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Capítulo 4

Autor: Beatriz Falcão
Na vida passada, chegou o momento crucial do teste de admissão para a faculdade de arte. Durante a prova, a visão de Gabriela piorou, e ela não conseguiu terminar o teste, então, na hora de entregar a folha, trocou os nomes em nossos trabalhos.

Quando o resultado saiu, eu reconheci de imediato que o trabalho excelente com o nome de Gabriela era, na verdade, o meu. Eu implorei para que meus pais fizessem justiça, mas eles apenas abraçaram a Gabriela, que chorava copiosamente, e me aconselharam a ser mais compreensiva.

— Letícia, você pode simplesmente tentar de novo no próximo ano, mas Gabriela não tem muito tempo. Você sabe que ela pode ficar cega a qualquer momento!

— Gabriela sempre foi tão infeliz. Por favor, ceda um pouco! Temos certeza que você passará no próximo ano!

Eles falavam como se fosse fácil, mas não sabiam quantas horas eu passava praticando em segredo, pintando no escuro todas as noites, quase arruinando meus próprios olhos.

Eu gritei, desesperada:

— Roubar meus pais não foi suficiente? Ela também quer roubar minha vida? Devolva o meu lugar, ou eu vou embora para sempre!

Minha rebeldia não causou arrependimento nos meus pais, mas sim um tapa no rosto de um pai furioso.

— Se os olhos de Gabriela não estivessem doentes, você acha que conseguiria superá-la? Você não tem talento para pintura. Mesmo que entrasse na faculdade de arte, seria a pior da turma!

Eu toquei o rosto ardente, sem acreditar que aquelas palavras tinham saído da boca do meu próprio pai.

No final, Gabriela pegou meu lugar na faculdade de arte. E eu me tornei o alvo de chacota de todos no círculo de arte, por ter perdido para uma filha adotiva com problemas de visão. Meu sonho de ser artista foi destruído, e minha vida seguiu sem rumo.

Nesta nova vida, perdi a paixão pela pintura. Então, na frente dos meus pais, joguei todo o material de pintura no lixo. O rosto do meu pai escureceu, mas sabendo que estavam errados, eles saíram com Gabriela, irritados.

Com a chegada das férias de verão, meu irmão, Cláudio Lima, que estudava no exterior, também voltou para se juntar à família, principalmente para conhecer a lendária nova irmãzinha, Gabriela.

Assim como na vida passada, Cláudio se apaixonou por ela assim que a viu. Gabriela estava com os olhos vendados, tateando o caminho pela sala de estar como uma pessoa cega, e “acidentalmente” caiu nos braços de Cláudio.

Gabriela, com o rosto corado de vergonha, disse com a voz meiga:

— Como eu não sei quando ficarei cega, quero aprender a viver no escuro para não dar trabalho aos meus pais e ao meu irmão no futuro.

Gabriela sabia bem o que dizer, me excluindo da conversa e insinuando para Cláudio que a minha relação com ela não era boa.

O jovem e impetuoso Cláudio ficou chocado a ponto de não conseguir falar. A garota à sua frente era tão adorável, como a protagonista de um drama. Imediatamente, ele jurou no fundo do coração que cuidaria de Gabriela pelo resto da vida.

Meus pais sugeriram que saíssemos para passear para comemorar o retorno de Cláudio. Eu não queria ir. Eles pareciam uma família unida de quatro pessoas, e eu, a filha má, invejosa, e sem carinho de ninguém, não tinha nada a ver com isso.

Mas Gabriela tinha que me provocar, se escondendo em um canto e derramando pequenas lágrimas de tristeza.

— Papai, mamãe, vocês deviam ir só com o Cláudio e a Letícia. Eu estaria apenas estragando o reencontro da família.

Cláudio ficou aflito e enxugou as lágrimas de Gabriela, gentilmente.
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