Duas semanas antes do casamento, Theo Salles de repente adiou a cerimônia de novo. — A Suzana disse que nesse dia vai inaugurar sua primeira exposição. — Explicou ele. — Ela vai estar sozinha na abertura, tenho medo que ela não consiga segurar a pressão. Com certeza vai precisar de alguém ao lado. — Continuou. — Nós não precisamos dessa formalidade. Casar hoje ou amanhã, qual é a diferença? Mas essa já era a terceira vez que ele adiava nosso casamento por causa da Suzana Lima. Na primeira vez, ele disse que Suzana tinha saído de uma cirurgia e sentia falta da comida da terra natal. Então, sem hesitar, ele foi para o exterior cuidar dela por dois meses. Na segunda vez, ele disse que Suzana ia se isolar nas montanhas para pintar em busca de inspiração. Ficou preocupado achando que não era seguro ela ir sozinha, por isso, foi junto. Esta é a terceira vez. Desliguei o telefone e olhei para Léo Duarte, meu amigo de infância, sentado preguiçosamente à minha frente. A bengala na sua mão, incrustada de esmeraldas, batia ritmicamente no chão de mármore. Você ainda quer uma esposa? — Perguntei. No dia do meu casamento, Suzana, sorridente e encantadora, ergueu sua taça esperando que um homem brindasse com ela. Mas esse homem, de olhos vermelhos, estava assistindo ao vivo o casamento do herdeiro do maior grupo imobiliário do país, o Grupo Duarte.
view moreLéo ficou com nojo da mensagem. De raiva, quase quebrou os dentes, jurando que ia mandar toda a família Salles para Bagdá, só para nunca mais terem chance de aparecer na minha frente.Foi raro ver ele sendo tão infantil, ri por um bom tempo.— Se importar com gente assim não é se rebaixar? — Eu disse.Apesar do pensar assim, já estava bem cansada de tudo aquilo. Léo me levou direto para nosso apartamento recém-reformado. Decidimos fazer uma pequena festa de inauguração com amigos próximos.No dia da festa, adivinha quem apareceu? Suzana.Ela estava muito mais quieta que antes, mas seus olhos não paravam de me encarar, tentando puxar conversa.— O que você está fazendo aqui? Cai fora! Ninguém aqui te quer. — Disse a minha melhor amiga indo direto nela, bloqueando sua passagem.Os seguranças se posicionaram ao lado.— Bruna! Você já é uma mulher casada e ainda quer ficar com dois ao mesmo tempo? Não tem medo do seu marido se irritar e te largar? — Suzana gritou, ao perceber que não conseg
O local caiu em alvoroço. Minhas palavras foram como um tapa estalado no rosto dela. As pessoas ao redor começaram a apontar e cochichar, e ela mal conseguiu se manter de pé, cambaleando para trás.Sons de murmúrios surgiram ao meu redor:— Não é de se estranhar. Eu sempre disse, uma mulher que vive grudada em homem comprometido, não pode prestar.— Olha essa arte de se fazer de boazinha... Mesmo que eu acordasse todo dia de manhã e começasse a treinar, ainda não conseguiria competir com esse tipo de talento natural.— E eu achando que ela era uma dama, mas no fundo é só mais uma sem vergonha. Nem deve gostar tanto assim do tal do Theo, se não, por que prender ele por tanto tempo?— Dormir com o noivo dos outros, na cama nova, vestindo a lingerie da dona da casa... Me dá até vontade de vomitar. Quem se envolver com ela é quem sai perdendo.— Parem de falar da Suzana! — Theo correu para ficar na frente de Suzana. — Ela é inocente. Se querem culpar alguém, que seja eu!Dei um tapa tão fo
— Da primeira vez que marcamos a data do casamento, você tinha acabado de sair de uma cirurgia. Estava no exterior dizendo que comia mal, dormia mal e queria que ele fosse te fazer companhia. Os convites já até tinham sido enviados, e mesmo assim ele foi até você. Da segunda vez, você disse que ia para uma área remota montanhosa buscar inspiração para pintar. Disse que o sinal lá era fraco e talvez não conseguisse contato, e ainda sugeriu que não era seguro. Ele ficou preocupado e foi atrás de você de novo. Na terceira vez, você marcou sua exposição justamente para o dia do nosso casamento. Qualquer um entenderia as suas intenções, até um cachorro que passasse por perto saberia. E agora vem me perguntar por que eu "abandonei" o Theo? — Continuei. — Me diz uma coisa, se você acha ele tão bom assim, por que não casa com ele? Por que ficou prendendo ele por anos, deixando ele feito um cachorrinho atrás de você?O rosto de Suzana ficou pálido. Os olhos cheios de lágrimas, e ela tapou a boc
Ele pegou o controle remoto e ligou a TV do camarote. Estava justamente na parte mais emocionante do casamento.Léo recebeu das mãos da florista a aliança de diamante. O enorme anel tinha um brilho deslumbrante. Mas nenhum brilho era mais intenso do que o olhar do noivo para a noiva.— Obrigado por estar disposta a olhar para trás e me ver. Eu juro que vou te amar e cuidar de você por toda a vida. Você aceita se casar comigo? — Aceito.Ao ouvir minha resposta afirmativa, ele deslizou cuidadosamente o enorme anel em meu dedo anelar. O peso no meu dedo era intenso, e meu coração parecia transbordar.Ele afastou meu véu e deu um beijo gentil e cheio de carinho em meus lábios.O copo de vinho na mão de Theo quebrou com a força que ele apertou, e o sangue escorreu entre os dedos até o chão.— É tudo encenação! Mentira! Bruna não vai se casar com ninguém! Ela me ama! Como ela poderia casar com outro?! — Disse.— Como não? A moça queria se casar com você, e você conseguiu adiar o casamento t
Theo largou a mão de Suzana às pressas.Ela usava uma camisola roxa, rendada e muito sensual, com decote profundo na frente e costas abertas até a cintura. Eu tinha comprado essa camisola especialmente para a noite de núpcias. Agora ela não só tomava posse do apartamento como se fosse dona, mas usava minhas roupas como se já fosse a dona de tudo.— Bruna, desculpa... Minha mala ainda não chegou. O Theo disse para eu usar algo seu. Ele procurou bastante e achou essa nova... Você não se importa, não é? — Percebendo meu olhar na camisola, Suzana mexeu o cabelo e falou, tímida.— Não me importo. — Sorri levemente.Passei por eles e fui direto ao quarto principal pegar minha mala. A porta estava semiaberta, e o cheiro no ar era forte. Havia roupas íntimas de homem e meias femininas espalhadas pelo chão. Qualquer um entenderia o que tinha acontecido ali.Theo veio atrás de mim, fechou a porta às pressas.— Não é o que você está pensando... A gente não chegou até o fim. — Ele tentou se explic
Era Léo.Ele ainda segurava o celular na mão e veio em minha direção com passos largos, afastando com firmeza a mão de Theo que me agarrava, forçando-o a soltar.Ele abaixou a cabeça, acariciando gentilmente meu pulso marcado, e ergueu os olhos com doçura.— Está tudo bem? — Perguntou.Balancei a cabeça. Sua figura alta e imponente ficou entre mim e Theo, bloqueando completamente o perigo e me fazendo sentir segura.Atrás dele, dois seguranças postaram-se silenciosamente de cada lado da porta.— Ora, se não é o Sr. Theo... — Léo me envolveu pelos ombros e, com expressão impassível, disse. — Está falando essas bobagens segurando a minha noiva? No nosso casamento, ela pode usar o que quiser, vestir o que quiser. Se ela quiser estrelas do céu bordadas na barra do vestido, eu vou dar um jeito de conseguir. Já terminaram e continua se intrometendo na vida dela? Não tem medo da moça do seu lado ficar com ciúmes?Seu olhar profundo passou por Suzana, que tremeu de medo e imediatamente ficou c
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