Capítulo 3

Após uma noite mal dormida, Leonardo foi para a empresa no dia seguinte com uma expressão terrivelmente sombria.

Seu assistente especial, Bruno, mostrou-lhe o progresso recente da Zênite Tecnologia no desenvolvimento de robôs inteligentes.

Leonardo franziu a testa.

— Desde quando isso está acontecendo?

— Foi a Sra. Olívia quem negociou o acordo. — Disse Bruno, cautelosamente.

Ao ouvir o nome de Olívia, uma onda de irritação surgiu em Leonardo.

— Chame a Olívia ao meu escritório.

Bruno hesitou, comprimindo os lábios.

Leonardo franziu o cenho.

— O que foi?

— Sr. Leonardo, a Sra. Olívia já apresentou sua demissão ontem. — Bruno falou lentamente. — E vendeu todas as suas ações.

Sua voz foi se tornando mais baixa, enquanto o rosto de Leonardo escurecia cada vez mais.

Depois de um tempo, ele soltou uma risada, mas o som continha um tom arrepiante.

— Olívia, muito bem.

Parece que os últimos seis anos de vida regrada foram um sacrifício para ela.

Só agora ela pensou em uma maneira tão drástica de se vingar.

Ou talvez, de chamar sua atenção.

Mas ele tinha que admitir, o golpe de Olívia foi bem-sucedido.

No escritório, Eunice bateu à porta e entrou com cuidado.

— Sr. Leonardo, por favor, aprove.

Um documento foi colocado sobre a mesa.

Leonardo olhou para ele.

— O que é isso?

Eunice mordeu o lábio.

— Uma carta de demissão.

Leonardo franziu a testa, estendeu a mão e puxou Eunice para seu colo.

Ele afastou uma mecha de cabelo de seu rosto, colocando-a atrás da orelha, e sua voz suavizou.

— Por que está se demitindo?

Os olhos de Eunice brilhavam com lágrimas.

— Ontem, eu vi a carta de demissão da Sra. Olívia. Desculpe, Sr. Leonardo, eu não imaginei que as coisas ficariam tão sérias. A Sra. Olívia é muito importante para a empresa, ela não pode sair por minha causa.

Leonardo enxugou suas lágrimas com ternura, sua expressão séria.

— Ela é importante para a empresa, mas você é mais importante para mim.

Ele a acalmou como se fosse uma criança, sua voz magnética e gentil.

— Entendeu?

Eunice ficou paralisada, assentindo como se entendesse, mas não completamente.

Leonardo rasgou a carta de demissão e a jogou no lixo.

Em seguida, pegou uma caixa preta de sua gaveta.

— Abra.

Eunice hesitou.

— O que é isso?

Leonardo sorriu.

— Você vai descobrir.

Eunice abriu a caixa.

Dentro, um colar de cristal cintilava, brilhando intensamente.

— Isso é muito valioso. Não posso aceitar.

Leonardo segurou a mão dela.

— É uma compensação por sua tristeza. Eu já o estava escolhendo há um mês. Gostou?

Eunice ficou um pouco tímida.

— Gostei.

— Que bom que gostou. — Disse Leonardo, pedindo que ela se levantasse. — Agora vá trabalhar. Não mencione mais a demissão.

...

Olívia desligou o alarme e ativou o modo silencioso.

Ela dormiu profundamente a noite toda.

Ainda assim, ela instintivamente pegou o celular para verificar as mensagens.

Não havia nenhuma mensagem de Leonardo.

Naquele momento, sentiu uma pontada de decepção.

Olívia deu um tapinha no rosto.

A essa altura do campeonato, ela ainda estava pensando nessas coisas.

Levantou-se, fez sua higiene e recebeu uma ligação de Elisa.

Sua voz estava baixa, como se estivesse tentando evitar ser ouvida.

— Irmã, você me ligou?

Olívia fez uma pausa.

Lembrou-se de que Elisa também estava em um casamento arranjado e decidiu não dizer nada.

Na época, ela e Elisa estavam escolhendo parceiros para casamentos de aliança.

Uma era a família Mendes, a elite da Capital; a outra era a família Cruz, uma renomada linhagem de médicos tradicionais.

Olívia tinha seu coração entregue e casou-se com Leonardo.

Elisa casou-se com Felipe Cruz.

Nascidas em tal família, nenhuma das irmãs tinha o direito de escolher.

Olívia ainda não havia contado a Elisa sobre o divórcio.

Ela sabia que a vida de Elisa na família Cruz também não era fácil.

— Não foi nada, só senti sua falta.

Elisa hesitou por alguns segundos, depois sua voz ficou mais alta.

— O Felipe está em viagem de negócios. Vamos nos encontrar esta noite.

Olívia concordou.

De qualquer forma, ela estava livre.

À noite, ela foi ao local que Elisa enviou.

Era um bar.

As irmãs não se viam há algum tempo.

Depois de colocarem o papo em dia, Olívia percebeu que a vida de Elisa parecia ainda pior do que ela imaginava.

Mas Elisa estava furiosa por Olívia.

— Ouvi dizer que o Leonardo levou a amante para a empresa, para protegê-la de perto. Ele é louco? Você ainda nem divorciou e ele já ousa levar a amante para casa!

Olívia sorriu com indiferença.

Aquilo já não a importava mais.

Elisa, um pouco bêbada, começou a desabafar sobre Felipe.

Disse que, mesmo depois de casado, ele continuava saindo e se divertindo, sem lhe dar o menor respeito como esposa, chegando a levar outras mulheres para casa.

Elisa chorou no colo de Olívia.

— Irmã, eu não vou mais gostar dele.

A garganta de Olívia se apertou, seu coração doeu.

— Certo, nenhuma de nós vai mais gostar deles. A irmã vai te levar para casa.

Ela a amparou para irem embora, mas esbarrou em alguém atrás delas.

Olívia se virou.

O homem à sua frente parecia familiar.

Quando ela estava prestes a olhar mais de perto, o rosto bonito de Leonardo apareceu diante dela.

Ela devia estar bêbada.

Leonardo deveria estar com Eunice agora, consolando-a.

Ele não estaria aqui.

No entanto, no segundo seguinte, quando ela tentou sair, seu corpo foi erguido nos ombros de alguém.

— Ei!

A visão de Olívia girou.

Logo em seguida, ouviu Elisa gritar atrás dela.

— Felipe, vá embora!

Olívia foi carregada por Leonardo para fora do bar e colocada no carro.

Ela também havia bebido, sua consciência estava um pouco turva, mas mesmo assim, ela reconheceu o rosto de Leonardo claramente.

Olívia franziu a testa, instintivamente mantendo distância dele, não querendo ser magoada novamente.

Ela estendeu a mão para abrir a porta do carro.

— Deixe-me sair.

No segundo seguinte, seus braços foram imobilizados por uma única mão de Leonardo, presos atrás das costas.

Antes que Olívia pudesse reagir, o homem se inclinou sobre ela, sua voz carregada de raiva contida ecoando pelo carro.

— Olívia, você é inacreditável. Usando o título de Sra. Mendes para festejar por aí. Se alguém tirasse uma foto, você tem ideia do impacto que isso causaria?

Olívia se debateu, a raiva subindo à sua cabeça.

— Leonardo, me solte! Nós já vamos nos divorciar. Mesmo que tirem uma foto, não terá nada a ver com você ou com a família Mendes!

O rosto de Leonardo estava sombrio.

Nos seis anos de casamento, Olívia sempre foi obediente e sensata.

Recentemente, no entanto, ela vinha testando seus limites constantemente.

Talvez ele a tivesse deixado muito à vontade.

Ele afrouxou a gravata, reclinou o assento dela e tirou o paletó.

— Olívia, você deveria entender que somos uma unidade de interesses. Não podemos nos divorciar. E não use mais esse tipo de coisa para me ameaçar. Uma garotinha te fez perder a compostura, manchando sua honra como Sra. Mendes. Se é assim, vamos ter um filho. Assim você não terá tempo para pensar em bobagens.

Com essas palavras, os beijos de Leonardo a cobriram como uma tempestade.