MasukNo dia do casamento, Afonso entrou tarde no salão, de braço dado com sua primeira paixão, vestindo o traje de padrinho. O terno do noivo? Jogado de qualquer jeito no sofá, num claro sinal de desordem. — Afonso, hoje não é o nosso casamento... — Júlia. — Ele interrompeu, com uma voz fria, cheia de aviso enquanto olhava para mim firme. — Você sabe muito bem o que pode e o que não pode dizer. Seja madura, não me faça te odiar. Só pude soltar um sorriso amargo. Tudo isso aconteceu porque a primeira paixão de Afonso perdeu a memória. Desde então, todos ao redor entraram nesse teatro coletivo para ajudá-la a recuperar as lembranças. Ninguém podia permitir que ela se sentisse perturbada. Para manter a paz, Afonso até tentou me consolar, aproximando-se para um abraço e murmurando ao meu ouvido: — Juju, você entende meu lado, certo? Acenei em silêncio, e fui capaz de me desprender de tudo ao segurar a mão do verdadeiro padrinho e seguir de cabeça erguida rumo ao altar. No entanto, mais tarde, enquanto eu, grávida, fazia compras no shopping, Afonso apareceu diante de mim, com os olhos cheios de lágrimas. — Juju, não estávamos apenas atuando todo esse tempo? Como você pôde engravidar?
Lihat lebih banyakQuando cheguei em casa, só queria descansar um pouco, deitei na cama e relaxei. Mas, de repente, ouvi um barulho estranho atrás de mim.Me virei assustada e vi Sebastião ajoelhado ao lado da cama, segurando um teclado nas mãos e com uma expressão de cachorro sem dono.— Amor, aceitei minha punição. Olha só, estou de joelhos. Não fica brava comigo, por favor.Suspirei fundo, sentindo os olhos marejarem.— Você realmente acha que sou uma mulher interesseira?Sebastião levantou num pulo, veio até mim e me prendeu na cama com carinho, os dedos passando de leve no canto dos meus olhos vermelhos.— Claro que não, como poderia pensar uma coisa dessas de você?Olhei firme nos olhos dele e perguntei:— Então por que disse aquilo de mim?Ele hesitou, meio envergonhado, procurando as palavras:— Fiquei com ciúmes, Juju. Não aguentava te ver com Afonso, queria afastar vocês dois de qualquer jeito... Tentei dar indireta, mas você não entendia nada. Naquela época, você preferiu pedir demissão a se a
— Juju, está vendo aquele cara te esperando lá embaixo? — Luiza cutucou meu braço, piscando para mim.Me estiquei na janela e, claro, lá estava Afonso, encostado num carro esportivo, com um buquê de flores enorme na mão e o olhar grudado nos andares de cima do prédio. Cada pessoa que passava, ele parava para perguntar se me conhecia, pedindo para avisar que estava ali esperando por mim.— O cara já está aqui faz dias. Seu nome já virou lenda no prédio todo, querida.Revirei os olhos e fechei as cortinas.— Que zica!De repente, a estagiária apareceu, apressada.— Júlia, pessoal da presidência pediu para você subir.Peguei o telefone, e do outro lado, a voz gelada do Sebastião ecoou:— Sobe.Assim que entrei na sala dele, Sebastião me empurrou contra a parede, descendo o rosto até o meu pescoço, quase ronronando.— Amor, ele está me tirando do sério.Passei a mão nos cabelos dele, dando risada.— Está com ciúmes?Ele resmungou, me dando uma mordida leve.— Esses dias estão corridos dema
Quando recebi a notícia de que Sebastião tinha mandado alguém quebrar o braço do Afonso, eu estava completamente mergulhada no desenvolvimento de um novo projeto. Ao ouvir aquilo, só consegui pensar que ele tinha mesmo feito por merecer, e voltei minha atenção ao trabalho.Já faz tempo que Sebastião andava incomodado por eu estar ignorando ele. Quanto mais ele mantinha a pose de chefe imparcial no escritório, mais intenso ficava o jeito dele em casa, sempre encontrando um novo jeito de me punir.Até o dia em que Afonso, na maior cara de pau, usou o celular de um amigo para me ligar, soando mais derrotado do que nunca.— Juju, eu admito, perdi. Você voltou para o Grupo Lima, não foi? Nem entendo o que deu no Sebastião, ele não mede esforços para tomar todos os contratos e recursos do Grupo Melo. A empresa está indo de mal a pior. Volta comigo, vai? Se você me ajudar, a gente casa agora, esquece esse papo de espera de um ano, tá bom?Dava para acreditar? Comecei a desconfiar que Sebastiã
Quando voltei para a Cidade das Nuvens, o clima estava péssimo. Uma chuva torrencial caía sem parar. Mesmo assim, atravessei a tempestade e cheguei no antigo apartamento.Se eu não tivesse vindo hoje, conhecendo o Afonso, eu tinha certeza que ele seria capaz de jogar fora absolutamente tudo que me pertencia. O que eu não esperava era que ele nem sequer tivesse o mínimo de consideração prometida.Assim que abri a porta, me deparei com uma verdadeira bagunça. Minhas coisas estavam espalhadas por todos os cantos do quarto. Uma sensação ruim subiu pelo peito. Eu corri para o quarto e logo vi que havia uma caixa de madeira jogada no chão, aberta, com o bracelete dentro em pedaços, totalmente destruído.— Que beleza... Ouvi uma risada fria atrás de mim. Ao me virar, dei de cara com a Catarina.— Foi você que quebrou meu bracelete? — Indaguei, segurando os pedaços.Catarina me lançou um olhar de puro desprezo, a voz veio carregada de veneno: — Quem mandou você tentar casar com o Afonsinho






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