O sexto sentido das mulheres é algo poderoso.Patrícia já tinha uma forte suspeita da identidade da mulher à sua frente. Assentiu levemente e respondeu:— Sim, sou eu.— Você é muito bonita. — Disse a mulher, com um leve sorriso nos lábios. — O Beto realmente tem bom gosto. Até a esposa que ele escolheu é excepcional.O coração de Patrícia deu um leve salto. Ela não entendeu bem o que aquelas palavras queriam dizer.Se aquela mulher era mesmo Beatriz... Por que falaria desse jeito?— A senhora é...? — Patrícia tentou perguntar.Sua fala foi cortada de repente por uma voz masculina.— Bia? O que você está fazendo aqui?Patrícia virou-se rapidamente e viu aquela silhueta tão familiar se aproximando.Roberto vinha em sua direção, mas, para sua surpresa, passou direto por ela sem sequer parar, indo até a mulher na cadeira de rodas.— Tinha um assunto por aqui, e aproveitei a hora do almoço. Pensei em passarmos um tempo juntos. Como você estava em reunião, resolvi esperar. — Explicou a mulh
Diante disso, Patrícia fingiu também não ter ouvido nada e continuou, em silêncio, tomando seu leite.De repente, a voz de Roberto cortou o ar. Havia uma certa sombra em seu tom:— O André está viajando a trabalho.Patrícia levantou a cabeça bruscamente, pensando que ele estava apenas fazendo uma pergunta. Então respondeu com naturalidade:— Sim, ele está em viagem esta semana. Só volta na próxima.Mal terminou a frase, percebeu que o semblante de Roberto havia escurecido ainda mais. Aqueles olhos negros, como ônix, cravaram-se nela com intensidade. Ele abriu os lábios, agora mais frios que antes:— Você parece saber disso bem demais.Patrícia não entendeu a intenção oculta. Pensou que fosse apenas uma pergunta sobre o colega de trabalho, então respondeu honestamente:— Foi ele quem me contou.— Vocês têm se comunicado em particular?Roberto já deixava transparecer sua irritação.— Não. — Respondeu Patrícia, com tranquilidade. — Da última vez que saímos pra visitar um cliente, ele me c
Patrícia ficou atônita de repente.Então, se deu conta: da última vez, tinha usado essa desculpa para enganá-lo.E agora ele vinha com aquela pergunta, do nada... Será que ele estava pensando em...Ela mordeu o lábio, sentindo-se imediatamente encurralada.Por que ele estava fazendo isso? Ele já tinha a Beatriz.Será que Beatriz não era suficiente para ele?Ou havia outro motivo por trás disso?Mas ela...Antes que Patrícia pudesse reagir, o homem avançou com passos firmes, puxou-a para seus braços e a beijou com força.Ela se encolheu por reflexo, lutando para se soltar. Roberto, impaciente, acabou a soltando.Ela balançou a cabeça com força.— Ainda não acabou? — Ele franziu o cenho, claramente irritado.Sem saída, Patrícia fingiu confusão e assentiu devagar, como quem confirma.O rosto de Roberto se fechou. Ele parecia desapontado demais, como se esperasse algo que não veio. Seu tom, porém, foi indiferente:— Não precisa me esperar hoje à noite. Vou dormir no escritório.Se tinha vo
Mas, enquanto ela ainda estivesse no Grupo Santana, não teria como evitar trabalhar com André no futuro. Recusá-lo de forma muito ríspida só serviria para criar atrito com ele, e isso deixava Patrícia de cabeça quente.Por sorte, André parecia estar viajando a trabalho naquela semana. Patrícia conseguiu se estabelecer melhor na empresa e, pelo menos por enquanto, ficou livre do incômodo dele aparecer com café todos os dias.Aproveitando que Laura estava disponível naquela noite, as duas conversaram por telefone, e Patrícia desabafou sobre a situação.— Esse tal de André com certeza tem alguma coisa errada. — Reclamou Laura, indignada. — Que tipo de homem conquista alguém assim? Ainda te obriga a convidá-lo pra jantar essa semana? Isso é ameaça, não romance! Ele definitivamente não gosta de você!— Também acho. — Respondeu Patrícia, sem hesitar.Ela não era ingênua e tinha uma boa intuição. Estava claro que André estava atrás dela, mas não parecia ser por sentimentos reais.Além disso,
Naquele instante, foi como se um balde de água fria caísse sobre Patrícia.Ficou completamente lúcida.Claro... Ela nunca deixou de ser apenas uma esposa de fachada. Uma ponte temporária, conveniente.Roberto nunca teve a intenção de ter um filho com ela. E até mesmo uma mentirinha, dita com boa intenção, o incomodava.Provavelmente, ele só queria evitar qualquer mal-entendido com Beatriz.O rosto de Patrícia perdeu um pouco da cor, mas por dentro... Até que sentia certo alívio.Se estivesse no lugar dele, talvez também ficaria irritada com um improviso desses. Afinal, se Beatriz descobrisse, poderia fazer um escândalo.— Desculpa... Fui inconveniente. Só falei aquilo porque vi que o Sr. Rildo tava triste. Não faço mais isso. — Disse ela, com a voz baixa e controlada.O silêncio voltou a tomar conta do quarto.Patrícia então se virou e caminhou até o banheiro.Queria tomar um banho, deitar-se, descansar.Estava exausta.Cansada no corpo e na alma.Tinha passado o dia inteiro trabalhand
Patrícia se sentou na cadeira de frente para ele.Sr. Rildo olhava para o céu da noite, e ela naturalmente acompanhou seu olhar.A lua brilhava alta, cercada de estrelas. O ar estava silencioso, com aquele tipo de paz que só o céu noturno pode trazer... Mas também uma certa melancolia.Ela o observou de lado. O brilho nos olhos dele, enquanto encarava a imensidão acima, era triste, carregado de lembrança.Era evidente que ele pensava em alguém que já partiu.Ela entendeu o sentimento. Pensou na avó. E, de repente, a saudade veio como uma onda: forte, profunda, difícil de conter.— Elas estão lá em cima... E devem estar bem felizes. — Murmurou Patrícia, com a voz embargada.— Que assim seja... — Respondeu Sr. Rildo, suspirando. Passou a mão pela barba e balançou a cabeça, pensativo. — A vida nunca é completa. Sempre falta alguma coisa... Mas o tempo que passei ao lado dela... Foi, sem dúvida, o mais feliz da minha vida.Patrícia se virou para ele, curiosa.“Ela... Quem seria? A esposa,