Ao saber que ele havia voltado, Patrícia sentiu, sem perceber, uma pontada de alegria surgir em seu peito.Vestiu um casaco e desceu as escadas. Viu que nevava e chegou a pegar um guarda-chuva.A porta do carro se abriu, revelando o rosto frio e austero de Roberto.— Amor.Ela correu alguns passos e mal tinha pronunciado as duas sílabas quando percebeu outra figura dentro do carro.Era Beatriz.Ela se apoiava delicadamente no ombro de Roberto e descia do veículo com naturalidade.— Beto, você não precisa se preocupar tanto assim. Eu já disse que estou bem.Beatriz fingia estar contrariada. Até o biquinho que fazia com os lábios parecia ensaiado.Patrícia parou no meio do caminho, os pés travados no chão, encarando os dois sem reação.Era visível que Beatriz ainda estava nos estágios iniciais da recuperação. Seu andar era instável.Só para descer do carro, já se jogava quase por completo sobre Roberto. Mesmo assim, parecia ter dificuldade, a ponto de gotas de suor frio escorrerem por su
Ao ouvir aquilo, Patrícia se interessou na hora.Ela realmente estava precisando de dinheiro.Só depois de entrar no mercado de trabalho é que percebeu como era difícil dar um passo sequer sem dinheiro no bolso.— Que tipo de trabalho?— Nada demais... Só conversar comigo de vez em quando. Percebi que, quando falo com você, minha inspiração aparece com mais facilidade.Henrique colocou o violão nas costas. Seu rosto, já naturalmente bonito, parecia ainda mais encantador sob a luz do poste.Patrícia achou a proposta um pouco estranha.Sabia que artistas costumavam ter momentos repentinos de inspiração... Mas ela mesma era uma pessoa comum, sem grandes histórias de vida. Não entendia como poderia inspirar alguém como Henrique.— Mas eu... — Ela hesitou por um momento. Ainda achava tudo aquilo um tanto inusitado e decidiu ser honesta. — Eu não tenho nenhuma história marcante. Depois que me casei, minha vida se resumiu a ir e voltar do trabalho. Meus dias são extremamente simples e normais
“Então era Enzo.”Patrícia respirava fundo, tentando disfarçar a tensão. Em voz baixa, perguntou:— Não... Tem mais ninguém com você?— Você acha que teria quem? — A resposta de Roberto veio com um leve tom de ironia. — De repente vem com esse tipo de pergunta... Tá desconfiada de quê? Acha que usei a desculpa de uma viagem a trabalho pra encontrar outra mulher?“Ele... Adivinhou?”O coração de Patrícia acelerou.— Eu confio em você, amor. Acho que você... Não faria isso, né?— Não faria. — A resposta de Roberto soou como um alívio, uma âncora que a mantinha firme por dentro. — Patrícia, mesmo que nosso casamento seja por contrato, enquanto estivermos juntos, eu jamais trairia você.“Mas... E toda aquela intimidade com Beatriz? Isso não conta como traição?Bom... Talvez não. Talvez seja só o jeito deles como amigos de infância. E considerando o estado de saúde da Beatriz, ela provavelmente nem poderia ter esse tipo de relação física...Então... O que ele quer dizer com não trair?”— Be
Num instante, Patrícia sentiu como se tivesse caído num poço de gelo.“Como assim Beatriz estava com Roberto? Ele não tinha viajado a trabalho?”Suas mãos se cerraram com força. Ao redor, uma multidão animada assistia aos fogos de artifício. Ao seu lado, Laura tirava fotos e gravava vídeos com um sorriso satisfeito, postando tudo nos stories com entusiasmo.Mas apenas Patrícia se sentia completamente alheia a tudo. Era como se estivesse presa numa bolha gelada, imóvel, encarando as mensagens que continuavam chegando pelo celular, enviadas por Beatriz:[Secretária Patrícia, Beto não sabia que presente escolher pra você, então me pediu pra acompanhá-lo... Que tal você dar uma dica?][Você sabe como é, né? Cresci na família Pereira, sempre cercada de filhas de gente rica. Elas gostam de coisas caras e sofisticadas. Mas você, Secretária Patrícia, sempre teve um gosto mais simples. Aqui fora, nem tem camelô pra comprar essas coisinhas que você curte.]“Beatriz estava... Zombando de mim?”Si
Patrícia estava prestes a dizer algo, mas Laura já havia voltado, balançando o celular de forma presunçosa.— Esse garoto é realmente tão ingênuo.— Já adicionou no seu contato?Patrícia não se surpreendeu muito com a cena.Laura sempre foi bonita e, quando tomava a iniciativa, nunca falhava.— Claro. — Laura sorriu travessa, colocando o braço ao redor dos ombros de Patrícia. — Daqui a pouco vai ter fogos de artifício. Vamos lá ver.Dizendo isso, Laura olhou para Henrique e perguntou:— E aí, grande estrela, vai com a gente?— Não, obrigado. Tem muita gente. Se acontecer alguma coisa, meu agente vai enlouquecer. — Henrique recusou com um sorriso, visivelmente desconfortável.Na verdade, ele até queria ir, mas sabia que sua presença em um lugar cheio de pessoas poderia gerar uma série de problemas, especialmente sendo fotografado com duas mulheres bonitas. Ele não se importava com a atenção da mídia voltada para si, mas sabia o quanto isso poderia ser desconfortável para Patrícia e Laur
No final, o encontro de irmãs entre Patrícia e Laura acabou virando um programa a três.De acordo com Laura, o custo de vida naquela região era realmente muito alto.Como havia um homem bonito disposto a pagar, ela não pensou duas vezes em aceitar.— Está gostoso. — Laura comia rapidamente, os olhos fixos no horizonte, voltados para a praia. — Mesmo sendo outono, o clima aqui parece bem diferente do centro da cidade. Já está de noite, mas ainda está quente... Ei, ei, ei, Paty, o que você acha daquele rapaz?Patrícia seguiu o olhar de Laura.Era um rapaz com aparência de universitário, muito bonito.— Ele até que é bonito, só que é um pouco mais jovem. — Patrícia fez uma avaliação sincera.Laura sorriu de forma travessa:— Querida, fica tranquila, eu já vou ali!Lá vinha ela de novo.Patrícia suspirou, não tendo tempo de impedir Laura. Sua amiga já estava correndo rapidamente em direção ao garoto.— Sua amiga tem uma personalidade bem animada. — Henrique comentou baixinho, enquanto cont