Patrícia refletiu por um instante.Ela havia sido bem direta mais cedo, se André tivesse ao menos um pingo de bom senso, não insistiria mais.Então, não havia necessidade de reforçar nada.— Vamos ver... Se ele não voltar a me procurar, nem precisa tocar nesse assunto de novo. — Respondeu distraída, sem dar muita importância.Mas, como o destino gosta de contrariar, quando o expediente terminou e os colegas começaram a se levantar um a um, Patrícia também se preparava para sair.Queria chegar cedo em casa e adiantar o trabalho.Guardava suas coisas na bolsa quando um rosto familiar surgiu bem à sua frente.— Paty! Tava te esperando. — Disse André, com um sorriso forçado e um brilho indesejável nos olhos, disfarçado sob uma máscara de simpatia. — Você tá saindo agora, né? Ótimo, então a gente pode jantar juntos, como combinado!No mesmo instante, vários colegas que ainda estavam no escritório pararam o que faziam e lançaram olhares curiosos.O clima ficou estranho como se todos tivessem
Patrícia ficou completamente vermelha, desviou os olhos e tentou afastar os pensamentos que começavam a ficar... Perigosos demais.Não queria se deixar levar por aquilo. Sabia que, quanto mais se envolvesse, mais difícil seria sair.Então, já havia avisado a Roberto que, naquele dia, não subiria para almoçar com ele.Ele não gostou nada da ideia. Achava que ela perderia o horário do refeitório.Ela precisou insistir várias vezes, garantindo que comeria direitinho e no tempo certo, até que ele finalmente cedeu.Mas isso acabou gerando outro mal-entendido: Clara achou que ela e Enzo tinham brigado.— O Sr. Roberto não precisa de mim esses dias pra fazer os relatórios. — Explicou Patrícia. — Então, vou continuar comendo no refeitório mesmo.— Nossa, então obrigada ao Sr. Roberto por te liberar! Se não, eu ia almoçar sozinha, abandonada. — Brincou Clara, rindo. — Mas... e o seu Sr. Enzo, como fica? Vai continuar pedindo comida no escritório?— Acho que sim... — Respondeu Patrícia, constran
Patrícia sentiu a tensão pairando no ar.Engoliu em seco.O nervosismo era tanto que sua mente parecia ter desligado. Não conseguia pensar em nada.— Sim... — Murmurou baixinho, tentando mover a perna.Mas a mão dele ainda segurava firme. Não a deixou ir.O calor subiu em seu rosto de forma quase instantânea, colorindo-lhe as bochechas de vermelho intenso.E os olhos dele... Continuavam fixos nela, sem dar qualquer trégua.Era como se o olhar queimasse sua pele, impedindo que o rubor se dissipasse.Antes que ela conseguisse organizar qualquer reação, Roberto se moveu. Girou o corpo e, num só gesto, a prendeu sob o seu.O beijo veio avassalador. Sem dar espaço para pensamento ou resistência.Como neve tocando o fogo.Derreteu por completo.Patrícia chegou atrasada ao trabalho.Mas não estava preocupada.Durante o trajeto, Roberto havia garantido que não descontaria nada de seu salário.Assim que se sentou na mesa, Clara logo apareceu ao seu lado, curiosa como sempre:— Paty, você ainda
O coração de Patrícia apertava no peito.Era como se uma mão invisível a comprimisse por dentro, espalhando uma sensação estranha e desconfortável por todo o corpo.Ela ficou sem reação.Não sabia o que responder.O que mais a confundia era a atitude de Roberto.Ele não parecia estar ali para terminar o contrato.Pelo contrário... Demonstrava cuidado. Interesse.Mas por quê?Seria culpa?— Não está mais doendo... — Respondeu ela, com a voz baixa e um tanto vacilante.Roberto colocou a pomada de lado e ergueu o olhar.Diante dele, a pele clara, o pescoço longo e delicado, as clavículas bem desenhadas.Mesmo encolhida, como estava, ela irradiava algo difícil de ignorar, uma beleza suave e perigosamente sedutora.Patrícia sentiu o olhar dele queimando sobre sua pele.Como se fosse mesmo calor físico.Seu rosto corou, e um rubor leve tingiu também os ombros e o colo, revelando seu desconforto.Aquela imagem... Aquela fragilidade misturada com sensualidade... Despertava algo visceral em Rob
Patrícia virou-se e deu de cara com ele. Levou um susto.Não esperava que Roberto entrasse assim, de repente.Com os olhos ainda marejados, o olhar úmido e frágil, seu rosto transmitia uma doçura quase insuportável... Como um pedido silencioso por socorro que mexia com os instintos mais primitivos.Era o tipo de imagem que enlouquecia qualquer um.— O que é isso?! Por que você não está de pijama?Roberto segurou o tom de voz, mas a rouquidão e a tensão deixaram claro que havia raiva contida ali.Não raiva dela.Raiva de si mesmo.Pelo descontrole. Pela fraqueza.Mas Patrícia, sem entender isso, se assustou com a bronca repentina.Sentiu-se ainda mais vulnerável. A vergonha e o pânico tomaram conta, e ela, instintivamente, correu em direção ao guarda-roupa para pegar alguma roupa.No entanto, no desespero dos movimentos, a toalha que a envolvia escorregou. Caiu no chão com um som seco. E, pior, ainda prendeu-se nos pés dela.Ela tropeçou e caiu para frente, sem qualquer chance de se equ
O beijo de Roberto estava tão intenso que Patrícia mal conseguia respirar.Mas, no fim, a razão falou mais alto. Um instinto de defesa rompeu a névoa em sua mente, e ela reagiu. Empurrou-o com força, afastando o corpo dele do seu.Roberto a olhou, confuso, franzindo levemente a testa. A expressão era de genuína surpresa. Ainda perguntou:— Te machuquei em algum lugar?Na cabeça dele, o problema só podia estar em si mesmo.Afinal, lembrava-se perfeitamente do jeito como Patrícia já o procurara antes, com tanta iniciativa, até entrega. Nunca passou por sua cabeça que ela simplesmente não quisesse mais.— Eu... Eu... — Patrícia procurava uma desculpa plausível, mas sua mente estava vazia.Roberto já percebera a recusa. Ela não tinha como negar. Engoliu em seco e, num gesto automático, adotou um tom delicado, até frágil:— Estou um pouco cansada. Meu corpo não está muito bem...Era a única forma de fazê-lo parar sem causar ainda mais constrangimento.— Cansada como? Quer que eu chame o Dav