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Capítulo 2

Penulis: Carlos L.M
De madrugada, Benício finalmente voltou para casa.

Eu não acendi as luzes e fiquei sentada no sofá, encarando-o fixamente.

Ele acendeu a luz, surpreendendo-se ao me ver ali esperando, depois caminhou lentamente até mim.

— Você já sabe. — Engoliu em seco, um pouco nervoso.

Assenti com a cabeça.

Após cinco anos vivendo juntos, conhecíamos um ao outro demais.

A súbita promessa, a roupa desleixada, tudo indicava que ele estava nervoso e com a consciência pesada.

E, aos olhos de Benício, eu sempre fora despreocupada. Sentada ali, em silêncio, na escuridão da noite, definitivamente não era meu estilo.

Ambos sabíamos que aquilo era estranho.

Ele sentou-se ao meu lado, tirou um tubo de ensaio com um líquido e colocou diante de mim.

— Ela está muito sofrida. Vi ela deitada na cama do hospital, cheia de tubos. — Benício falou de modo direto: — Prometi ao pai dela que cuidaria dela.

Senti meu coração mergulhar em gelo, mãos e pés entorpecidos:

— Então, você vai passar o último mês da vida dela ao lado dela?

— Sim.

Seguiu-se um silêncio mortal.

Após um tempo, Benício estendeu a mão hesitante, tocando o frasco à sua frente.

— O que é isso? — Encarei-o, voz trêmula.

Ele desviou dos meus olhos, falou suavemente:

— Tânia, nesse mês, Nádia precisa de toda minha companhia, mas sei que você não permitiria.

— Quero que, depois de acompanhar Nádia, você ainda seja minha noiva. Por isso, só precisa me esquecer por enquanto. Quando eu voltar, realizaremos o casamento como planejado.

Entendi então: era o soro de esquecimento recém-desenvolvido por Benício.

— Você quer que eu te esqueça. — Fiquei atônita. Meu amado queria que eu o esquecesse, para que pudesse acompanhar outra mulher.

— Não! Tânia, não quero que me esqueça para sempre, só por um mês.

A voz de Benício continuava suave, mas suas palavras eram absurdas:

— Daqui a um mês, voltarei para você.

Fiquei sentada, imóvel, sentindo a amargura nos olhos.

Cinco anos...

Sorri ironicamente:

— Esse remédio é novo, nem passou por testes clínicos. E se der errado? Se eu esquecer você por mais de um mês? E se afetar minha saúde?

Benício hesitou ao abrir o frasco, mas só por um instante. Em seguida, continuou resoluto, destampando o tubo.

— Meu soro não tem problema, sou o melhor neurocientista do país. — Colocou o frasco junto à minha boca: — Daqui a um mês, voltarei, casaremos e seremos muito felizes.

Virei o rosto:

— Por quê? Minha casa não é depósito de lixo.

— Isso é traição explícita! Vá e não volte mais!

— Não traí! — Benício se exaltou de repente: — Ela está tão sofrida, por que dizer isso dela?

O homem que amei dia e noite, agora ultrapassava todos os limites para defender outra mulher.

Benício respirou fundo, ergueu o tubo:

— Tânia, daqui a um mês, tudo ficará bem.

Levantou-se de repente, prendeu-me no sofá.

Segurou meu queixo à força, dedos apertando minhas bochechas até pressionarem meus dentes.

O tubo frio de vidro foi empurrado à força na minha boca, o líquido amargo escorrendo pela garganta.

Na confusão, parte do líquido entrou na traqueia e comecei a tossir violentamente.

Mas Benício não parou, pelo contrário, me segurou ainda mais forte.

Lutei com todas as forças, chutei com violência seu abdômen.

Benício gemeu de dor, relaxando a mão por um instante. Aproveitei para tentar virar o rosto e cuspir o líquido, mas ele agarrou meu cabelo, puxou-me de volta e despejou ainda mais o soro em minha boca. O tubo cortou minha língua, e o gosto amargo rapidamente se misturou ao sabor metálico do sangue, doeu muito.

As lágrimas brotaram sem controle, e através delas não pude ver o rosto de Benício claramente.

Quando o frasco esvaziou, Benício me soltou. Imediatamente, enfiei os dedos na garganta, tentando vomitar. O ácido do estômago subiu, mas não consegui botar nada para fora, sentindo-me sufocada.

Agarrei a cabeça, tremendo, enquanto uma dor lancinante explodia repetidamente no cérebro, como se algo fosse jorrar das têmporas.

Aos poucos, perdi a consciência na dor, os membros moles, tombando no chão, tudo embaçado. Só podia ouvir vagamente a voz suave de Benício.

— Tânia, eu realmente te amo. Mas Nádia está morrendo. De qualquer modo, preciso acompanhá-la até o fim. Esqueça-me.

— Esqueça... Benício Faro.

A voz dele ficou cada vez mais distante, cada vez mais longe. Desabei no sofá, e o último nome que girava em minha mente era Benício Faro.

Quem é Benício Faro?
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