:

— Ah, Sr. Roberto, hoje à noite vou precisar fazer horas extras. Além disso, tenho um compromisso pessoal e volto tarde para casa.

Embora estivessem casados, Patrícia sabia que não seria apropriado pedir carona a Roberto. Ela achava que seria mais adequado ir e voltar sozinha, para evitar qualquer desconforto ou mal-entendido.

Naquela noite, ela realmente precisava ir a outro lugar e não queria que ele soubesse.

— Ok. — Roberto respondeu com indiferença.

Sentindo que seu tom havia sido frio demais, ele acrescentou:

— Você é livre para fazer o que quiser, desde que não interfira em nossos compromissos. Não precisa me informar sobre tudo.

Claro, a razão pela qual Roberto dizia isso era porque ele achava que não era necessário se apegar tanto a Patrícia.

Afinal, quanto mais Patrícia circulava ao seu redor, mais ele se via desconcentrado.

Além disso, como a relação entre eles era apenas contratual, era melhor manter uma certa distância para evitar complicações.

— Entendido, obrigada, Sr. Roberto.

As palavras dele fizeram Patrícia se sentir um pouco mais aliviada. Ela se despediu e saiu da sala, seguindo para o elevador, onde se deparou com Sarah.

— Srta. Sarah. — Patrícia cumprimentou educadamente com um leve aceno de cabeça.

Sarah, porém, estava visivelmente furiosa.
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