LOGIN— Todo mundo achou que você estivesse morto — disse o Damien, ainda em choque. — Aquela explosão, três anos atrás…— Eu arranjei aquilo — respondeu Julian, com frieza. — Um corpo, um laudo de DNA, algumas testemunhas compradas. Às vezes, a morte é a única maneira de fugir da família.— Os Thorne estão te procurando.— Pois que procurem — disse Julian, soltando a chave inglesa. — Não dá pra encontrar um homem morto.Os olhos do Damien saltavam de mim para o Julian, seu rosto escurecendo a cada segundo.— Então esse é o seu jogo? — ele zombou, olhando para mim. — Me trocar por um fantasma?— Ele não é um fugitivo — eu disse, dando um passo à frente. — Ele é um homem livre.— Livre? — Damien zombou. — Ele é um covarde! Fugiu das responsabilidades, jogou fora o próprio nome!— Pelo menos ele teve coragem de escolher a própria vida — disse Julian, encarando o Damien. — Diferente de você. Você encontrou um incêndio e tentou mantê-lo dentro de uma gaiola dourada.— Um incêndio?— Ela — disse
— O Leo precisa de mim? — soltei uma risada fria. — Um mês atrás, ele queria atirar com uma bala em mim.O rosto de Damien ficou tenso. — Ele é só uma criança. Não sabia o que estava fazendo.— Ele tem oito anos — respondi, sem me afastar do lado de Julian. — Idade suficiente para diferenciar o certo do errado.— Elara. — O Damien tirou uma caixinha de veludo do bolso do terno. — Vamos conversar.Ele a abriu. Dentro havia um anel de diamante do tamanho de um maldito iceberg.Não era o anel da Krista. Era um novo. Ofuscante, caro o suficiente para comprar meia cidade.— Case comigo — ele disse. — De verdade, desta vez. Você não vai ser uma substituta. Vai ser minha rainha. A rainha de Chicago.— Não.— Eu também trouxe isso. — Ele fez um sinal, e um dos seguranças trouxe uma pasta grossa. — Um acordo pré-nupcial. Um fundo de dez milhões de dólares. Um apartamento de luxo no centro de Chicago. E ações de três das minhas empresas.Dez milhões.Ele ainda achava que eu era a mesma garota de
Uma rachadura é tudo o que basta. Logo, o maldito mundo inteiro se quebra.Semanas se passaram. A casa ficou um caos.O novo mordomo estava vendendo garrafas vintage da adega.As contribuições semanais dos sindicatos vieram mais baratas. As propinas sumiram. Os números não fechavam, e ninguém tinha uma maldita resposta.Até as rosas negras que a Elara cuidava com tanto carinho no jardim começaram a murchar e morrer.O Damien estava se afogando em qualquer assunto pequeno e chato com os quais nunca precisou lidar.Quase quebrou a mandíbula de um capitão por causa de um livro contábil atrasado. Todo o submundo de Chicago conseguia sentir o humor sombrio e podre do chefe dos Volkov.Pela primeira vez, ele percebeu que a Elara tinha sido como um escudo invisível, protegendo-o de todos os problemas ruins e banais do mundo.Então o Leo ficou doente.Uma febre alta que não abaixava. Pesadelos.O médico da família não servia para nada. Em seu delírio, o Leo resistia a todo tratamento, repetind
No dia depois que a Elara foi embora, um silêncio desconfortante pairou na casa.O Damien ficou diante da queimada da garagem, o rosto frio na madrugada cinzenta.Uma mulher desobediente tinha ido embora. Nada mais.Na família Volkov nunca faltaram mulheres.Na sala de jantar, o Leo cutucava os ovos com o garfo, com uma expressão infantil de vitória em seu rosto.— Aquela mulher má foi embora — ele disse para a Sophia, que sentava na cadeira principal. — Ainda bem.Sophia, usando um robe de seda justo, deu a ele um sorriso malicioso. — Claro, querido. De agora em diante, eu vou cuidar muito bem de você e do seu papai.As "reformas" dela foram rápidas e de péssimo gosto.No primeiro dia, as cortinas simples de linho de Elara foram trocadas por um veludo vermelho berrante que engolia a luz e deixava o ambiente pesado e barato.No segundo dia, o velho mordomo que servia a família Volkov há trinta anos foi demitido por "furto". Sophia o substituiu por um "primo" de cabelo engomado que ela
A janela traseira explodiu.O Mustang rodopiou e bateu com força em um pilar de concreto dentro da garagem.O airbag abriu, acertando meu rosto. Minha cabeça bateu no volante. Senti o gosto de sangue.O motor morreu.A garagem ficou completamente silenciosa.O Leo estava olhando para a arma, a mão dele estava tremendo. Os olhos dele estavam arregalados de terror. Ele nunca tinha pensado em puxar o gatilho, muito menos imaginado que aquilo realmente aconteceria.— Eu… eu… — ele não conseguia falar.Abri a porta amassada com esforço e saí do carro. Tinha sangue escorrendo pela minha testa. Não fiz questão de limpar.— Você tentou me matar?O Leo deu um passo para trás, a arma ainda estava em sua mão. — Eu… eu só queria…— Queria o quê? - Eu cheguei perto dele. — Me calar de vez?— Não! Eu só não queria que você fosse embora! — A voz dele falhou. — Você matou a minha mãe. Você não pode simplesmente ir embora!Tirei um punhal preso à minha cintura. A lâmina brilhou sob a luz da garagem.O
— Você viu.O Damien estava encostado no batente da porta.Eu não fazia ideia de quanto tempo ele ficou ali.O rosto dele estava calmo, como se tudo tivesse acontecido como ele planejou.— Vi o quê? — limpei o sangue do canto da minha boca.— Seu pai. Como ele realmente é — disse ele, entrando no quarto. — Ainda não entendeu? Ninguém se preocupa com você. Só eu.Eu quase ri.— Se preocupa comigo?— Já mandei meus contatos falarem com os melhores negociadores de arte da Europa. — Ele tirou uma lista do bolso. — Um Monet original. Uma obra-prima do Impressionismo. E um retrato de Rembrandt, que pertenceu à realeza. Mais raro e mais valioso que o quadro do seu avô.Olhei para a lista, para os nomes das obras e seus preços.— Eu não quero esses quadros.— E a Sophia? — ele disse, com um sorriso cruel. — Eu a encontrei por você. Ela faz o Leo feliz. Assim você não precisa mais fazer isso. Está vendo? Podemos fazer isso funcionar.Um equilíbrio. Ele achava que isso era uma negociação.— Dami