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Capítulo 2

Author: Melissa Z
O rosto do Damien escureceu.

— Isso é algum joguinho pra chamar minha atenção? — ele zombou. — Para com esse drama, Elara. Isso é infantil.

— Drama?

Repeti a palavra, sentindo ela.

— Você tem razão. Eu não sou uma criança. Sou velha o bastante para saber é estúpido.

— Chega — a voz dele veio como um aviso. — O Leo precisa de você. Você não pode simplesmente abandoná-lo por um impulso momentâneo.

— Precisa de mim? — me virei, encarando-o diretamente. — Ou precisa da babá dele?

— Do que você está falando?

— Da verdade — respondi, caminhando até o cofre e digitando o código. — Oito anos atrás, meu pai me mandou pra cá. Ele estava desesperado pela sua proteção, pelos negócios. O acordo era simples: eu cuidava do seu filho. Em troca, você protegeria minha família.

A expressão de Damien mudou.

— Isso não era tudo.

— Claro que não. — Peguei uma chave e uma cópia do livro-caixa. — Eu também tinha que ser ela. O fantasma dela. Usar as roupas dela, o perfume dela. Copiar aquele maldito sorriso.

— Elara...

— Mas você nunca tornou isso oficial, não?

Coloquei a chave e o documento na mesa em frente dele.

— Por oito anos, o título oficial foi “Assistente do Chefe”. Uma babá de luxo.

O Damien olhou para os itens.

A chave-mestra de segurança da propriedade e uma cópia dos registros financeiros da família.

— Você analisou as finanças?

— Analisei? — eu ri. — Damien, você me colocou encarregada das despesas da casa. Claro que eu sei sobre tudo. Inclusive a “mesada” que você envia para o meu pai.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, depois de repente agarrou meu pulso.

— Ótimo. O que você quer? Um título? — a voz saiu tensa. — Quer ser a Sra. Volkov? Certo. Case comigo. Seja a verdadeira dona dessa casa.

Olhei para a mão que apertava meu pulso.

Ele ainda usava a aliança. A aliança dela. Ela estava morta há oito anos.

— Solta a minha mão.

— Estou falando sério — ele sibilou, apertando como um torno. — Dinheiro. Poder. Um título. É só dizer e é seu.

— O que eu quero, você nunca vai poder me dar.

Puxei meu braço e recuei até a porta.

— O que você quer? — havia um traço de desespero na voz dele.

— Liberdade.

A palavra atingiu Damien como um tiro.

O rosto dele virou uma pedra.

— Liberdade? — ele zombou. — Eu te dei um palácio. Carros. Um cartão black sem limite. As outras mulheres matariam para ter a sua vida.

— Então vá atrás de uma delas.

Tentei abrir a porta, mas ela estava trancada.

O Damien tirou uma chave do bolso, um sorriso frio no rosto.

— Achei que a gente pudesse discutir isso racionalmente — ele disse, rasgando a cópia do livro-caixa em pedaços. — Mas, claramente, você precisa de um tempo pra esfriar a cabeça.

Os pedaços de papel caíram no chão como neve.

— Você vai me trancar aqui?

— Estou protegendo minha família — ele mostrou a porta. — E isso inclui proteger você de si mesma.

Ouvi passos se aproximando.

Dois seguranças apareceram na porta.

— Ninguém entra ou sai deste quarto até ela voltar ao normal — Damien ordenou.

A porta bateu com força.

Fiquei sozinha no estúdio, cercada pelas antiguidades que eu tinha colecionado com tanto cuidado.

Agora pareciam apenas enfeites numa cela de prisão.

Andei até a janela e olhei para o jardim.

Havia uma pequena pedra memorial, com uma data gravada: 15 de abril de 2016.

O dia que a Krista morreu.

E o dia em que eu cheguei.

Nosso suposto “aniversário” nunca teve nada a ver comigo.

Era o aniversário de casamento do Damien e da Krista.

E eu era apenas a sombra dela, trazida naquele dia especial.

Oito anos.

Eu vivi uma mentira por oito anos.

De repente, uma bolinha de aço acertou minha testa.

A dor me fez virar.

O Leo estava na varanda do prédio em frente, segurando um estilingue.

— Você ainda está aqui? — a voz dele era venenosa, pingando maldade. — Da próxima vez, não vai ser uma bolinha de aço. Vai ser uma bala. Bem no meio da sua testa.
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