Depois da Centésima Pulseira, Decidi me Divorciar

Quando Mateus voltou para casa, eu estava jogando no lixo a folha de "Cuidados pós-aborto".

Três dias antes, enquanto meu marido "viajava a trabalho", ele estava comemorando o aniversário de uma garota.

Quando soube que o presente de aniversário dela era uma casa avaliada em um milhão de reais, fiquei tão abalada que acabei sofrendo um aborto espontâneo.

Assim que recebi alta e voltei para casa, olhei para a caixa de joias com as noventa e nove pulseiras e ignorei a orientação médica, pedindo frango frito e refrigerante gelado.

Mateus veio até mim, tirou o frango e o refrigerante das minhas mãos e jogou-os no lixo, repreendendo-me:

— Seu estômago não está bom, o médico proibiu coisas geladas, por que você ainda está comendo isso?

Em seguida, ele tirou do bolso uma pulseira caríssima.

— Comprei especialmente para você, deu trabalho conseguir.

Lancei um olhar rápido.

Era realmente uma pulseira de jade imperial.

Avaliada em dezenas de milhões de reais.

Mateus não mentiu, esse tipo de peça realmente não é fácil de conseguir. Deve ter usado muitas conexões para isso.

Se tivesse ganho essa pulseira antes do casamento, teria ficado tão feliz que o beijaria ali mesmo. Mas agora, não senti nem um pouco de alegria, nem sequer vontade de experimentá-la.

Ao ver meu silêncio, Mateus se abaixou e olhou para mim:

— Está brava? É porque não fui com você ao cemitério ver sua mãe naquele dia? Quer que eu te leve agora?

Baixei o olhar e respondi calmamente:

— Não precisa, o aniversário da morte da minha mãe foi há três dias. Já passou.

Antes de casar, Mateus e eu fizemos um acordo.

Eu poderia abrir mão de qualquer data comemorativa, mas no aniversário da morte da minha mãe ele teria que me acompanhar ao cemitério.

Nos três primeiros anos, ele sempre arranjava tempo para ir comigo.

Mas naquele dia, liguei para ele depois do expediente e ele respondeu com voz suave dizendo que tinha viajado a trabalho para outra cidade de manhã, perguntando se era algo importante.

Fiz as contas: só restava o voo das dez da noite, não daria tempo de Mateus voltar.

No fim, fui sozinha ao cemitério.

Diante do túmulo da minha mãe, soube que a "viagem de trabalho" do Mateus era, na verdade, para acompanhar a garota em seu aniversário, oferecendo a ela uma casa de um milhão de reais como presente.

Naquele momento, fiquei tão furiosa que sofri um aborto espontâneo ali mesmo.

— Aquele dia era o aniversário da morte da sua mãe? Desculpa, amor, estava tão ocupado que esqueci.

Mateus me olhou surpreso, e o espanto em seus olhos parecia genuíno.

Sem graça, ajoelhou-se parcialmente diante de mim, segurou minha mão e tentou me consolar:

— Amor, posso compensar você comprando algo? Que tal uma Pulseira de Jade Imperial ainda mais bonita? Essa custou vinte milhões, posso comprar uma de trinta milhões para você.

Desde o primeiro dia do nosso namoro, toda vez que Mateus cometia um erro, ele sempre se desculpava primeiro.

Depois, me dava atenção emocional e comprava presentes.

Nestes seis anos de relacionamento, nunca o vi perder a paciência.

Para os outros, ele era o melhor marido do mundo.

Só eu sabia quão podre e deteriorado era o interior desse casamento aparentemente glamoroso e perfeito.

Quando estava prestes a pedir o divórcio, meu estômago roncou de repente.

Mateus acariciou minha cabeça com ternura, como se acalmasse uma criança, e disse:

— Vou preparar algo para você comer. Enquanto isso, pense se prefere uma pulseira ou uma casa.

Assim que Mateus entrou na cozinha, o celular que ele deixou na mesa de centro vibrou.

Peguei o celular.

Era uma mensagem da Natália.

[Mateus, obrigada pela big house, esses três dias foram incríveis~]

Meu coração tremeu levemente e entrei no Instagram da menina.

A foto de capa era ela com Mateus.

Os dois estavam no topo de uma montanha, o sol nascendo alto, ela sorrindo e fazendo sinal de paz para a câmera.

Mateus de costas para ela, deixando à mostra metade de seu perfil charmoso.

Com os dedos trêmulos, comecei a rolar o feed da Natália.

As postagens dos últimos três dias eram todas sobre viagens e Mateus.

[Com ele por perto, eu volto a não conseguir abrir as garrafas!]

[Aaaaah! Meu crush sorrindo é a coisa mais linda!]

[Olhem só, aqui está a estrela e seu namorado empresário!]

Mateus curtia praticamente todas as postagens.

Na mais recente, ela postou a pulseira de jade imperial que Mateus tinha me dado.

[Pulseira feia, mesmo de graça eu não quero.]

Só essa postagem não tinha curtida do Mateus.

O celular vibrou novamente.

[Mateus, desde que você foi embora, bebi demais... pode vir me fazer companhia hoje?]

Franzi as sobrancelhas. Da cozinha, ouvi a voz suave do Mateus:

— Amor, o jantar está quase pronto!

Imediatamente, enviei o software de escuta que já havia preparado para o celular do Mateus, instalei e ocultei, limpei todos os rastros e coloquei o celular de volta na mesa de centro.

Mateus veio até mim com um prato de mingau de camarão.

Pegou o celular, lançou um olhar rápido e um sorriso quase imperceptível surgiu em seus lábios.

No segundo seguinte, Mateus fez cara de quem estava em apuros e se levantou:

— Amor, surgiu um problema na empresa, preciso ir até lá.

Mexi o mingau de camarão com a colher, como se estivesse pensando:

— Se tiver muito trabalho, pode passar a noite na empresa.

— Está bem.

Mateus ficou satisfeito e, antes de sair, ainda deixou uma bacia com água quente para eu fazer escalda-pés.