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Quem Sorriu No Fim Foi Quem Você Feriu

Quem Sorriu No Fim Foi Quem Você Feriu

By:  AnônimoCompleted
Language: Portuguese
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A viúva do melhor amigo do meu marido postou nas redes sociais uma foto do ultrassom da gravidez. [Obrigada pelo seu esperma que me permitiu ter meu próprio bebê.] Quando vi o nome do meu marido, Gustavo, preenchendo o campo "pai" no exame, comentei apenas com um ponto de interrogação. Gustavo me ligou na mesma hora, gritando furioso comigo: — Ela é uma viúva que vive sozinha e só quer ter uma criança para fazer companhia, você não tem nem um pingo de compaixão? Além disso, Valentino era meu amigo, e agora que morreu tenho a obrigação de cuidar da mulher dele. Isso se chama lealdade, entende? Semanas depois, a viúva do amigo dele exibiu fotos de um apartamento luxuoso em Leblon. [Ainda bem que você está comigo, me fazendo sentir de novo o verdadeiro aconchego de um lar.] Na foto, Gustavo aparecia ocupado na cozinha, e naquele momento soube que aquele casamento precisava chegar ao fim.

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Chapter 1

Capítulo 1

Gustavo chegou em casa justamente quando eu havia acabado de agendar minha cirurgia de aborto para o dia seguinte.

Casados há cinco anos, nunca conseguimos engravidar, até que há poucos dias descobri estar grávida de dois meses. Minha intenção original era guardar a notícia como surpresa para nosso aniversário de casamento, mas agora percebia que ele já não precisava mais daquela alegria.

Gustavo depositou uma sacola sobre a mesa enquanto se aproximava para me abraçar.

— Amor, trouxe canja de galinha especial para você, vem logo experimentar. — Disse ele, estendendo os braços na minha direção.

Observei o conteúdo da sacola, onde flutuavam poucos grãos de arroz em um caldo ralo, com pedaços quase imperceptíveis de frango, e não consegui conter uma risada amarga. Provavelmente eram sobras de alguém.

Desviei do seu toque enquanto empurrava a sacola para longe.

— Não tenho fome.

Gustavo interpretou minha recusa como uma simples birra, serviu a canja numa tigela e trouxe até minha boca.

— Para com isso, amor. Você sempre adorou canja. — Insistiu ele, forçando a colher na minha direção.

O cheiro azedo da canja fria invadiu minhas narinas, provocando uma onda de náusea que me fez correr desesperada para o banheiro.

Gustavo me seguiu, tentando passar a mão nas minhas costas, mas afastei seu braço com um tapa seco, encarando-o com os olhos vermelhos de lágrimas contidas.

— Não me toque!

Minha rejeição constante finalmente o irritou, fazendo-o erguer a voz em tom de descontentamento crescente.

— O que diabos você quer afinal? Já estou me rebaixando para te agradar e ainda não basta! Nem reclamei dos seus comentários venenosos, e agora você que vem me provocar! — Ele falava com tamanha convicção que parecia ser eu a culpada de tudo.

Encarei-o com descrença, sentindo minha voz tremer de indignação contida.

— Você realmente espera que eu seja compreensiva e abençoe outra mulher por carregar no ventre o filho do meu próprio marido?

Gustavo puxou a gravata com impaciência, demonstrando seu nervosismo crescente.

— Depois que Valentino morreu, Isadora querer ter um filho para não se sentir tão sozinha é crime? Sendo eu o melhor amigo do Valentino, naturalmente tenho a responsabilidade de cuidar da mulher dele e realizar seus desejos. Além disso, eu e Isadora nem transamos de verdade, apenas doei esperma para ela, precisa fazer tanto escândalo assim? Você está agindo como uma esposa ciumenta e histérica!

Esposa ciumenta e histérica?

Quando Valentino faleceu, eu também sentia pena da Isadora por ter enviuvado tão jovem, por isso a tratava com carinho especial, frequentemente a convidava para jantar conosco em casa. Sempre que alguma lâmpada queimava ou um eletrodoméstico quebrava na casa dela, eu e Gustavo íamos juntos resolver o problema.

Isadora costumava dizer com os olhos marejados que se Valentino ainda estivesse vivo seria diferente, não precisaria nos incomodar tanto.

Eu sempre respondia sorrindo que não era incômodo algum, que eram apenas pequenos favores entre amigos. Gustavo também concordava, assegurando que sempre que ela precisasse era só ligar, que jamais se recusaria a ajudar.

Naquela época eu acreditava que fosse lealdade entre amigos aquele compromisso que Gustavo sentia de cuidar da viúva do melhor amigo após a morte de Valentino.

Porém, com o tempo, a situação começou a tomar outros rumos.

Sem meu conhecimento, Gustavo passou a ir sozinho ao supermercado, carregar as compras dela, instalava móveis na casa dela. Quando ela se machucava, ele comprava remédios e levava pessoalmente. Todas aquelas gentilezas que jamais fazia comigo em casa, mesmo quando eu precisava.

Um desconforto começou a crescer no meu peito, mas quando Gustavo explicava que estava apenas cumprindo seu dever de cuidar da viúva do amigo, eu não encontrava argumentos para rebater.

Jamais imaginei que até mesmo engravidar outra mulher ele considerasse parte daquela "ajuda".

Será que ele parou para pensar que depois do nascimento a criança iria chamá-lo de papai, chamar Isadora de mamãe, enquanto eu, a esposa legítima, ficaria em que posição? E nossos futuros filhos, como se sentiriam com aquela situação?

Eu queria ter uma conversa séria com Gustavo sobre tudo isso, mas depois de ouvir suas acusações no telefone, toda vontade de diálogo simplesmente evaporou.

Agora, vendo-o ali parado sem demonstrar qualquer arrependimento, compreendi que qualquer tentativa seria inútil.

Gustavo descarregou toda sua frustração acumulada numa única explosão, rematando com um ultimato.

— Pense bem no que está fazendo e pare de ser tão mesquinha! — Gritou ele, batendo a porta com violência antes de sair.

Considerando o horário avançado, não era difícil imaginar seu destino.

Como eu esperava, pouco tempo depois Isadora atualizou suas redes sociais novamente.

A foto mostrava a mão de Gustavo pousada carinhosamente sobre a barriga dela.

A legenda dizia: [O papai do bebê veio passar a noite conosco, ele disse que aqui sente o verdadeiro calor de um lar.]

Vendo aquela imagem, não consegui conter uma risada amarga da minha própria ingenuidade, da cegueira que me impediu de enxergar a podridão daquele casamento há tanto tempo.

Sendo assim, era hora de cortar o prejuízo enquanto ainda havia tempo.
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