Capítulo 2

Olívia riu.

O que ela queria nunca foi a posição de Sra. Mendes.

Será que Leonardo não sabia disso?

Não, com sua percepção aguçada, ele sabia.

Ele apenas desfrutava daquele relacionamento sancionado oficialmente, mas, devido à identidade de Eunice, não podia estar com ela abertamente, saboreando a excitação da traição.

Ele não a amava.

E ela estava cansada.

Olívia, como se quisesse que seu coração morresse de vez, perguntou:

— Leonardo, você me ama?

A resposta era óbvia.

Leonardo olhou para ela com seus olhos profundos, que finalmente mostraram uma ondulação de emoção.

— Olívia, no dia em que se casou comigo, você deveria saber que não haveria amor entre nós.

Olívia sorriu amargamente.

— Sim, é por isso que não quero mais. Ainda sou jovem, sou capaz. Depois do divórcio, muitos me quererão. Por que eu deveria me prender a você? Não acha?

Os olhos negros e profundos de Leonardo escureceram completamente.

Cada palavra de Olívia pisava com sucesso em seus pontos sensíveis.

Ignorando seus ferimentos, Leonardo estendeu o braço, puxou Olívia para perto, sua voz baixa e claramente irritada.

— Será que eu te mimei demais, a ponto de você esquecer os interesses que ligam nossas famílias?

Mimar?

Nos olhos de Leonardo, ela simplesmente não existia!

Olívia estava exausta.

Ela empurrou o peito do homem.

— Leonardo, estou cansada. Um casamento sem amor e sem sexo não é o que eu quero. Já que você também tem a pessoa que ama, por que não nos separamos amigavelmente?

O olhar de Leonardo esfriou, e ele respondeu com sarcasmo.

— Separar amigavelmente? Olívia, não se esqueça de como seu pai se ajoelhou diante do velho senhor, implorando para que ele a deixasse casar-se com um Mendes. A posição de Sra. Mendes não é algo que você pode pegar quando quer e jogar fora quando quer! A palavra "amigavelmente" não se aplica a nós.

O acordo de divórcio foi jogado na lata de lixo por Leonardo.

Olívia levantou-se, impassível.

— Espero que você pense bem sobre isso.

Dito isso, ela saiu do quarto do hospital sem olhar para trás.

Olívia foi ao banheiro.

Eunice estava em frente ao espelho, retocando a maquiagem.

Ao ver Olívia entrar, ela pareceu assustada por um instante, tentando esconder o batom.

Olívia olhou de relance e disse com indiferença:

— Se foi um presente do Sr. Leonardo, guarde-o bem.

Eunice sentiu um pânico momentâneo e explicou apressadamente.

— Não é isso, Sra. Olívia. Não me entenda mal. A minha relação com o Sr. Leonardo não é o que você está pensando.

Olívia voltou seu olhar para ela, ajeitou sua gola e sorriu levemente.

— Por que o pânico? Desejo a vocês toda a felicidade.

Eunice, uma universitária recém-formada, naturalmente nunca havia enfrentado uma cena como essa.

Ela apenas, por um momento, não resistiu à tentação e ultrapassou um pouco os limites.

— O dinheiro que o Sr. Leonardo me transferiu, eu não aceitei. Os presentes que ele me deu, eu também não recebi. Sra. Olívia, eu não tenho a intenção de destruir sua família.

Olívia mantinha um sorriso leve nos lábios, um sorriso que fez o coração de Eunice gelar.

— Eu sei. Você não aceitou o dinheiro, mas aceitou de bom grado o aumento de salário que Leonardo lhe deu, um valor muito além da sua capacidade. Você não aceitou presentes sem motivo, mas reivindicou o mérito de outros para que o presente parecesse justificado.

— Você tem seus pequenos truques, e isso é bom. Mas espero que no futuro você se concentre mais no trabalho. Caso contrário, se Leonardo descobrir que você não tem mais utilidade, por quanto tempo você acha que poderá ficar ao lado dele?

O rosto de Eunice ficou pálido.

Ela olhou, atônita, para Olívia saindo.

Os segredos de uma jovem foram expostos daquela forma.

Ela mordeu o lábio, o rosto corado de vergonha, e então discou o número de Leonardo.

Assim que a chamada foi atendida, a voz suave do homem soou.

— Onde você foi? Por que ainda não voltou?

A voz de Eunice estava um pouco embargada.

— Desculpe, Sr. Leonardo. Tive um imprevisto e precisei ir para casa.

Leonardo percebeu imediatamente que algo estava errado com o humor de Eunice, e sua voz ficou mais séria.

— O que ela te disse?

Eunice se apoiou na pia, tentando conter o choro.

— A Sra. Olívia não me disse nada. O problema sou eu. Eu não deveria ter aceitado ser sua assistente, e não deveria ter deixado você se ferir tão gravemente por minha causa. Descanse bem, eu já estou indo.

A voz ansiosa de Leonardo soou do outro lado.

— Não se mova. Espere aí, eu vou te encontrar.

...

Quando Olívia chegou em casa, já eram três da manhã.

Ela começou a fazer as malas.

Ao abrir o guarda-roupa, parou por um momento, percebendo que estava cheio de roupas e gravatas que comprara para Leonardo.

Em seis anos de casamento, ela nunca havia comprado uma peça de roupa para si mesma.

Algumas foram presentes de amigos, outras enviadas por marcas.

Nesse aspecto, Olívia era muito econômica.

Depois de arrumar por um bom tempo, descobriu que não havia muito que pudesse levar.

Finalmente, seu olhar pousou no anel de diamante em sua mão.

Sob a luz, o anel brilhava intensamente, a luz ferindo um pouco os olhos de Olívia.

Era a única coisa que Leonardo já lhe dera.

Olívia tirou o anel.

Ela se curvou, prestes a jogá-lo na lata de lixo, mas parou.

Ligou para o dono de um brechó de luxo.

— Sim, por favor, venda-o para mim e doe o dinheiro para quem precisa. Agradeço o trabalho.

O dono ficou chocado.

— Mas este é o anel "Coração do Oceano", vale milhões. Você tem certeza?

Olívia sorriu amargamente.

— Tenho.

Se a pessoa já não a queria, de que adiantava guardar essas coisas inúteis?

Depois de desligar, Olívia pegou sua mala e saiu.

Ela ficou no pátio, olhando para trás, para a casa onde viveu por seis anos, a casa onde Leonardo existia.

Seus olhos gradualmente se encheram de lágrimas.

Com o coração pesado, ela se virou para partir.

Pensou em ligar para sua irmã, Elisa Campos, mas desistiu.

Às quatro da manhã, Elisa não estaria acordada.

Olívia fez check-in em um hotel.

...

Leonardo teve alta no dia seguinte.

Seus ferimentos já estavam quase curados, não havia necessidade de continuar no hospital.

Pensando em como Olívia havia feito uma cena por causa de uma garotinha no dia anterior, ele também não se sentia tranquilo em deixar a empresa inteiramente em suas mãos.

Depois de tomar um banho em casa, Leonardo sentou-se no quarto, esperando que Olívia trouxesse suas coisas pós-banho.

Esperou dez minutos e ninguém apareceu.

A expressão habitualmente indiferente de Leonardo mostrou um traço de impaciência.

Parado na porta, ele viu a empregada Teresa passar.

— Onde está a senhora? — Perguntou ele.

Teresa hesitou por um momento.

— A senhora saiu com as malas ontem à noite. Ela não lhe disse?

O rosto sereno de Leonardo contraiu-se.

Olívia estava fazendo birra.

Ele lidaria com isso em alguns dias.

No momento, por causa de como ela ameaçou Eunice, ele não estava com humor para lidar com o assunto.

Deixá-la sozinha por alguns dias faria com que ela voltasse pedindo desculpas.

— Traga minhas coisas para mim.

Teresa ficou confusa.

Antes, era sempre a senhora que cuidava das coisas do senhor após o banho.

Ela não sabia a que se referia o senhor com algo tão pessoal.

— Senhor, a que coisas o senhor se refere?

A impaciência de Leonardo era visível.

— O aromatizador para dor de cabeça. Olívia não lhes disse?

Teresa finalmente entendeu.

A senhora havia mencionado uma vez, estava no closet.

Ela foi buscá-lo apressadamente, mas descobriu que havia acabado.

— Senhor, o aromatizador acabou...

Leonardo sempre tinha dores de cabeça após o banho.

O aromatizador que Olívia comprava era bastante eficaz e aliviava a dor facilmente.

Sua paciência agora estava no limite.

— Se acabou, vá comprar mais.

Teresa não ousou falar alto.

— Este é um aroma personalizado pela senhora, não está à venda...

O rosto de Leonardo escureceu completamente.

A dor de cabeça se intensificava.

Só então ele percebeu o quanto Olívia havia se infiltrado em sua vida, de várias maneiras.

Uma mulher muito astuta.