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Capítulo 2

Author: Batata-Doce
Quando a polícia chegou e conteve o agressor, encontrou-me desmaiada na porta do consultório, coberta de sangue.

— Cadê os médicos? — O policial gritou. — Tem uma gestante ferida aqui!

Eu já estava gelada, beirando a morte.

Ao ouvir a voz, Ricardo saiu do consultório e, falou com firmeza:

— Não precisa cuidar dela, senhor. Ela só está fazendo cena pra chamar atenção. Se não, por que ela só desmaiou na minha frente?

O policial arregalou os olhos, como se encarasse um idiota:

— Sou investigador da polícia civil, acha que não sei diferenciar sangue de mentira?

A voz dele ecoou pelo corredor e mais gente se juntou para ver.

Ricardo detestava ser observado como um macaquinho.

Deu um chute no meu ventre, já dormente antes de falar:

— Inês, até a polícia já está aqui. Não tem vergonha? Vai continuar com o show até quando?

Mesmo sem forças por causa da hemorragia, eu protegia o meu ventre por reflexo.Na confusão da consciência, eu mal lembrava que havia levado a facada no lugar da Camila. Tinha certeza que o bebê já estava morto na minha barriga.

Meu corpo tombou para o lado, batendo no chão.

Alguém me ergueu, em choque:

— Meu Deus! É a Dra. Inês? Salvem ela! O Dr. Ricardo, ela é sua esposa!

Ele nem se mexeu, mas deu uma risada curta:

— Chamou tantos figurantes, Inês? O dinheiro da minha família é pra você torrar assim?

Encostei na parede fria e fechei os olhos, sem esperança.

Ricardo, você sabe que o nosso filho se foi?

Se eu sobreviver a isso, nunca mais vou querer te ver na minha vida.

A polícia insistiu para que ele autorizasse meu atendimento, mas ele se negou, chegou a insinuar que o policial era meu comparsa.

Indignado, o policial pegou o celular para acionar a ambulância de outro hospital.

Nesse momento, Camila saiu:

— Dra. Inês, você está desperdiçando leitos e força policial. Não sente vergonha? Levanta. Não vou responsabilizar você pelo o que aconteceu comigo.

Ricardo a olhou, cheio de ternura:

— Camila, você é boa demais. Não precisa perder tempo com ela. — E ordenou, ríspido: — Segurança, arrastem essa mulher pro depósito. Ninguém abre a porta sem a minha autorização!

— Isso é cárcere privado! — Protestou o policial.

— Ela é minha esposa. Não é cárcere, é disciplina. Ela passou dos limites, hoje vai aprender.

Dois seguranças me pegaram com brutalidade.

A dor lancinante no ferimento me fez gritar de novo. Nessa hora, minha amiga Dra. Letícia Tavares chegou às pressas, avisada pela polícia.

Ao ver a faca de cozinha cravada no meu ventre, as lágrimas despencaram dos olhos dela:

— Ricardo, você enlouqueceu? Vai deixar ela morrer?

Letícia também era médica, mas de outro hospital.

Ela me avaliou num piscar de olhos e mandou que me colocassem numa maca de emergência.

Quando o ar voltou ao peito, Ricardo bloqueou a passagem:

— Ninguém leva ela. Primeiro ela pede desculpas à Camila!

Letícia lançou um olhar para Camila, corada e intacta, fervendo de raiva.

Os dois começaram a discutir ferozmente.

Estendida na maca, eu já não sentia nada além de vazio.

Foram sete anos de casamento com Ricardo. Não podia terminar sem tanta crueldade?

Precisava tirar o nosso filho… e a minha vida?

De súbito, uma sombra caiu sobre mim.

Ricardo avançou:

— Beleza. Já que não acreditam, vou mostrar se essa faca está na barriga ou num saco de sangue! — Ele sorriu, cruel: — Inês, te dei muitas chances. Você que quis terminar assim.

E fechou a mão no cabo da faca para arrancá-la.
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