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Capítulo 6

Penulis: Sra. Deep
Tatiane levou um susto e ergueu o olhar de repente.

— Você ainda não dormiu? Que susto.

Cristiano não respondeu à pergunta dela. Estava ali, com as mãos nos bolsos da calça, observando-a com frieza.

O olhar dele fez Tatiane sentir uma culpa inexplicável.

Ele nunca se importava com ela, nunca.

Desviando o olhar, ela se apressou em explicar:

— Meu celular ficou sem bateria. A Kari voltou da viagem de trabalho, fomos jantar juntas.

— Um jantar que dura seis ou sete horas? — Cristiano soltou uma risada curta, carregada de ironia.

Tatiane então o encarou.

Estava claro que ele sabia exatamente onde ela tinha ido.

Por alguns segundos, ela o fitou em silêncio. Depois ergueu o queixo e disse com firmeza:

— Eu posso ter meus próprios amigos. Também posso ter minha própria vida.

Cristiano abaixou o olhar e falou com uma voz preguiçosa, quase indiferente:

— Ainda nem nos divorciamos e você já cansou de fingir?

Fingir?

Quando foi que ela fingiu alguma coisa?

Durante três anos de casamento, ela só tinha saído uma única vez. Ele simplesmente tinha chegado em casa antes dela naquela noite, e por acaso o celular estava descarregado.

Três anos... Três anos vivendo assim, sozinha, num quarto vazio.

Tatiane o olhou, sem vontade de discutir quem estava certo ou errado.

Afinal, foi o caminho que ela mesma escolheu.

Com voz calma, apenas lembrou:

— Cristiano, nós estamos quase nos divorciando.

O que ela realmente queria dizer era: não se meta mais na minha vida, e, de qualquer forma, você já não tem esse direito.

Quando Tatiane terminou de falar, Cristiano apenas a olhou.

Frio, distante, com aquele silêncio que pesava mais que qualquer palavra.

Ela percebeu que ele não dizia nada e, quando se virou para ir ao banheiro, ele tirou a mão direita do bolso e a puxou com força.

— Você acha que pode casar quando quiser e se divorciar quando quiser? O que pensa que é a família Pereira? — Rosnou, com os olhos faiscando.

Dias atrás, ela já tinha mencionado o divórcio, e ele fingira que não ouviu. Agora ela trazia o assunto de novo.

Será que achava mesmo que ele tinha paciência infinita?

A puxada o irritou e também acendeu algo dentro dela.

Tatiane se desvencilhou, encarando-o com raiva.

— Se eu soubesse que o casamento seria assim, Cristiano, eu nunca teria me casado com você. — A voz saiu firme e amarga.

Respirou fundo, tentando manter o controle, e completou:

— Eu sei que você tem medo de que o divórcio afete a empresa. Quando os papéis estiverem prontos, eu não vou contar a ninguém. Se quiser manter segredo, ou até decidir quando tornar público, deixo isso por sua conta.

Cristiano não respondeu. Enfiou novamente as mãos nos bolsos e virou o rosto para o lado.

O silêncio se espalhou pelo quarto, um silêncio tão espesso que dava para ouvir o som das respirações.

Depois de um momento, ele se voltou para ela e falou com frieza:

— Tatiane, ainda não estamos divorciados. Não se esqueça do seu papel.

Tatiane ergueu o olhar, serena, e perguntou:

— O papel da sua esposa? Ou o de vice-presidente?

E então, com ironia contida, devolveu:

— Cristiano, e você? Quando foi que se lembrou do seu papel?

— Está se sentindo injustiçada? Arrependida? Eu sempre fui assim. Você não sabia com quem estava se casando? — Ele deu uma risada curta.

Ela ficou muda por um instante, sem saber o que responder. Por fim, murmurou apenas:

— Na época, eu era jovem demais. Ingênua demais.

— Jovem e ingênua? É só isso e pronto, como se nada tivesse acontecido? Tatiane, você está há três anos na empresa. Sabe quantas pessoas te observam lá fora. Acha mesmo que dá pra esconder isso? — Cristiano soltou uma risada incrédula.

— Se você sabe que tem tantos olhos em volta, por que não se comporta um pouco melhor? — Respondeu Tatiane sem hesitar.

Cristiano ficou em silêncio.

Desta vez, ele realmente não tinha o que dizer.

Ficou ali, olhando para ela por um longo tempo, o rosto impassível.

— Então é definitivo? Vai mesmo se divorciar? — Perguntou, a voz rouca.

— Sim. — Ela respondeu com calma, quase fria.

E acrescentou:

— Vou tomar banho. Você devia descansar.

Sem esperar resposta, foi até o guarda-roupa, pegou o pijama e entrou no banheiro.

Quando saiu, o vapor ainda pairava no ar. Cristiano estava recostado na cama, lendo um livro, com um grande espaço vazio ao seu lado.

Tatiane não perguntou nada. Silenciosamente, colocou a máscara de dormir, os tampões de ouvido, puxou uma manta e deitou-se no sofá.

Da cama, Cristiano abaixou o livro e a observou por um instante.

Ela estava imóvel, de costas para ele, o corpo pequeno perdido entre as sombras.

Depois de um tempo, ele apagou a luz.

E o quarto mergulhou num silêncio completo, o tipo de silêncio que só existe entre duas pessoas que já se perderam uma da outra há muito tempo.

Eram mais de três da manhã quando Tatiane caiu do sofá pela segunda vez naquela noite.

Esfregando o braço dolorido, ela já não tinha nem forças pra se irritar.

Até quando aquilo ia continuar?

Até quando teria que dormir num sofá estreito, ao lado de um homem que já não a queria por perto?

Virou o rosto e olhou para a cama. Cristiano estava acordado. Ela sabia.

Nas últimas noites, ele também não tinha dormido direito.

Tatiane ficou observando-o por um bom tempo, sentada no chão, até que finalmente murmurou, com a voz fraca:

— Cristiano... Vamos resolver logo o divórcio.

Ela não aguentava mais.

Aquela tensão dentro da cabeça, esticada ao limite, estava prestes a se romper.

Assim que as palavras saíram, o quarto foi tomado por um clique seco. A lâmpada acendeu.

Cristiano se sentou na cama, a voz fria e cortante:

— Eu deixei espaço pra você na cama.

— Não é sobre espaço, Cristiano. É que eu não quero mais insistir. — Tatiane virou o rosto e respondeu, cansada.

Levantou-se devagar e voltou a deitar no sofá, de costas para ele.

Três anos.

Durante três anos, ela havia tentado de tudo.

Encolheu o corpo, como se assim pudesse diminuir a dor.

A vida deles tinha se tornado uma mistura de solidão e impotência.

Soltou um suspiro e fechou os olhos.

Mas, de repente, sentiu o corpo ser erguido do sofá.

Assustada, Tatiane abriu os olhos e agarrou a camisa dele.

— Cristiano, o que você está fazendo? — Perguntou, franzindo as sobrancelhas.

Ele não respondeu de imediato. Caminhou até a cama e a colocou ali, com um gesto firme, porém controlado.

— Ninguém te mandou dormir no sofá. — Disse apenas.

Naquela primeira noite, ela tinha escolhido o sofá sozinha, e ele não dissera nada.

Como sempre, tomava as decisões por conta própria, imaginando coisas demais.

Tatiane o olhou sem saber o que dizer.

Cristiano, vendo que ela continuava em silêncio, ajeitou o cobertor sobre ela e falou com desdém tranquilo:

— Fica tranquila. Não estou interessado em você.

Ela não respondeu. Continuou olhando pra ele, olhando enquanto ele se deitava ao lado, no mesmo colchão, a distância entre eles tão grande quanto o abismo que os separava por dentro.

Daquele espaço, ela viu o perfil dele sob a luz fraca: o nariz bem desenhado, o maxilar firme, o rosto bonito demais para alguém tão frio.

Ficou em silêncio por alguns segundos, até perguntar num tom calmo, quase cuidadoso:

— E sobre o divórcio... Como vamos fazer?

Depois de uma pausa, acrescentou:

— Ainda precisa da aprovação do seu avô e dos seus pais?

Cristiano manteve os olhos fechados e soltou uma risada preguiçosa, rouca, quase irônica.

— Meu avô, meus pais... Você fala deles como se não tivesse nada a ver com isso.

Virou o rosto e olhou para ela.

Havia ainda um espaço entre os dois, suficiente para que ele sentisse o perfume suave de Tatiane, aquele cheiro doce, quase infantil, que sempre vinha dela, como leite morno.

— Tatiane. — Perguntou, com a voz baixa. — Por que você quer se divorciar de repente?

O quarto estava silencioso.

Era a primeira vez, em três anos, que eles conversavam assim, com calma, sem brigas, sem máscaras.

Tatiane desviou o olhar. Mesmo agora, ainda gostava dele.

Gostava especialmente quando ele falava com aquele tom sereno, quando parecia, por um instante, ser o homem que ela um dia imaginou que ele fosse.

Mas o problema era simples: Cristiano nunca a amou.

Encarando o teto, Tatiane respondeu com honestidade:

— Estou cansada. Não quero mais viver girando em torno de você. Quero voltar a ser eu mesma.

As palavras ficaram suspensas no ar.

Cristiano se lembrou então: Tatiane não era formada em administração nem em finanças, mas em engenharia de robôs industriais.

Cristiano não disse nada. Tatiane então falou de novo, com uma voz suave:

— Cristiano, será que você acha que eu sou conveniente? Que é bom ter alguém que, mesmo sem te cobrar nada, ainda resolve as bagunças que você deixa pra trás? Na verdade, viver desse jeito, fingindo que não vê, qualquer mulher poderia fazer isso por você.

Ela fez uma pausa e continuou, com um meio sorriso que soava mais triste do que irônico:

— Eu também não sou tão útil assim. Não tenho dote nenhum, e nem sou tão virtuosa a ponto de merecer que você me erga uma estátua.

Cristiano não conseguiu conter o riso diante da maneira como ela se descreveu.

Foi uma risada aberta, alta, genuína, fazia tempo que não ria assim.

Quando se acalmou, olhou pra ela com um brilho divertido nos olhos.

— Então você ouviu aquela conversa do outro dia, né?

Depois de tantas noites tentando entender, ele finalmente percebia o motivo da súbita decisão dela.

Sem dar tempo para que Tatiane respondesse, explicou:

— Aquilo foi brincadeira. Você não precisava levar tão a sério.

Tatiane o encarou, o olhar firme, a voz tranquila:

— Cristiano, eu não quero me divorciar só por causa daquela conversa. É porque nós dois não combinamos. Eu não estou com birra, nem magoada... Eu pensei muito, e eu...

Ela não chegou a terminar.

Cristiano se virou de repente, o corpo cobrindo o dela, os braços firmes prendendo-a no colchão.

Tatiane congelou.

Seu coração disparou e o ar pareceu sumir por um instante.

Olhou diretamente para ele, aqueles olhos escuros, próximos demais, e não se atreveu a se mover nem a respirar.
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