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Capítulo 4

Author: Isabela Luz
A chegada de Augusto interrompeu o que Maria estava dizendo.

Ele manteve o mesmo tom cortês e educado de sempre, mas com aquela superioridade inata que parecia parte de sua essência:

— Sérgio, Maria, desculpem a demora. Espero não ter feito vocês esperarem muito.

Eu soltei um suspiro discreto de alívio. Felizmente, ele não fez nada para constranger meus pais e deixá-los desconfortáveis.

— De jeito nenhum! — Sérgio apressou-se em responder, tentando aliviar a situação. — A gente acabou de chegar mesmo. Ficamos aqui conversando com a Débora, nem vimos o tempo passar. Se você ainda está ocupado, pode continuar. A gente espera.

Eu baixei a cabeça e disse:

— Vamos, mãe, sentem-se. O almoço está pronto.

Fomos todos para a mesa de jantar. Augusto sentou-se na cabeceira, enquanto meus pais e eu ocupávamos os lugares ao lado.

Meu pai parecia inquieto. Ele olhava de soslaio para Augusto, hesitando em dizer algo.

Finalmente, Sérgio criou coragem e começou, com a voz cautelosa:

— Augusto, eu tenho um pedido a fazer...

A postura de Sérgio era quase submissa, um contraste doloroso com o respeito que ele já havia tido no passado.

Augusto, sem alterar o tom, respondeu:

— Sei que o Grupo Lins está passando por dificuldades. Quanto ao financiamento, o senhor não precisa se preocupar. Trouxe o contrato?

Sérgio rapidamente assentiu:

— Sim, sim, está aqui!

— Vou assinar mais tarde. Débora enviará para vocês amanhã. O dinheiro estará disponível para o Grupo Lins até sexta-feira, no máximo.

Com essas poucas palavras, Augusto conseguiu aliviar toda a tensão que pairava no ar. Sérgio e Maria trocaram olhares de alívio e agradeceram repetidamente, visivelmente gratos.

— Débora é minha esposa. É natural que eu ajude o Grupo Lins em tempos difíceis.

Essa declaração de Augusto dissipou as dúvidas que Maria parecia ter tido anteriormente.

Maria, que sempre foi direta e sem rodeios, sorriu aliviada e comentou:

— É bom ver que vocês estão bem juntos. Isso me deixa tranquila. Ontem, vi uma notícia sobre a Mônica. Diziam que ela estava envolvida em um rumor romântico. Não mostraram o rosto do homem, mas, pela silhueta, eu achei que parecia com você, Augusto! Passei a noite sem conseguir dormir, preocupada...

Assim que Maria terminou de falar, tanto eu quanto Augusto ficamos visivelmente desconfortáveis. Ele rapidamente mudou de assunto, dissipando o clima tenso.

Depois que meus pais foram embora, peguei o contrato que havia preparado e coloquei a folha do acordo de divórcio na última página. Em seguida, fui até o escritório de Augusto.

...

No escritório, Augusto estava sentado à mesa, concentrado em responder e-mails. A luz quente do abajur destacava os contornos de seu rosto austero e elegante. Um dia, eu havia amado profundamente aquele olhar sério e dedicado que ele tinha quando trabalhava.

Soltei um leve suspiro antes de me aproximar com o contrato nas mãos.

— Este é o contrato que meu pai pediu para você assinar. Pode dar uma olhada?

Ele levantou os olhos para mim e, ao perceber que eu não estava tentando discutir, sorriu de forma sutil.

— Parece que você finalmente sabe quando parar.

— Sim. E obrigada por ter ajudado meus pais. — Eu forcei um sorriso, tentando esconder a dor que me consumia por dentro.

Antes de começar a assinar, Augusto comentou:

— Ah, a propósito, preciso te avisar uma coisa. A mídia tem me seguido de perto ultimamente, e para evitar problemas, decidi trazer a Mônica e a Laís para morar aqui. Brisa do Mar é a área mais privada de Cidade H, e será mais seguro para elas ficarem aqui.

Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago, tirando todo o ar dos meus pulmões.

Como pude esquecer que Augusto sempre foi um homem de negócios astuto? Toda "generosidade" que ele oferecia vinha com um preço equivalente. Ele não ajudou meus pais por bondade.

— Tudo bem. — Respondi com esforço, tentando manter a voz firme.

Ele continuou:

— Além disso, quero que Mônica e Laís fiquem no quarto principal. Afinal, queremos criar um ambiente ideal para a Laís...

— Já entendi. Não precisa explicar. — Eu o interrompi antes que ele pudesse terminar. — Eu me mudo para o quarto de hóspedes. O quarto principal pode ser de vocês.

Se meu marido já não era mais meu, por que eu deveria lutar por um quarto?

Depois de concordar com as condições de Augusto, peguei o contrato e perguntei:

— Pode assinar agora? Meu pai está com pressa.

Augusto não disse nada. Ele abriu a pasta e começou a examinar os documentos.

Cada página que ele virava aumentava minha ansiedade.

Porque na última página, que ele julgava ser apenas mais uma parte do contrato, estava o acordo de divórcio que eu havia preparado.
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