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####Capítulo 2

Author: Gardênia
Enquanto lia os comentários com gosto amargo, o celular tocou. Era Léo me ligando.

— O pessoal do meu departamento de relações públicas quer saber se você quer que a gente tire essas manchetes. — Sua voz, grave e aveludada, soou através da linha.

— Não precisa. — Sorri de leve. — Se tiver dinheiro sobrando, invista tudo no nosso casamento. Não permito que você gaste um centavo com terceiros.

— Combinado. — Ele riu baixo e cheio de charme. — Hoje vamos experimentar o vestido, certo? Também importar três tipos diferentes de rosas. Quero que escolha a que mais gostar.

Mal tínhamos decidido nos casar, e ele já tinha flores importadas me esperando. A eficiência dele me deixava sem palavras.

Desde que tomamos a decisão de casar, tudo foi resolvido por Léo e sua equipe. Eu apenas assistia de camarote. Mas ele nunca reclamava da minha falta de participação. Apenas organizava tudo, com perfeição, e me dava o direito de escolher.

Lembrei de como tudo foi tão diferente com Theo. Na época, fui eu quem correu atrás de tudo. Ás vezes, pedia uma simples opinião dele e, recebia sempre a mesma resposta impaciente:

— Uma coisa boba dessas, decide sozinha. Para de me incomodar com isso.

E agora, ao ver Léo cuidar de cada detalhe, percebi que é assim que um noivo de verdade deveria se comportar.

Tínhamos mais de cinquenta vestidos de noiva para experimentar. E, como num passe de mágica, todos eram exatamente na minha medida.

— Nosso time foi convocado às pressas ontem de madrugada. — Contou a estilista, entusiasmada. — O Sr. Léo exigiu que adaptássemos tudo para você e que ficássemos aqui de plantão. Caso algo que você goste não sirva, estamos aqui para ajustar na hora. — Ela olhou para mim, emocionada, com um sorriso terno. — O Sr. Léo deve te amar muito.

Senti minhas bochechas corarem. Lancei um olhar tímido para Léo, que retribuiu com um sorriso enigmático.

Após um dia inteiro de vestidos, joias e flores, eu estava exausta. Desabei no sofá assim que entrei em casa.

Assim que me sentei, meu celular vibrou com a ligação do Theo. Diversas chamadas não atendidas. Uma atrás da outra.

— Onde você está? Já falei mil vezes pra não se atrasar! Precisa mesmo fazer cena só para se sentir importante? — A voz dele explodiu, impaciente.

— Ir para onde? — Perguntei.

— Sério isso, Bruna? — Ele bufou. — Eu pensei que você tinha aceitado a Suzana de verdade. Ontem foi tudo fingimento, não é? Agora até ignora minhas mensagens? Te avisei por mensagem faz dias! Hoje é o jantar de boas-vindas da Suzana. Ela fez questão de te convidar. Estou te mandando a localização. Se apresse!

Sem esperar resposta, desligou.

Logo depois, recebi a mensagem com a localização, e um áudio da própria Suzana: "Bruna, quanto tempo! Vem logo, por favor... Eu não quero que você tenha uma impressão errada de mim e com Theo."

Na sequência, veio outro áudio, agora dele: "Se você não aparecer, esqueça aquele contato do editor-chefe da revista que prometi te passar.

Revirei os olhos. Era uma chantagem barata. Sou médica, e aquele contato era a única ponte para publicar meu artigo numa revista médica de prestígio. E ele estava usando isso para me ameaçar?

Levantei. Me arrumei com calma. Tudo bem. Eu consigo aguentar os dois mais um pouco.

No restaurante, ao abrir a porta do camarote, vi os dois sentados lado a lado no lugar de honra. A intimidade estava explícita. Eram perfeitos um para o outro. Até os assentos colados.

— Bruna, você veio! Que bom! Senta aqui, por favor. — Suzana se levantou com um sorriso gentil.

Ela ia ceder o lugar. Mas antes que se mexesse mais que alguns centímetros, Theo segurou firme seu braço.

— Suzana, você é a estrela da noite. Esse lugar é seu. Tem tantos lugares vazios, ela que se vire. — Disse.

— Me desculpe, Bruna. Acho que o Theo... bebeu demais. — Suzana me lançou um olhar envergonhado, o rosto um pouco corado.

— Tudo bem. — Sorri, sentando num canto. — Como ele disse, hoje a noite é sua. Fique à vontade.

— Ah, tudo isso por causa de um lugar? Deixa disso. Aliás, vi as fotos hoje nos perfis de fofoca. Vocês dois combinam tanto! Quem não conhece até pensa que vocês são um casal! — Um amigo dele resolveu contribuir com a humilhação.

— Suzana só pensa em arte. — Completou outro. — Vocês se separaram naquela época por bobagem. Agora que ela voltou, já podem recomeçar.
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