Capítulo 4

Nos seis anos de casamento, eles nunca tiveram um momento tão íntimo.

Por um instante, Olívia não soube como reagir.

O cheiro de Leonardo invadiu sua respiração, sua cabeça ficou tonta.

Foi só quando a mão do homem deslizou por baixo de sua roupa, o toque frio arrepiando sua pele, que seus sentidos despertaram.

Nesse momento, ela ouviu a risada baixa e divertida do homem em seu ouvido.

— Quer o divórcio? Olívia, olhe para você agora. Você acredita no que está dizendo?

Leonardo se levantou e ligou a câmera do celular, apontando-a para Olívia.

Na tela, o rosto da mulher estava corado, seus olhos tingidos de desejo.

Embora seus gestos fossem de resistência, sua aparência não conseguia esconder o que seu coração realmente sentia.

O coração de Olívia pareceu esvaziar, sendo rapidamente preenchido pela humilhação.

Ela mordeu o lábio com força, sentou-se e lançou um olhar furioso.

Ela ergueu a mão e deu um tapa no rosto de Leonardo.

O som nítido ecoou no espaço apertado.

Leonardo virou o rosto.

Ambos ficaram atônitos por um momento.

Olívia também não esperava que Leonardo a deixasse bater nele.

Ela se recostou no assento, atordoada.

O rosto de Leonardo estava gelado, sua bela face marcada pela fúria.

Ele segurou a mão de Olívia, sua voz fria e pesada ressoando no carro.

Eles se encararam por um longo tempo.

Finalmente, Leonardo se levantou e ajeitou suas roupas.

Seus dedos longos e elegantes abotoavam a camisa.

Não importava a situação, mesmo naquele momento, ele sempre colocaria a etiqueta em primeiro lugar.

Em público, ele nunca poderia perder a compostura de um chefe da família Mendes.

Ele se recostou no assento, o olhar frio.

— Olívia, faça sua cena, mas não se esqueça que dia é amanhã.

Olívia também se acalmou.

Ela ajeitou suas roupas, sentou-se e abaixou um pouco a janela do carro.

O vento entrou, agitando levemente os fios de cabelo em sua testa, dando-lhe um ar de beleza frágil.

Amanhã era o dia de voltar à antiga residência para a encenação mensal.

Leonardo não a amava, mas todo mês eles precisavam voltar e fingir ser um casal apaixonado para tranquilizar a avó.

Embora o resto da família Mendes não gostasse dela, Dona Mendes gostava muito de Olívia.

Enganá-la repetidamente era algo que Olívia não suportava mais.

Ela estava cansada.

— Não vou. Sei que você também não quer ir. Você pode dizer à vovó que estou em viagem de negócios. Depois que assinarmos o divórcio, você poderá levar Eunice para visitá-la.

O olhar de Leonardo foi esfriando gradualmente.

— Olívia, não tenho tempo para suas birras. Como nora da família Mendes, seu tempo não deveria ser desperdiçado com trivialidades. Isso depõe contra sua posição como Sra. Mendes.

Essas palavras foram como uma faca, cravando-se violentamente no coração de Olívia.

Seu peito se apertou de repente.

Era essa a importância que ela tinha para ele, ser tratada com tamanha indiferença.

— Estou falando sério, Leonardo. Pense bem sobre o divórcio.

Olívia não esperou que Leonardo dissesse mais nada, abriu a porta e desceu do carro.

Mal havia dado alguns passos quando viu pelo retrovisor que Leonardo parecia querer sair.

Mas, assim que ele colocou a perna para fora, seu telefone tocou.

Sua voz era terna e ansiosa.

— Não tenha medo. Espere aí por mim, estou indo agora mesmo.

Olívia não estava longe.

O carro de Leonardo partiu, roçando a barra de seu vestido.

Olívia ficou parada ao vento da noite, a embriaguez se dissipando.

Ela ajeitou os cabelos, sem saber quanto tempo ficou ali.

Só quando não conseguiu mais ver a fumaça do escapamento, percebeu que sua visão estava turva.

Olívia ergueu o rosto, engolindo as lágrimas.

Ela não derramaria mais nenhuma lágrima por alguém que não valia a pena.

Ela parou um táxi na rua e foi para casa.

Não para a casa que dividia com Leonardo, mas para seu pequeno apartamento de solteira.

Jogou os sapatos de qualquer jeito na entrada, a bolsa no sofá.

Olívia tomou um banho quente.

Deitada na banheira, o calor relaxou seu corpo.

Leonardo havia partido com tanta pressa.

Devia ter ido encontrar Eunice.

Ela nunca tinha visto tamanha urgência em seu rosto.

Um gosto amargo subiu à garganta de Olívia.

Ela sorriu, fechou os olhos.

A luz fez seus olhos parecerem um pouco vermelhos.

Depois do banho, Olívia redigiu um novo acordo de divórcio e o enviou para o e-mail de Leonardo.

No dia seguinte, Olívia não foi trabalhar.

Pela primeira vez em muito tempo, teve uma boa noite de sono.

Quando acordou, já eram nove da manhã.

Ela se espreguiçou e atendeu o telefone.

Era Dona Mendes.

Olívia sentiu-se desconfortável, querendo deixar a chamada cair, mas acidentalmente atendeu.

A voz gentil da senhora soou do outro lado.

— Olívia, você já voltou?

Olívia comprimiu os lábios.

Antes que pudesse falar, a voz da senhora soou novamente.

— Da última vez, você disse que ia preparar um aroma para a vovó. Não se esqueça de trazer. Tenho tido problemas para dormir ultimamente.

A menção disso fez Olívia se lembrar.

Ela havia prometido isso à avó, então teria que ir.

— Certo, vovó, eu sei. Vou me arrumar.

— Você e o Leonardo virão juntos?

Olívia hesitou.

Ela não pretendia entrar em contato com Leonardo, e de qualquer forma, ele provavelmente não teria tempo para atender suas ligações.

Se já haviam decidido seguir caminhos separados, não havia necessidade de notificá-lo sobre isso, nem de irem juntos.

— Ele está ocupado. Provavelmente virá mais tarde.

A voz de Dona Mendes ficou ainda mais animada.

— Vocês dois são tão ocupados. Só conseguem me visitar uma vez por mês. A vovó fica tão sozinha.

Olívia sentiu uma pontada de culpa.

— Certo.

Olívia arrumou-se rapidamente.

Como não precisava trabalhar por enquanto, ela foi direto para lá.

Quando chegou à antiga residência, Dona Mendes já a esperava na porta.

Ao ver Olívia, seu sorriso se alargou.

Ela rapidamente pegou sua mão.

— Olívia, venha com a vovó.

Ela a puxou para dentro.

Olívia ficou surpresa.

Leonardo já estava lá.

Ele não deveria estar ocupado?

Por que voltou tão cedo?

Mas Olívia já não se importava.

Ela nunca soube de sua agenda, e agora não queria mais saber.

Dona Mendes olhou para Leonardo com uma leve reprovação.

— E você, por que não foi buscar a Olívia?

Leonardo sorriu.

— Entendido.

O olhar que ele lhe lançou tinha um toque de diversão, como se dissesse que já sabia que Olívia voltaria.

Por isso, ele se sentou no sofá, calmo e tranquilo.

Parecia que, ao lidar com Olívia, ele era sempre assim, calmo e controlado, exalando uma frieza inata.

Olívia não olhou para ele.

Não precisava olhar para saber qual seria a expressão de Leonardo.

Ele provavelmente estava pensando que Olívia havia cedido novamente.

Dona Mendes empurrou Olívia para o lado de Leonardo.

O perfume do homem invadiu suas narinas.

A nota de topo era frutada, a de base era de rosas.

Era o cheiro que ela sentira em Eunice.

Seu coração pesou.

O cheiro era nauseante.

Discretamente, ela se afastou um pouco, mantendo distância de Leonardo.

Ela não demonstrou nenhuma emoção.

Leonardo já não conseguia mais mexer com seus sentimentos como antes.

Se já havia decidido seguir em frente, não desperdiçaria mais emoções com ele.

Durante o jantar, Olívia sentou-se ao lado da avó, mantendo distância de Leonardo.

— Vovó, eu fico com você.